PE: Polícia Civil pede por aumento salarial e ameaça parar

Salários baixos, efetivo insuficiente e disparidade salarial entre policiais de base e delegados são três das principais reinvindicações levantadas

por Vitória Silva qui, 19/08/2021 - 20:27
Vitória Silva/LeiaJá Policiais civis protestam em frente ao Palácio do Campo das Princesas Vitória Silva/LeiaJá

Na noite desta quinta-feira (19), por volta das 18h30, policiais civis, representados pelo Sindicato de Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE), realizaram protesto no Centro do Recife, saindo do bairro de Santo Amaro. Em pauta, os agentes manifestaram como maior incômodo o atraso salarial, além de remunerações baixas e disparidade entre o que ganham policiais de base e delegados. Em apelo ao Governo de Pernambuco, os policiais civis pedem reconhecimento e afirmam que o mérito dos números da segurança pública no estado, ostentados pela gestão, é todo da categoria.

A caminhada seguiu pacífica, acompanhada pela Polícia Militar e teve como parada final o Palácio do Campo das Princesas. Cerca de 2.000 pessoas participaram do ato, todas utilizando máscaras de proteção, como recomendado pela organização. O objetivo dos agentes era o diálogo com o governador Paulo Câmara (PSB) e a Secretaria de Defesa Social. Caso a pauta não seja ouvida ou atendida em assembleia, os policiais civis podem aderir à paralisação.

“A pauta de hoje é salarial e funcional, queremos legalizar as nossas funções. Trabalhamos na clandestinidade funcional, a gente está praticamente trabalhando sem receber. Não adianta essas atribuições ficarem com os delegados se eles não podem exercer. Enquanto isso a população é penalizada, porque não consegue ser atendida na velocidade que merece e precisa. Nesse mesmo raciocínio, já que realizamos esse trabalho, não se justifica a diferença que existe entre nós e nossos chefes. Um policial que vem de base leva cerca de 30 anos para chegar no salário de R$ 9 mil. Os delegados, com três anos, ganham R$ 20 mil. O governo precisa nos escutar e resolver essas questões”, apontou Rafael Cavalcanti, presidente do Sinpol-PE, ao LeiaJá.

O Sinpol também fez parte do pedido de adiantamento da vacinação da categoria policial. Cavalcanti afirma que a reinvindicação foi atendida e que a vacinação está quase completa, inclusive com a segunda dose, mas que foi preciso muito conflito e uma outra paralisação. Em relação às condições de trabalho, voltou a criticar o baixo efetivo e a atuação durante a pandemia.

“A questão de estrutura é péssima; o trabalho não se sustenta. Antes da pandemia era péssimo, depois da pandemia piorou. Não houve adaptação. No primeiro momento, foi o sindicato (Sinpol) quem doou máscaras e álcool em gel. Temos uma estrutura de Polícia Civil vergonhosa, um efetivo baixíssimo, e ainda assim, é a Polícia Civil que mais produz no Brasil. O mérito não é dos chefes que estão no gabinete, não, é dos policiais de base, os agentes, comissários e escrivães. Nosso principal objetivo, hoje, é diminuir o fosso que existe entre nós e os delegados e legalizar as nossas atribuições. Final de carreira nosso tem que ser, no mínimo, o segundo nível oferecido aos delegados”, concluiu.

COMENTÁRIOS dos leitores