Coveiro faz sucesso com rotina no cemitério nas redes

Com mais de 20 mil seguidores no TikTok, o coveiro Gleison Santos publica o dia a dia do trabalho no cemitério nas redes sociais

sab, 26/03/2022 - 16:29
Reprodução/YouTube Gleibson Santos fez um vídeo da exumação do seu pai Reprodução/YouTube

O coveiro Gleibson Santos, de 36 anos, fez do cemitério o seu lar. Há quase 10 anos na profissão, Gleibson produz conteúdos no cemitério e publica no TikTok, Kwai e Youtube. 

Nas redes sociais, ele mostra a sua rotina e curiosidades sobre o cemitério, e chegou a publicar o vídeo da exumação do próprio pai, que tem mais de 93 mil visualizações no YouTube. Ao O Povo, ele contou que também fez o sepultamento do pai há cinco anos, e que a retirada dos restos mortais do túmulo foi uma decisão da família. 

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No vídeo, ele explica sobre a exumação e mostra os ossos do pai falecido. Em entrevista, ele confessou não ter sido um procedimento fácil, principalmente por se tratar do próprio pai. “A gente tenta ser forte, mas nós temos um sentimento para cada pessoa. Com o tempo, vai se tornando um sentimento passageiro, mas quando se fala do nosso pai, é um sentimento eterno”, afirmou. 

Ele disse, ainda, que não iria realizar o processo, mas colocou o profissional em primeiro lugar. “Quem realiza o serviço sou eu, não tinha como passar para outra pessoa”, explicou. 

Trajetória

O coveiro mora em Santo Amaro das Brotas, uma cidade pequena no interior de Sergipe. Antes de trabalhar no cemitério, ele chegou a ser candidato a vereador da cidade e chegou perto de ser eleito, mas perdeu por sete votos. 

Ele é bastante conhecido no município, seja pela candidatura a vereador ou pela atual profissão. “Sou praticamente uma pessoa pública”, brincou. 

Gleibson disse que sempre quis ser servidor público e viu uma oportunidade no concurso para coveiro. “Escolhi coveiro porque eu imaginei que ninguém ia querer”, disse. O concurso abriu duas vagas e ele ficou em terceiro, mas conseguiu ser empossado para trabalhar no cargo após alguns anos. “Eu tinha muito medo de defunto. Se eu parasse em frente uma funerária, eu não conseguia dormir”, revelou. 

No entanto, ao assumir a vaga no cemitério, ele passou um tempo para se adaptar. “Hoje, eu reconheço que morto não faz mal a ninguém. Mas, sim, os vivos”. 

Durante a trajetória na profissão, um dos períodos mais difíceis foi ter encontrado seu parceiro de trabalho que morava no cemitério morto. “Foi o momento que mais gerou impacto na minha profissão, porque nós éramos como uma família”. 

Um outro período difícil para ele foi no auge da pandemia da Covid-19, que chegou a matar quase 658 mil pessoas no Brasil, e cerca de 6.300 em Sergipe. “A gente ficava de plantão 24 horas, sem saber se estávamos sendo contaminados. Era um dos meus maiores medos”, relatou. 

No entanto, ele também contou ter vivido momentos bons na profissão. Uma delas foi uma pegadinha feita pelo vereador de Aracaju, Palhaço Soneca, no Dia de Finados. No dia da pegadinha, a funerária realizou um sepultamento com uma família. Gleibson e seu colega colocaram o caixão na capela para as despedidas e, na hora de enterrar o corpo, o falecido “ressuscitou”. 

“Quando estávamos levando até o túmulo, ele pulou do caixão. Eu nunca tinha visto uma cena daquela. Todo mundo correu, inclusive eu”, relembrou. 

Coveiro em Ação

“Coveiro em Ação” é como Gleibson se intitula nas redes sociais. Com mais de 55 mil seguidores no Kwai, quase 20 mil no TikTok, ele ainda busca audiência no YouTube, onde tem quase dois mil inscritos. 

“Essa profissão é tudo para mim. Ali, eu percebo que todos são iguais”, destacou. 

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