Jovem que matou professora na França disse que 'ouviu voz'

É a primeira vez que um professor é assassinado no exercício de suas funções na França desde 16 de outubro de 2020

qui, 23/02/2023 - 14:58
GAIZKA IROZ Flores são depositadas em frente à escola GAIZKA IROZ
GAIZKA IROZ Flores são depositadas em frente à escola onde uma professora foi morta em Saint-Jean-de-Luz, sudoeste da França, em 23 de fevereiro de 2023 GAIZKA IROZ

O estudante de 16 anos preso por matar uma professora em Saint Jean-de-Luz, sudoeste da França, afirma que "ouviu uma voz", mas é criminalmente responsável, anunciou o promotor de Bayonne em entrevista coletiva nesta quinta-feira (23).

O promotor Jerome Bourrier disse que iniciará uma investigação na sexta-feira "sob a classificação de homicídio premeditado".

"Sob custódia, o acusado mencionou que ouviu uma voz de um ser que descreve como egoísta, manipulador (...), que o incita à prática do mal e que na véspera lhe sugeriu cometer homicídio", contou Bourrier, acrescentando que o adolescente está sob acompanhamento psiquiátrico.

"Sabemos também que ele ficou abalado por uma discussão que teve um dia antes com um amigo, sobre a qual fez declarações contraditórias ao médico encarregado de examinar suas condições psiquiátricas", explicou o promotor.

O estudante teria dito ainda que “queria cometer os fatos na presença desse rapaz com quem havia discutido, para castigá-lo de alguma forma”, acrescentou.

A professora de espanhol de 52 anos foi esfaqueada na quarta-feira no meio da aula no colégio católico Saint-Thomas d'Aquin, de cerca de 1.100 alunos.

Escolas de todo o país observaram um minuto de silêncio nesta quinta-feira em homenagem à vítima.

Segundo o promotor, o jovem também reconheceu que tinha "um certa animosidade em relação à professora e que seus resultados na matéria lecionada por ela não eram bons, ao contrário de outras aulas".

Considerado "muito bom aluno" por seus colegas, o adolescente obteve um título de honra no ano passado, segundo a autoridade de educação de Bordeaux.

É a primeira vez que um professor é assassinado no exercício de suas funções na França desde 16 de outubro de 2020.

Na ocasião, Samuel Paty foi decapitado na região de Paris por um jovem refugiado russo de origem chechena, que o acusou de mostrar caricaturas do profeta Maomé em suas aulas de história.

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