Tiroteios na RMR crescem nos três primeiros meses de 2023

Ocorrências geraram 17 vítimas de balas perdidas, o que supera notificações feitas no primeiro trimestre de 2022

por Vitória Silva qui, 13/04/2023 - 15:01
Unsplash Vidro estilhaçado por uma bala de arma de fogo Unsplash

A Região Metropolitana do Recife (RMR) registrou uma escalada nos episódios de violência armada em 2023. Em um novo relatório, o Instituto Fogo Cruzado, que mapeia os incidentes com arma de fogo em três metrópoles brasileiras (Recife, Salvador e Rio de Janeiro), divulgou as ocorrências no Grande Recife entre 1º de janeiro e 10 de abril deste ano. O intuito do documento, além do levantamento de rotina, é perceber como as novas gestões estaduais têm trabalhado a segurança pública, além das práticas de transparência. 

Nesses primeiros três meses, a metrópole registrou 497 tiroteios, gerando 559 vítimas. Em comparação com o mesmo período de 2022, o número de tiroteios aumentou, mas o número de baleados foi inferior. No ano passado, o Grande Recife teve 475 (mesmo número de 2021) tiroteios nas datas analisadas, mas essas ocorrências geraram 601 vítimas. Assim, 2023 teve 22 tiroteios a mais e 42 vítimas a menos.

Além disso, 17 pessoas foram vítimas de balas perdidas. Em 2022, foram 15 vítimas do mesmo problema. O relatório aponta que há uma tendência dos governos estaduais em optar pela falta de transparência sobre esses números, o que também seria o caso de Pernambuco, que não divulga as ocorrências na íntegra. 

O Grande Recife entrou para a série do Fogo Cruzado apenas em 2018. Desde então, no acumulado, o mapeamento notificou 221 vítimas de balas perdidas. “Até o momento, as ações apresentadas na Bahia, em Pernambuco e no Rio de Janeiro estão aquém das expectativas”, aponta o relatório. A série indica que o período ainda é curto para os novos governos fazerem implementações efetivas em segurança, mas que a falta de transparência e diálogo com a sociedade deveria ser o começo do processo. 

Para Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, é importante articular as estatísticas sobre violência armada às políticas já propostas para compreendermos se houve ou não avanços no campo da segurança pública. “É sintomático que olhemos para três grandes regiões metropolitanas brasileiras e vejamos um padrão: de um lado as balas perdidas apresentam tendência de alta, do outro, os novos governos apontam para o retrocesso no que se refere à transparência. O novo governo em Pernambuco começou repetindo as mesmas medidas que eram criticadas do seu antecessor", avalia. 

 

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