Pastor é denunciado por demonizar religiões não cristãs

Pastor Jack é conhecido por promover cultos regados a cerveja e por apoiar as pautas da extrema direita brasileira

por Guilherme Gusmão sex, 01/09/2023 - 18:38
Reprodução/Redes Sociais Pastor Jack da igreja evangélica Vintage Reprodução/Redes Sociais

O Instituto de Defesa dos direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) e a Associação Nacional de Juristas Islâmicos (Anaji) fizeram uma representação criminal contra o pastor Jack da igreja evangélica Vintage. O líder religioso é acusado de fazer declarações demonizando religiões não cristãs.

"Religiões afro são satânicas. Budismo, demoníaco. Islamismo, demoníaco. Entenda você que os demônios sempre farão promessas para você. Os demônios fazem promessas — e, primeiro, promessas de poder. 'Ah, se eu fizer tal coisa, se eu fizer tal trabalho'. Umbanda, batuque é demônio. 'Ai, mas isso é por questão racial'. Não. Religiões afro são satânicas. Budismo: demoníaco. Islamismo: demoníaco. Adoram um demônio. Allah é um demônio. Oxum, Ogum é um demônio", afirmou o pastor.

A Idafro e a Anaji, através da notificação, pediram que os vídeos com os insultos as religiões, assim como outras versões dele, sejam excluídos das redes sociais. Além disso, solicitaram a Meta, empresa responsável pelo Instagram, que a publicação fosse removida do perfil oficial do pastor. Atualmente, Jack acumula mais de 134 mil seguidores no Instagram.

O líder religioso, fundador da igreja localizada em Porto Alegre, é conhecido por apoiar pautas da extrema direita brasileira e a fazer críticas a religiosos que não concordam com os discursos de parlamentares conservadores. Ele já afirmou que “não existem cristãos de esquerda”.

A Igreja Vintage também é conhecida entre alguns religiosos, principalmente por ela ter uma estética parecida com a de barbearias e utilizar bacon e cerveja para atrair homens para um discurso evangélico de resgate da "beleza da masculinidade".

Punições

Através da representação criminal aberta no Ministério Público Federal (MPF), a expectativa das instituições é de que o líder religioso seja indiciado pelos ataques e preso. Devido as declarações, o pastor pode ser enquadrado na lei federal nº 7.716, de 1989, que dispõe sobre os crimes resultantes de raça, cor, etnia e religião. A pena prevista é de um a três anos de reclusão e multa.

Em maio deste ano, o pastor Aijalon Berto, da Igreja Dunamis, foi preso em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. Ele foi acusado de ofender a "dignidade da coletividade" por associar pinturas alusivas às religiões afro-brasileiras com "feitiçaria e "entidades satânicas".

Já em fevereiro de 2022, o líder da igreja pentecostal Geração Jesus Cristo, o pastor Tupirani da Hora Lores, foi detido no Rio de Janeiro por promover discursos de ódio contra a população judaica. Ele foi condenado a 18 anos e 6 meses de prisão.

 

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