Mais de 100 policiais usarão câmeras corporais no Galo
Esquema de segurança do Carnaval também inclui monitoramento dos foliões por reconhecimento facial, novas delegacias móveis e maior efetivo nas ruas
Das 187 câmeras corporais (as "bodycams") da Secretaria de Defesa Social (SDS-PE), em posse do 17° Batalhão de Policia Militar (17º BPM/Paulista), pouco mais de 100 serão utilizadas por policiais que realizarão a segurança do Galo da Madrugada, o maior bloco de Carnaval de rua do mundo, que acontece no próximo dia 10 de fevereiro. A informação já havia sido adiantada pelo secretário de Defesa Social Alessandro Carvalho, mas foi detalhada nesta terça-feira (30), em uma coletiva de imprensa para a divulgação do esquema de segurança durante os dias de folia em Pernambuco.
"A gente mantém uma margem de segurança para caso alguma câmera demonstrar algum tipo de falha, a gente conseguir trocar. Como o lançamento não é de uma vez, ele é durante todo o dia, eu não tenho como lançar 187 [câmeras] porque eu estou, a toda hora, 'pagando' o equipamento, como diz a expressão policial; porém, toda a patrulha, com o seu chefe, estará ali portando essa bodycam", disse a secretária-executiva de Defesa Social, Dominique de Castro, ao LeiaJá. As imagens são armazenadas no próprio equipamento e descarregadas no servidor do 17º BPM. Os registros são de imagem e áudio, porém não possuem transmissão em tempo real.
Como as bodycams serão utilizadas de forma unitária por patrulha, estima-se que pouco mais de 100 patrulhas estarão nas ruas, acompanhando o Galo da Madrugada. Conforme anunciado pela SDS, cerca de 3,5 mil policiais militares realizarão a segurança, gerando também a estimativa de 35 militares por patrulha alocada no bloco.
Ainda segundo Dominique, apesar do desligamento de cerca de 400 câmeras da segurança pública no fim do ano passado, o esquema de segurança atual não será prejudicado e o espelhamento das câmeras sob posse dos municípios deve dar conta da demanda da SDS. "Temos imagens espelhadas das prefeituras do Recife e Olinda, drones e nas plataformas de observação elevada, além de helicópteros", informou a secretária-executiva. Essas imagens devem ser projetadas para as bases dos Centros Integrados de Comando e Controle (CICCs). Recife compartilha imagens de 32 câmeras, enquanto Olinda compartilha imagens de 29 desses equipamentos.
Mais investimentos
De acordo com as informações da SDS, haverá um aumento de 10,2% no efetivo das forças de segurança durante a folia em relação ao ano passado. Para este ano, serão 67.842 lançamentos de agentes das forças de segurança, o que inclui policiais militares, civis e científicos, além dos bombeiros militares e integrantes da Defesa Civil. O aumento foi de 6.281 lançamentos a mais do que o mesmo período de 2023, quando foram 61.561 jornadas extras.
A SDS chama de “lançamentos” pois o efetivo, em sua totalidade, é de 25 mil agentes de segurança (sendo 16 mil PMs e nove mil de outras forças). No entanto, essas equipes realizarão trabalho extra durante os dias de folia. Segundo a secretaria, foram investidos R$ 12,2 milhões apenas em pagamentos de extras este ano, sendo R$ 1 milhão a mais do que no mesmo período de 2023.
As jornadas extra terão início no dia 8 de fevereiro e se estende até o dia 3 de março, com o fim do período carnavalesco. A operação de Carnaval, no entanto, já se iniciou no último dia 2 de janeiro.
LeiaJá também: 'Carnaval 2024: Saiba onde encontrar policiamento nos polos'
O secretário de Defesa Social Alessandro Carvalho. Foto: Vitória Silva/LeiaJá
Câmeras de reconhecimento facial
Em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), através da base de dados do Sistema Nacional de Mandados de Prisão (SNMP), a SDS buscará identificar cerca de 15 mil criminosos com mandados de prisão em aberto e que possam estar infiltrados na folia. Serão 12 câmeras com envio de informações imediato a uma central de controle sob gerência da Inteligência das polícias Militar e Civil.
"Só nos interessa o reconhecimento facial de quem tem mandado de prisão válido e em aberto. Todos os mandados devem ser expedidos pelo Banco Nacional de Mandados de Prisão. Se a câmera der um 'match' [encontrar uma combinação entre a pessoa identificada e as fotografias salvas], dizer 'olha, policial, preste atenção na pessoa que passou, que pode ser fulano de tal, com mandado de prisão em aberto'. O sistema não vai determinar, pode ser [que seja a pessoa]. O que a gente tem nas câmeras é só a automatização do processo de identificação, pois são muitas pessoas. O policial pode abordar sob suspeita e é isso que ele vai fazer, mas fazer observando todos os direitos, sob confirmação de identidade", explica Alessandro Carvalho, titular da pasta.
Caso a identidade da pessoa identificada como suspeita for confirmada, o apontado será informado de que há contra ele um mandado de prisão em aberto. O processo será feito de forma imediata, ou seja, não haverá recolhimento das imagens para análise posterior às festas. O intuito da polícia não é atualizar o paradeiro de pessoas com registro no sistema, mas diminuir a quantidade de mandados sem cumprimento, que, apenas em Pernambuco, acumulam de 15 a 16 mil expedições no momento.
A coletiva
Participaram da coletiva os secretários Alessandro Carvalho e Dominique de Castro, da Defesa Social; Mariana Cavalcanti, da Corregedoria da Defesa Social; o coronel Ramalho, secretário-executivo de Defesa Civil; o coronel Evandro Rocha, subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros; Eneas Ferreira, secretário-executivo de Gestão Integrada; o coronel Ivanildo, novo comandante-geral da Polícia Militar; e o delegado Renato Márcio, novo chefe de Polícia Civil.