“O DEM hoje tem seu tamanho real”

Esta é a síntese do cientista político Túlio Velho Barreto

dom, 15/04/2012 - 16:52
Chico Peixoto/LeiaJá Imagens O cientista político avalia que o espaço do PLF/DEM foi superdimensionado Chico Peixoto/LeiaJá Imagens

Perdendo eleições e o protagonismo no cenário político, o partido Democratas (DEM) pode sugerir em uma análise mais apressada que isto significa sua extinção.  As lideranças do partido, no entanto, tentam amenizar o baque com o caso “Demóstenes”, o escândalo do Mensalão do DEM envolvendo José Arruda e a debandada que a sigla sofreu com a criação do PSD de Gilberto Kassab, no ano passado. Porém, deixam de avaliar que a legenda começou a cambalear em 2007, com a morte do seu patrono Antonio Carlos Magalhães, por ocasião do princípio do partido que deixava para trás o PFL.

Na análise do cientista político, Túlio Velho Barreto, pensar que o DEM pode ser extinto ou virar um partido absolutamente marginal, residual na disputa, é difícil. Segundo ele, o que pode se afirmar é que hoje o DEM tem perdido “sem dúvida nenhuma, muita importância”, tanto do ponto de vista local quanto nacional.  “O resultado das eleições de 2010 deixaram isso muito claro, quase todas as principais lideranças do DEM, vindas do PFL, PDS, Arena, elas foram derrotas. A gente pode usar um exemplo muito próximo de Marco Maciel (DEM), que perdeu a eleição para o senado tendo duas vagas”.

De acordo com Túlio, o afastamento de Marco Maciel também contribuiu para “uma certa debilidade no DEM”. “Isso pode ser causa e pode ser consequência. Se Marco Maciel estivesse ativo na política local ele podia exercer um papel importante. Hoje se ele faz política, faz uma política muito mais de bastidores, o que pode ter refletido na manutenção de espaços do DEM, e isso é concreto em Pernambuco”. Ele completa “O próprio André de Paula (presidente estadual do PSD) saiu do DEM. Será se Marco Maciel estivesse ativo politicamente, André deixaria o DEM? E ele (André de Paula) que era tido como a pessoa mais identificada com o partido, forjado na tradição ‘macielista’ da forma de fazer política. Foi presidente do PFL/DEM durante muitos anos. Então isso mostra a dificuldade”.

Túlio alerta, no entanto, que a ideologia liberal do ponto de vista econômico e política do DEM sempre terão espaço para ser ocupado, porém, ele faz com ressalvas. “Eu acho que o PLF e o DEM tiveram seu espaço superdimensionado, porque a aliança com o PSDB que fez com que o PLF, na época, ficasse como vice-presidente de Fernando Henrique. E aquela se tornou uma aliança que todo mundo achava quase que natural, mas na época não era. Se achava que era mais natural o PSDB compor com o PT ou com uma legenda mais do centro a esquerda, ou mais a esquerda do que com partidos do centro a direita e a direita”.

Em uma última avaliação, o cientista político diz que historicamente o espaço do PLF e do DEM, em um dado momento foi ampliado em função das alianças que compôs. “O partido nunca encabeçou, com chances de vencer, uma chapa no plano nacional”. Túlio lembrou que de 1994 para cá PFL/DEM não teve nenhuma participação como protagonista da disputa nacional. “Em 1989 teve Aureliano Chaves e mesmo assim rifado pelo próprio PFL, uma candidatura meio olímpica, parte apoiava Fernando Collor de Mello no primeiro turno e depois todo mundo foi no segundo turno para o lado de Collor”.

“Quando as alianças foram rompidas houve um declínio do partido. Eu acho é que o DEM agora está tendo o real dimensionamento dele, que é atuar na política nacional e local. Mas este é um espaço pequeno para uma disputa majoritária e que só se impõe eleitoralmente quando compõe a chapa com forças políticas mais fortes, que tem um apelo popular maior”.  

Já para o deputado federal e presidente estadual do DEM, Mendonça Filho, a incógnita sobrevivência do partido é um fato que “tem que conviver”. “Esse ano a gente sequer discute isso. Estamos num ano eleitoral, com candidatos competitivos, eu aqui, ACM Neto (Antônio Carlos Magalhães Neto) em Salvador, na Bahia”. Para ele o fato do partido ter perdido o protagonismo nacionalmente é atribuído ao fato da sigla ser oposicionista. “No Brasil ser oposição é duro. Tem que aguentar governo, não tem estrutura de poder para manter as bases, todo mundo só pensa em ficar alinhado com o governo. Todo mundo quer ser governo, ninguém quer amargar na oposição”.

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