Dilma não é responsável por Pasadena, diz Gabrielli

Ex-presidente da Petrobras frisou que a decisão de compra da refinaria foi colegiada e que seguiu o procedimento de qualquer outro projeto

ter, 20/05/2014 - 14:59
Antônio Cruz/Agência Brasil Ele confirmou que o sumário executivo repassado ao CA não constava as cláusulas Marlim e Put Option Antônio Cruz/Agência Brasil

Depois de dizer que a presidente Dilma Rousseff não poderia "fugir de suas responsabilidades" quanto à compra da Refinaria de Pasadena, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli explicou melhor a colocação e afirmou não considerar Dilma, que na época da aquisição era presidente do Conselho de Administração, responsável pelo fechamento do negócio. Em depoimento na CPI da Petrobras no Senado, ele defendeu a estatal.

Em vários momentos do discurso inicial e nas respostas às perguntas dos parlamentares, ele frisou que a tomada de decisão não é individual e, sim coletiva. "Não é verdade que essa operação tenha sido uma operação feita a toque de caixa, não é verdade que essa operação tenha sido feita por algumas pessoas somente", salientou.

O executivo também salientou que não cabia ao Conselho de Administração o detalhamento sobre a compra, pois essa responsabilidade ficava sob as gerências, que repassavem os relatórios. "O Conselho de Administração da Petrobras, historicamente toma decisões com base em sumário executivo; ele não toma decisões com base nos documentos totais existentes, porque são processos muito grandes. Não haveria condições de o Conselho apreciar, uma vez que a competência do Conselho, como eu disse, é tomar as decisões estratégicas, não é tomar as decisões operacionais".

Ele confirmou, no entanto, que o sumário executivo repassado ao CA não constava as cláusulas Marlim e Put Option, mas que isso não mudaria a decisão tomada, já que o CA avaliava se valia a pena fazer a compra. A cláusula Marlim garantia à empresa belga Astra Oil, sócia da Petrobras America Inc, rentabilidade mínima de 6,9% ao ano. A Put Option – ou opção de venda – obrigava a Petrobras a comprar a participação da Astra, em caso de conflito entre os sócios na condução do negócio.

"O que constava do sumário executivo? A lógica fundamental da estratégia de compra dos 50% da refinaria, mostrando que ela era aderente à estratégia, mostrando que ela era barata a preço de mercado e mostrando que ela tinha retorno positivo, portanto, cumprindo as três questões fundamentais que um Conselho de Administração tem que responder".

Diante disso, ele explicou que as afirmações dele ao jornal O Estado de São Paulo, em abril, explicava as competências de cada cargo e que cada pessoa tinha responsabilidades pelas quais deveria responder e que outras competências não poderiam ter sido cobradas. "Não considero a Presidente responsável pela compra de Pasadena; a responsabilidade da compra de Pasadena é da diretoria da Petrobras e do Conselho de Administração, porque passou por todos os procedimentos internos da Petrobras. Então essa é que é a questão-chave. É um processo de decisão que não é individualizado. Foi um processo de decisão coletivo. Isso é que é importante chamar a atenção", declarou.

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