Dom Fernando encara redução da maioridade como 'insulto'

Para ele, os que se dizem cristãos e apoiam a proposta são "aberrações". Texto deve ser votado nessa terça-feira (30) no Plenário da Câmara

por Giselly Santos seg, 29/06/2015 - 15:17
Giselly Santos/LeiaJáImangens Religioso reafirmou o posicionamento da CNBB de ser contra a proposta Giselly Santos/LeiaJáImangens

O arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, posicionou-se, nesta segunda-feira (29), contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que versa sobre redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Ao participar de uma audiência pública sobre o assunto que aconteceu na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o religioso disparou contra os parlamentares que aprovam o texto. Segundo o arcebispo, a proposta é um “insulto ao Evangelho”. 

“Como ministro da Igreja, prefiro apontar a aberração que é o fato de que muitos parlamentares que levantam esse tipo de propostas se dizem cristãos. É um insulto ao Evangelho o fato de que, no Congresso atual, os que se dizem da ‘bancada da Bíblia’ se unam aos da ‘bancada da Bala’ (defensores da violência como solução dos problemas sociais) e ‘do Boi’ (antipáticos à reforma agrária e indiferentes aos pequenos lavradores e índios). Todos esses, em geral, a serviço dos seus interesses ideológicos ou partidários, não ligam minimamente a fé com a ética”, argumentou, reproduzindo um texto de sua autoria divulgado na manhã de hoje sobre o assunto. 

Para ele, o posicionamento dos parlamentares em reativar a discussão sobre a maioridade penal coloca como inútil o argumento de que o assunto fere a Constituição Federal e desrespeita a Convenção Internacional das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança e do Adolescente, que o Brasil assinou em 1989.

Citando a CNBB, Dom Fernando afirmou que a Igreja no Brasil “continua acreditando na capacidade de regeneração do adolescente, quando favorecido em seus direitos básicos e pelas oportunidades de formação integral nos valores que dignificam o ser humano”. Ele também criticou os que usam Deus como um “carrasco cruel e vingativo”. 

“O anúncio do reino de Deus propõe ao pecador a conversão e inclui o perdão, baseado na justiça restaurativa, capaz de refazer laços sociais solidários. Evangélicos ou católicos, que apresentam de Deus a imagem de um carrasco cruel e vingativo não merecem o nome de cristãos. A mensagem fundamental de Jesus é o amor e a não violência. Sua proposta é a solidariedade como principio de vida, sobretudo com os mais pequeninos e frágeis da sociedade”, observou o líder. A PEC deve ir a votação na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (30).

COMENTÁRIOS dos leitores