Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara

O peemedebista disse que está sendo "vítima de vingança e perseguição" após a abertura do processo do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff

por Giselly Santos qui, 07/07/2016 - 13:39 Atualizado em: qui, 07/07/2016 - 13:45
Agência Brasil/ Arquivo Deputado leu a carta e se emocionou ao falar da família Agência Brasil/ Arquivo

O presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou, no início da tarde desta quinta-feira (7), a renúncia ao cargo. O anúncio foi feito a partir de uma carta entregue a Mesa Diretora da Casa, onde o peemedebista justifica a renuncia pelo fim da “instabilidade” criada, segundo ele, após o seu afastamento. 

Durante o pronunciamento, o parlamentar criticou a gestão interina do deputado Waldir Maranhão (PP-MA) e destacou, inúmeras vezes, que estava sendo “vítima de vingança” após a abertura do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).

“É público e notório que a Casa está acéfala, fruto de uma interinidade bizarra. Somente a minha renúncia poderá por fim a esta instabilidade sem prazo. Pude conduzir a Casa da forma proposta na minha campanha votando todas as pautas do governo e trazendo as pautas da sociedade e seus representantes que são os deputados”, destacou. “Sem dúvida a autorização para a abertura do processo de impeachment do governo [de Dilma Rousseff] foi um marco da minha gestão, muito me orgulha e jamais será esquecida”, acrescentou.

Abertura esta que, sob a ótica dele, desencadeou o afastamento dele do comando da Câmara. “Estou pagando um alto preço por ter dado início ao impeachment. A principal causa do meu afastamento é resultado da abertura do processo... A par disso sofro da seletividade do órgão acusador que atua em relação a mim diferentemente de outros investigados com o mesmo foro”, acusou, fazendo críticas sutis ao Poder Judiciário.

Deixando de lado o perfil sarcástico de sempre, Eduardo Cunha se emocionou ao agradecer o apoio do partido e citar a esposa, também alvo da Operação Lava Jato. “Estou sendo vítima de vingança e perseguição por ter aberto o processo de impeachment de uma gestão criminosa e desastrada, de total descontrole das contas públicas”

A renúncia acontece em meio a um processo de cassação que já tramita por cerca de dez meses na Casa, envolto de manobras operadas por aliados. Ele é suspeito de manter contas não declaradas na Suíça e de ter mentido sobre a existência delas na CPI da Petrobras. Nos bastidores, o peemedebista teria aberto mão do cargo apenas após receber garantias de que seu mandato poderá ser mantido. Ele encontrou com o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) no último dia 26.

Nessa quarta-feira (6), o deputado Ronaldo Fonseca relator do recurso impetrado por ele na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra o processo defendeu que uma nova votação do assunto fosse realizada no Conselho de Ética e Decora Parlamentar com a justificativa de que a que ocorreu no último dia 14 feriu o Regimento Interno da Casa. 

Nos últimos meses, Eduardo Cunha recebeu uma pressão intensa e foi aconselhado por integrantes do governo e por seus aliados a deixar o cargo. Além do processo de cassação, ele é réu de dois inquéritos que estão sendo investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Um deles diz respeito às contas da Suíça e outro por suposto recebimento de propina pela venda de navios-sonda da Petrobras. Há pelo menos outros cinco inquéritos tramitando na Corte contra o peemedebista.

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