'Não cabe aos delegados juízo de valor', diz defesa de FBC

O advogado do senador Fernando Bezerra disse que a finalidade do inquérito policial e as atribuições de delegados de polícia concentram-se na apuração de infrações penais

por Taciana Carvalho qua, 10/08/2016 - 16:38

Após a divulgação, nesta quarta-feira (10), pelo jornal Estado de São Paulo, de que a Polícia Federal (PF) comprovou que o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) pediu propina ao ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para financiar a campanha do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à reeleição em 2010, o advogado de Bezerra Coelho, André Luís Callegari, declarou que, no processo penal, a conclusão do Inquérito é apenas um registro administrativo da polícia. Portanto, “sem nenhuma verdadeira consequência processual”. Segundo a publicação, o repasse teria sido de R$ 20 milhões, como relata Costa em delação premiada à Lava Jato. 

Callegari ainda ressaltou "que Fernando Bezerra espera que o procurador-geral da República mantenha suas prévias manifestações no sentido de que a finalidade do inquérito policial e as atribuições de delegados de polícia concentram-se na apuração de infrações penais, com o intuito de subsidiar a atuação do Ministério Público, não cabendo aos delegados emissão de juízo de valor sobre a conduta investigada”.

A defesa do senador acredita que os elementos colhidos demonstram que não houve qualquer prática ilícita por parte do Senador.

Inquérito

Segundo a reportagem desta quarta (10) do Estadão, o inquérito envolvendo Coelho já foi concluído e encaminhado ao ministro Teori Zavascki, relator da operação no Supremo Tribunal Federal (STF). No texto, a PF diz que “restou demonstrado que Bezerra participou ativa e substancialmente na solicitação de propina às empresas envolvidas e também se beneficiou de uma parte do montante ilícito.” No inquérito, o socialista é acusado de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

No início do mês, após a citação do parlamentar no esquema de lavagem de dinheiro, a defesa de Fernando Coelho disse que “as denúncias eram absolutamente imprecisas as afirmações feitas pela Procuradoria da República em Pernambuco na denúncia oferecida”. A Procuradoria citou Bezerra Coelho na denúncia contra 18 alvos da Operação Turbulência. O desvio de dinheiro público seria supostamente liderado pelo empresário João Carlos Lyra.

Callegari também chegou a afirmar que "após mais de um ano do início da Operação Lava Jato o procedimento segue sem qualquer prova sobre a participação do senador em qualquer atividade ilícita, e continua calcado tão somente nas informações conflitantes fornecidas por delatores, declarações estas que não vem com sequer um documento comprobatório”.

 

 

 

 

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