Cardozo diz que Júlio não tem 'compromisso com a verdade'

“Há uma orientação clara de que o senhor Júlio Marcelo em querer condenar Dilma Rousseff. Ele é a principal testemunha de acusação, ele é o elaborador das teses", disse o ministro afastado da AGU

por Thabata Alves qui, 25/08/2016 - 19:09
Pedro França/Agência Senado Para Cardozo, não há imparcialidade na fala do procurador que está atuando como informante na sessão inicial do julgamento do impeachment de Dilma Pedro França/Agência Senado

O advogado de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e ministro afastado da AGU, José Eduardo Cardozo fez inúmeras críticas a postura do procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Júlio Marcelo de Oliveira. 

“Há uma orientação clara de que o senhor Júlio Marcelo em querer condenar Dilma Rousseff. Ele é a principal testemunha de acusação, ele é o elaborador das teses. O relatório do relator Antônio Anastasia, ele requer literalmente os pensamentos e as ideias do procurador”, disparou Cardozo contra Oliveira. 

Para Cardozo, não há imparcialidade na fala do procurador que está atuando como informante na sessão inicial do julgamento do impeachment de Dilma. “Quando se tem uma testemunha suspeita nem compromisso com dizer a verdade ela tem. Este reconhecimento da suspensão dele como testemunha, porque o Júlio atuou militando numa causa. Não há imparcialidade no procurador”, disse. 

O ministro afastado da AGU fez provocações aos representantes da acusação, afirmando que a presença e as alegações do procurador demostra parcialidade no julgamento. “Cada vez mais se explica ou se joga luz no que aconteceu nesse processo”. Durante sua reposta os jornalistas questionaram se essa mesma afirmativa não se aplicaria para os integrantes da defesa da presidente afastada, ao que Cardozo negou: “Eu não tenho nenhum membro do ministério Público arrolado como testemunha da presidente (sic) Dilma. Não há nenhum problema nisso, mas a grande questão é que nenhuma de nossas testemunhas formulou a tese, apenas participou de parte do processo. Nenhuma das nossas é mentor da tese do processo, o Júlio Marcelo é mentor do processo. Ele está do início ao fim do relatório do Anastasia. Acada dia que passa, a cada lance que é dado fica clara a parcialidade do processo”, pontuou. 

Durante a coletiva, Cardozo também acusou, sem citar nomes, os presidentes da República de terem praticado pedaladas fiscais. “Dilma Rousseff fez o que todos os outros presidentes fizeram, até que o Ministério Público e o Tribunal de Contas acordassem e até que surgisse uma tese e se quer punir para o passado. E por que se quer punir para o passado? Porque a tese surgiu depois do procurador da República e hoje é tido como suspeito. Ele é suspeito para aquilo que o ministro Lewandowski”. disse 

Segundo Cardozo, a defesa de Dilma poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso Dilma tenha seu mandato cassado. “Nós no momento certo e se necessário for iremos para as instâncias necessárias. Eu confio que esses fatos, que a cada dia se revelam convençam aos senhores senadores que é um equívoco democrático é um desrespeito a Constituição o afastamento de Dilma Rousseff. A cada dia isso fica mais evidente, agora se os direitos da senhora presidente (sic) e os direitos daqueles que a elegeram e que foram lesados, nós iremos ao Supremo e iremos a todas as instâncias que possam reconhecer o absoluto descomprometimento com o direito, com o estado de direito”. 

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