Houve excesso de responsabilidade, diz economista

Em depoimento no Senado, Luiz Gonzaga Belluzo foi enfático ao dizer que Dilma não cometeu crime de responsabilidade. Fala durou cerca de três horas, entre perguntas e respostas

por Dulce Mesquita sex, 26/08/2016 - 16:21
Geraldo Magela/Agência Senado Luiz Gonzaga Belluzzo disse que Dilma fez uma "despedalada" Geraldo Magela/Agência Senado

Em depoimento no plenário do Senado, durante o julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo afirmou que o processo de impeachment, "pelos motivos alegados, é um atentado à democracia". Inicialmente, ele estava arrolado como testemunha de defesa, mas passou a ser ouvido como informante, a pedido do advogado de Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo.

Para ele, é frágil a acusação contra Dilma, especialmente a relacionada à edição de decretos de créditos suplementares. “Mesmo sem a autorização do Congresso Nacional, o impacto foi ridículo”, frisou. Segundo o economista, Dilma cometeu um “excesso de responsabilidade fiscal” ao fazer um “contingenciamento de R$ 70 bilhões e posteriormente outro de R$ 8,5 bilhões" diante da queda na arrecadação. Belluzo chamou a medida de “despedalada”. "Isto se chama ação pró-cíclica”, disse ele, em mais de um momento durante a sessão.

Belluzo disse que o contingenciamento foi uma forma de o governo “correr atrás” para cumprir as metas fiscais, mas que “infelizmente, não deu certo [a ação do governo Dilma]”. " Não teve crime de responsabilidade. Foi um erro de política econômica", afirmou.

Sobre as chamadas pedaladas fiscais, o economista foi enfático ao afirmar que Dilma não cometeu crime de responsabilidade. “Uma operação de credito é uma coisa muito bem definida: em que alguém cede dinheiro para receber de volta mediante pagamento de juros. A relação de crédito está estabelecida entre o Banco do Brasil e o mutuário do setor agrícola. Por que isso não está contemplado no Orçamento, o subsídio que deve ser destinado ao Plano Safra? Está. Então isso é uma operação fiscal, não é uma operação de crédito, claramente não é”, explicou.

As próximas testemunhas a serem ouvidas são Geraldo Luiz Mascarenhas Prado, consultor jurídico e pesquisador do Centro de Investigação em Direito Penal e Ciências Criminais, da Universidade de Lisboa; Nelson Barbosa, ex-ministro do Planejamento e ex-ministro da Fazenda do governo de Dilma Rousseff; e Luiz Cláudio Costa, ex-secretário executivo do Ministério da Educação no governo de Dilma. O professor de Direito Ricardo Lodi prestará depoimento como informante.

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