Entrevista: Anderson diz que o povo de Jaboatão despertou

Na segunda parte da entrevista exclusiva ao Portal LeiaJá, o prefeito eleito de Jaboatão dos Guararapes Anderson Ferreira (PR) disse que o povo pediu uma “faxina ética”

por Taciana Carvalho qua, 02/11/2016 - 08:34
Brenda Alcântara/LeiaJáImagens/Arquivo Brenda Alcântara/LeiaJáImagens/Arquivo

Na segunda parte da entrevista concedida pelo novo prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PR), ele falou sobre as polêmicas envolvendo o seu nome e o do seu opositor Neco (PDT). Anderson disse que o pedetista escolheu um caminho errado ao atacá-lo ao invés de focar nas propostas. “Teve ataques e o jogo da velha política que, desta vez, estava com horas contadas. Nós não entramos nesse jogo”, disparou.

O republicano declarou que irá realizas uma gestão sem prioridade religiosa, apesar de ter um eleitorado predominantemente evangélico. “Por eu ser evangélico, eu não abro mão dos meus princípios. Eu como cristão, não abro mão. Eu como legislador e, principalmente, no papel do Executivo, eu vou governar para todos. Vou resgatar as festas culturais do município, eu não tenho dificuldade com isso. Nunca tive e sempre deixei bem claro”, prometeu. 

Sobre as polêmicas envolvendo o projeto de lei de sua autoria, o Estatuto da Família, o novo prefeito se defendeu. “O meu projeto nunca foi preconceituoso. Se rotularam meu projeto como preconceituoso, esqueceram dos programas sociais do PT. Eles também se balizaram no mesmo conceito que eu me balizei, que foi a Constituição brasileira”, frisou. 

Confira na íntegra a segunda parte da entrevista:

1.Portal LeiaJá (PL) – O seu opositor Neco, durante o pleito, frisou muito que o senhor era "forasteiro". Como avaliava essa crítica?

Anderson Ferreira (AF) – Ele não conhece a minha história. Acho que o adversário deve primeiro conhecer a história do outro candidato e esse foi o equívoco que ele cometeu: usar os mesmos jargões que foram usados em campanhas anteriores. Eu tenho uma história de vida em Jaboatão, de infância e onde criei os meus filhos. Os prefeitos que passaram por Jaboatão foram morar no mesmo prédio que eu, por uma mera coincidência, tanto Nilton Carneiro como Elias Gomes, então, eu não precisava provar ao povo de Jaboatão até porque, há dois anos, eu obtive vinte mil votos em Jaboatão e esses votos não foram com nenhum vereador me apoiando apenas foi com o trabalho e esforço que nós já tínhamos feito em uma campanha para deputado federal. Eu tenho um trabalho de ressocialização onde o poder público não entra e de evangelização. Esse trabalho eu não faço de hoje, faço há vinte anos. Nós temos um legado de tradição de voto da nossa família também no município. Como é que ele poderia me chamar de um forasteiro se, há dois anos, eu sai com vinte mil votos deste município? Foram estratégias da velha política que, desta vez, estava com as horas contadas. Jaboatão queria mudança e a mudança é Anderson Ferreira. Ele, ao menos, precisa conhecer a vida do outro adversário e Jaboatão cansou dessa velha política da desconstrução e da falta de proposta. O povo despertou e não só o povo de Jaboatão, mas em todo o Brasil. O povo pede uma faxina ética e pessoas comprometidas com a comunidade.

2. PL –Pesquisas revelavam um empate técnico entre os dois. O senhor acha que o envolvimento dele na Operação Caixa de Pandora o prejudicou?

AF – Não houve empate. Nas pesquisas, eu sempre fiquei na frente tanto no primeiro turno que terminei na frente com 34,28% dos votos enquanto ele teve 30% e, no segundo turno, em todas as pesquisas, eu liderei. O nosso crescimento foi constante e não teve nenhum momento em que caímos na pesquisa, ao contrário, nós fomos crescendo a cada pesquisa. A maior delas foi nas ruas quando eu andava, eu sentia o clima de mudança e de esperança. Eu sinto hoje o peso da responsabilidade de cada abraço que recebi e que diziam que eu era a única esperança que tinham. Jaboatão nunca teve a oportunidade de ter um candidato tão determinado, jovem, cheio de experiência política apesar de ter 43 anos, mas, eu já tenho uma bagagem política de dois mandatos como deputado federal e milito há mais de 26 anos na vida pública porque sou filho do ex-deputado Manuel Ferreira, meu irmão foi vereador do Recife por três mandatos, hoje é deputado estadual. Eu tenho uma história política. 

3.PL – Mas, em sua opinião, o senhor acha que prejudicou o nome do então candidato do PDT no esquema Caixa de Pandora?

AF – Não. A história dele o povo já conhece. Não é nada novo. Esse foi um dos processos que ele já tem. Ele é réu em outros processos. No dia 25 de novembro, ele vai ter até que se apresentar na vara criminal para responder por outro processo, por outra gestão por formação de quadrilha, então, os problemas que ele tem tido com a justiça constantemente não é novidade para ninguém. As contas dele não foram aprovadas pelo Tribunal de Contas quando ele foi presidente da Câmara dos Vereadores, então, tem muito assunto que não era novidade para o povo de Jaboatão. 

4.PL- O senhor tem receio de que, em algum momento, o nome do seu vice Ricardo Valois, também citado no esquema, possa prejudicá-lo?

AF – Não porque, primeiro, a investigação foi com 19 vereadores. Investigação é diferente de ser réu. No caso de Neco, nessa investigação ele ficou mais complicado porque foi encontrado quantias de dinheiro escondido dentro de lixo, em sua casa. Neco já responde a outros processos como réu numa vara criminal, numa gestão anterior, e isso é uma explicação que ele tem que dar à justiça. No caso do meu vice, nada foi encontrado. Como a Operação foi para todos os vereadores, ele foi um dos investigados e, até que me prove o contrário, não tenho o que declarar. Eu não estou aqui para passar a mão por cima da cabeça de ninguém, mas, pelos processos que foram averiguados até o momento, nada tem a acusá-lo. 

5. PL – Como fica todas as polêmicas envolvendo o senhor e Neco?

AF- Quero deixar bem claro que, da minha parte, o palanque está desarmado. Eu não tenho dificuldades nenhuma e vou governar para todos os jaboatonenses. Eu sei que o processo eleitoral é bem aquecido, mas vamos fazer uma gestão para melhorar Jaboatão com um candidato preparado para fazer a mudança.

6. PL – O senhor disse que vai administrar a cidade sem prioridade religiosa, apesar de ter um eleitorado predominantemente evangélico. Como será esse trabalho?

AF – Eu fui eleito com uma expressiva votação. A população de Jaboatão não é apenas composta de evangélicos. Então, eu tive voto de todo segmento, de toda classe. Não foi específico. Por eu ser evangélico, eu não abro mão dos meus princípios. Eu como cristão não abro mão. Eu como legislador e, principalmente, no papel do Executivo, eu vou governar para todos. Eu não tenho dificuldades, vou resgatar as festas culturais do município, eu não tenho dificuldade com isso. Nunca tive e sempre deixei bem claro. A partir do momento que você ocupa um cargo público, para eu valorizar e respeitar o próximo eu não estou abrindo mão dos meus princípios de maneira alguma. Eu aprendi a respeitar da mesma forma vou também resgatar as festas evangélicas que estiver dentro do município. 

7. PL - Como será a atuação do prefeito Anderson Ferreira?

AF – O governo de Anderson Ferreira, em Jaboatão dos Guararapes, é um governo voltado para o social olhando, especialmente, para aqueles que mais precisam onde o poder público faz a grande diferença porque temos uma ferramenta fantástica que é a política para transformar a vida das pessoas. Agora, ela precisa ser usada para o bem e é isso que eu quero fazer como sempre fiz porque é o meu principio de vida antes de ser político através de um projeto libertador, que foi um projeto de evangelização e de ressocialização. A partir do momento que eu entrei na política, eu potencializei ainda mais o que eu já tenho como princípio de vida.

8. PL - Como o senhor poderá incluir o seu projeto do Estatuto da Família em Jaboatão?

AF – O Estatuto da Família está em Brasília, ele vai tramitar lá. Eu estou em Jaboatão, sou prefeito de Jaboatão. O Estatuto da Família é um projeto que traz um conjunto de políticas públicas para valorizar a família. O que acontece é são vários artigos que fazem um conjunto do Estatuto da Família, não é um único artigo que trata sobre isso, Agora, a imprensa polemizou colocando um único artigo, que era o conceito de família, mas, não fui eu que coloquei o conceito. Quem colocou o conceito foi a Constituição. O meu projeto para ser constitucional, para ser aprovado na comissão, para não cair na inconstitucionalidade, eu tive que extrair o mesmo artigo que estava na Constituição. 

9. PL - O que o senhor acha sobre toda a polêmica envolvendo o projeto do Estatuto da Família?

AF- Eu acho engraçado é que os programas de governo do PT, que foram opositores ao nosso projeto, como o Bolsa-Família e o Programa Minha Casa, Minha Vida também usaram o mesmo critério que eu usei para o povo adquirir o benefício. No MCMV, por exemplo, para você adquirir o benefício tem que fazer a comprovação do estado civil e o estado civil é o casamento entre o homem e mulher porque o patrimônio fica no nome da mulher. Então, o meu projeto nunca foi preconceituoso. Se rotularam meu projeto como preconceituoso, esqueceram dos programas sociais do PT, que tem o apoio do PSOL, eles também se balizaram no mesmo conceito que eu me balizei, que foi a Constituição brasileira. 

10. PL - Entusiasmado para governar Jaboatão?

AF - Muito confiante porque vamos dar o nosso melhores. Estou disposto, sou movido a desafios, e a minha luta vai ser intensa para reverter esse quadro em que se encontra Jaboatão.

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