Em rede social, Malafaia se defende e nega corrupção

O religioso disse estar "indignado" com a tentativa de "desmoralizá-lo na opinião pública". Polícia quer saber se ele "emprestou" contas correntes da igreja com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores

por Dulce Mesquita sex, 16/12/2016 - 09:58
Luis Macedo/Câmara dos Deputados/Arquivo Silas Malafaia disse que irá se apresentar à polícia para depor Luis Macedo/Câmara dos Deputados/Arquivo

O pastor Silas Malafaia, alvo de uma condução coercitiva da Polícia Federal no âmbito da Operação Timóteo, usou a rede social para se defender das suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção. O religioso disse estar "indignado" com a tentativa de "desmoralizá-lo na opinião pública".

No Twitter, ele disse que está em São Paulo e foi informado no início da manhã desta sexta-feira (16) de que a Polícia Federal esteve na casa dele. Ele garantiu que irá se apresentar e criticou a ação do PF. "Não poderia ter sido convidado para depor? Vergonhoso", escreveu.

Líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, ele informou ter recebido um cheque no valor de R$ 100 mil de um membro da igreja de outro pastor, Michael Abud. Ele disse não conhecer o dono do cheque. "Não sei e não conheço o que ele faz. Tanto é que o cheque foi depositado em conta. Por causa disso sou ladrão? Sou corrupto? Recebo ofertas de inúmeras pessoas e declaro no Imposto de Renda tudo o que recebo. Quer dizer que se alguém for bandido e me der uma oferta, sem eu saber a origem, sou bandido?", questionou.

Ainda na rede social, o religioso disse que as ofertas recebidas chegam de várias fontes. "Recebi um cheque de um advogado, como recebo de inúmeras pessoas e as declaro no IR. Sou responsável pela bandidagem dos outros? Estou indignado". "Será que a Justiça não tem bom senso? Pra saber que eu recebi um cheque de uma pessoa. E isso me torna participante de crime? Estou indignado", escreveu ele, em caixa alta.

A AÇÃO

A Polícia Federal está fazendo uma ação de busca e apreensão em 11 Estados e no Distrito Federal contra uma organização criminosa investigada por um esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral. A Operação Timóteo cumpre 29 conduções coercitivas, quatro mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária, sequestro de três imóveis e bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões.

A PF quer apurar se Malafaia está envolvido com o esquema de ocultação e dissimulação do dinheiro, por ter recebido valores do principal escritório de advocacia responsável pelo esquema. A suspeita a ser esclarecida pelos policiais é de que ele poderia ter "emprestado" contas correntes da igreja com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores.

A Operação Timóteo teve origem em 2015, quando a então Controladoria-Geral da União enviou à PF uma sindicância que apontava incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos diretores do Departamento Nacional de Produção Mineral. Esse diretor seria Marco Antônio Valadares Moreira, que ofereceria os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais junto a empresas de exploração mineral.

O esquema se dividiria, segundo a PF, em quatro núcleos: o núcleo captador, formado por um diretor do DNPM e sua mulher, realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema; o núcleo operacional, composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da esposa do diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos; o núcleo político, formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema; e o núcleo colaborador, que se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação do dinheiro.

O nome da operação faz referência a um livro da Bíblia, especialmente ao trecho que diz: "Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição" - I Timóteo 6.9.

Com informações do Estadão Conteúdo.

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