Quando entrei sabiam que eu apoiava o governo, diz Cadoca
O deputado, expulso do PDT, concedeu entrevista exclusiva ao LeiaJá e disse que já pensava em deixar o partido. Ele ainda elogiou Michel Temer, fez críticas a ex-presidente Dilma Rousseff e as centrais sindicais do país
Expulso pelo PDT após votar a favor da reforma trabalhista, o deputado Carlos Eduardo Cadoca afirmou ao LeiaJá, nesta quinta-feira (27), que quando entrou na legenda deixou claro o apoio dele ao governo do presidente Michel Temer (PMDB). “Eles sabiam quando eu entrei que apoiava o governo, o PDT havia declarado independência, mas nos últimos meses eles radicalizaram. A orientação foi de confronto ao governo, sai do PCdoB por discordar justamente disso”, disparou, ao participar da série Entrevista da Semana.
Enquanto o pernambucano conversava com a nossa reportagem, o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, publicava uma nota anunciando a expulsão dele. Ainda sem saber a postura, Cadoca afirmou que “passada esta fase [de reformas] a gente encontra um caminho ou ver se o próprio partido muda de opinião, não estou excluindo a possibilidade de mudar de partido”.
Logo depois, o LeiaJá voltou a falar com o deputado que disse sobre a medida: “passei a noite toda com o pessoal do partido e ninguém me disse nada, não posso falar sobre isso”.
Voto a favor das reformas
Cadoca foi um dos 16 deputados federais da bancada pernambucana favoráveis ao texto aprovado na Câmara dos Deputados na noite dessa quarta (26). Ele disse acreditar que o país precisa de três mudanças urgentes na legislação, uma delas nas regras trabalhistas.
“Sou favorável às reformas, elas são extremamente necessárias, o país está vivendo um momento de extrema dificuldade, mas também a vida política. O país está tensionado pelas crises e é preciso fazer mudanças, tivemos uma presidente que foi impeachmada, um governo que assume e não tem uma base forte. Michel Temer construiu a vida política dele no legislativo e isso facilita de alguma forma, tem facilitado para que ele possa conduzir o país e chegarmos minimamente inteiros em 2018”, destacou.
O deputado também fez críticas às centrais sindicais. “Sou consciente de que é preciso fazer mudanças, muita gente não quer porque você termina cortando privilégios, abrindo caixa preta de muitas áreas, como a área sindical no Brasil. Ela precisa de uma reestruturação. São mais 11 mil sindicatos de trabalhadores e 6 mil patronais. São exageros. A nossa legislação trabalhista remonta meados do século passado 1943 e precisa ser modernizada”, salientou.
Para Cadoca, o presidente Michel Temer fez “a opção correta” ao liderar as reformas. “São elas que vão melhorar o país. Os textos estão sendo bastantes discutidos e este é o processo correto. Esse processo foi feito com profundidade, as duas, não só a trabalhista, mas a previdenciária são urgentes, mas precisa valer também aquela reforma política, não dá para usar este modelo falido e corrompido que nós temos para as eleições de 2018. Não adianta fazer remendo”, argumentou.
Avaliação do governo Dilma x Temer
Ao LeiaJá, o deputado ainda fez uma avaliação comparativa das gestão da ex-presidente Dilma Rousseff com a de Michel Temer. Segundo ele, o peemedebista foi corajoso com as reformas, mas ainda não tem base social.
“Dilma, votei nela, mas ela foi um desastre. O primeiro governo dela, recebeu o país num momento de certa euforia. Não se tinha conhecimento da extensão da profundidade dos desmandos, que não foram feitos apenas pelos que estão no governo, mas envolve todo o sistema. Não adianta querer colocar panos mornos. Ela contribuiu para o agravamento das crises. Depois o Michel chega, já estava no governo, era o vice. Reconheço que ele não tem base social mínima. Dilma teve um certo momento, mas perdeu. Ela não existia como ente político, mas foi uma invenção que deu errado”, conjecturou.
*Com Taciana Carvalho