Ala do PSOL divulga resposta às acusações contra Edilson
Nesta terça-feira (30) foi divulgada uma carta de ruptura, assinada por 40 membros do PSOL de Pernambuco, com a corrente interna “Somos PSOL”
Após a divulgação de uma carta de ruptura de 40 membros do PSOL de Pernambuco, entre dirigentes e ex-candidatos a cargos eletivos, com a corrente interna “Somos PSOL” liderada pelo deputado estadual Edilson Silva, a ala divulgou um documento oficial respondendo às críticas levantadas pelo grupo. A nota, segundo a assessoria de imprensa do deputado, também será o posicionamento oficial de Edilson, que foi procurado pelo LeiaJá, mas está em viagem pela Mata Sul do estado, nas cidades atingidas pelas enchentes do último fim de semana.
Por meio de nota, o PSOL informou que documento traz, em grande medida, análises frágeis, mas traz também alguns fragmentos que merecem reflexão. A carta resposta conta da trajetória do partido no estado e do desafio da esquerda em se manter na política. “Mesmo pequenino e sem figuras públicas consolidadas, nos lançamos a desafiar o lulismo, o eduardismo/arraesismo, o petismo de João Paulo nos anos 2006, 2008, 2010, 2012 e 2014, anos em que a hegemonia destas forças em nosso estado era algo avassalador”.
O texto explica que o mandato do PSOL na Assembléia Legislativa certamente deve ter falhas. “Mas estas certamente não são emendas orçamentárias destinadas para creches no município de Gameleira (Mata Sul), ou para bibliotecas em Condado (Mata Norte), para o teatro de Camaragibe, para a Rádio Frei Caneca, para o Centro Estadual de Combate à Homofobia, para comunidades quilombolas no Sertão do Moxotó, ou para um pátio de feira na cidade do Moreno”.
A carta de ruptura foi divulgada nessa segunda-feira (29) e entre as acusações, o grupo afirmou que Edilson tem guiado a corrente com uma política centralista, autoritária, sem transparência e diálogo. Além disso, eles ainda questionam a falta de um projeto político, falta de legitimidade dos espaços deliberativos e classificam o “Somos PSOL” como um projeto de “ficção”.
Confira a resposta completa:
"Um documento assinado por filiados do PSOL-PE foi divulgado informando uma ruptura de nossa corrente política. O documento traz, em grande medida, análises frágeis, mas traz também alguns fragmentos que merecem reflexão. Em respeito aos que caminham conosco e, antes de mais nada, pelo diálogo e a unidade, fazemos aqui uma rápida resposta.
A construção do PSOL, no Brasil e em Pernambuco, tem sido um desafio gigantesco para a esquerda, mas em nosso Estado este desafio tem sido maior. Mesmo pequenino e sem figuras públicas consolidadas, nos lançamos a desafiar o lulismo, o eduardismo/arraesismo, o petismo de João Paulo nos anos 2006, 2008, 2010, 2012 e 2014, anos em que a hegemonia destas forças em nosso estado era algo avassalador. Anos em que nadamos contra a corrente e em que o PSOL não atraia para as suas fileiras quadros dispostos ao enfrentamento eleitoral.
Isto se refletiu também em 2012, quando não conseguimos montar uma chapa proporcional para conquistar nosso mandato parlamentar na Câmara do Recife, mesmo com nosso candidato prioritário tendo quase 14 mil votos. A despeito da nota que rompe com nossa corrente, a não eleição do nosso candidato, terceiro mais votado da cidade, obviamente não ocorreu por demérito seu, mas por outras circunstâncias, entre elas o fato de muitos críticos que assinam esta carta de ruptura estarem naquela época ainda filiados ao PT e apoiando seus respectivos candidatos.
Felizmente, muitos fizeram uma reflexão e vieram ao PSOL após nossa vitória em 2014, quando, por campanha e tática ousadas, arriscamos ganhar um mandato, e ganhamos. Vários destes recém-filiados foram candidatos então em 2016, com apoio do nosso mandato, ano em que elegemos nosso primeiro vereador e uma mulher do PSOL foi a segunda mais votada do partido no Recife e uma das mais votadas da esquerda da cidade. Vitórias importantes, mas relativizadas propositadamente na carta de ruptura. Preferem fazer uma crítica à nossa defesa do empreendedorismo naquela eleição, numa cidade de desempregados e de mercado informal, com falta de creches e desprezo profundo pela cidadania do nosso povo. Preferem ocultar que nossa campanha em 2016 foi invisibilizada por regras eleitorais que nos tiraram dos debates e nos deram poucos segundos de propaganda no rádio e TV.
Nosso mandato na Assembléia Legislativa certamente deve ter falhas, como colocam em sua carta, mas estas certamente não são emendas orçamentárias destinadas para creches no município de Gameleira (Mata Sul), ou para bibliotecas em Condado (Mata Norte), para o teatro de Camaragibe, para a Rádio Frei Caneca, para o Centro Estadual de Combate à Homofobia, para comunidades quilombolas no Sertão do Moxotó, ou para um pátio de feira na cidade do Moreno.
Preferem não dizer que nosso mandato se coloca ao lado dos sem teto, das juventudes que ocupam escolas em defesa da educação pública, dos coletivos antiproibicionistas, das mulheres, das lutas de LGBTTI, das lutas em defesa do transporte público, da saúde pública, da agroecologia. Preferem não dizer que nosso mandato foi o único a ir desafiar Bolsonaro e seus seguidores num plenário hostil da Assembleia Legislativa. Preferem não dizer que o mandato do PSOL na ALEPE se colocou na linha de frente contra a violência policial que matou o jovem Edivaldo em Itambé. Preferem não dizer que nosso mandato, o mandato do PSOL, tem um negro como seu titular.
No momento em que os signatários da carta de ruptura escreviam suas linhas de diferenciação com nossa corrente, mirando demasiadamente em um deputado e no mandato que tanto nos honra e a eleitores/as pernambucanos/as do PSOL, estávamos no município de Gameleira, dialogando com o povo vitimado por mais uma enchente. Estávamos juntos aos defensores de direitos humanos, desafiando os deputados conservadores, na luta contra os atuais 17 homicídios por dia em nosso Estado. Estávamos lutando contra a precarização do trabalho na saúde pública de Pernambuco. Continuamos e continuaremos nesta luta.
Respeitamos alguns pontos de vista dos que agora rompem conosco. Com estes queremos estar ombreados em muitas lutas. Discordamos, porém, de muitas críticas que nos são feitas, pois são personalistas, eximem de responsabilidade os coletivos e não ajudam na reflexão sobre os rumos do nosso partido e da esquerda. De nossa parte, continuaremos a tratar as diferenças políticas com o máximo de respeito e como pontos de vista que precisam se respeitar. Somos uma corrente humanista e libertária, socialista, em construção e em constante reflexão. Sabemos que nossos adversários estão localizados entre os que constróem suas riquezas sobre a pobreza das maiorias. Que consigamos fazer, mesmo na diversidade e nas divergências, a nossa necessária unidade".