Presidentes da Fiepe e da CNI são presos em operação da PF

Ricardo Essinger e Robson Braga de Andrade foram presos em Brasília

por Pedro Bezerra Souza ter, 19/02/2019 - 10:33 Atualizado em: ter, 19/02/2019 - 12:02
Reprodução/ Agência CNI Essinger foi preso em Brasília Reprodução/ Agência CNI

A Polícia Federal em Pernambuco divulga, na manhã desta terça-feira (19), detalhes da Operação Fantoche, que  objetiva desarticular uma organização criminosa voltada a prática de crimes contra administração pública, fraudes licitatórias, associação criminosa e lavagem de ativos envolvendo contratos com o Ministério do Turismo e entidades do Sistema S - que envolve Sesc, Senac e Senai.

Foram expedidos 10 mandados de prisão temporária. Desses, sete são em Pernambuco. Dentre os presos pernambucanos está o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, que foi detido em Brasília. Já dos nomes nacionais, destaca-se o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, também preso na capital federal.

Os presos no Recife vão ser ouvidos na PF e depois encaminhados ao Centro de Observação e Triagem Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Dentro da operação, foram expedidos ainda 47 mandados de busca e apreensão sendo 29 em Pernambuco. 

Quatro empresas e um instituto são investigados pela operação da PF: Ateliê Produções Artísticas, Somar Intermediações, Idea Locação de Estruturas e Iluminação, a Aliança Comunicação e Cultura, além do Instituto Origami. Todas com sede no Recife.

Investigação

Segundo a Polícia Federal, a investigação aponta que este grupo de empresas, sob a tutela de uma mesma família, teria criado empresas de fachada para, por meio de convênios fraudulentos, desviar verbas. A apuração inicial aponta que o grupo já recebeu R$ 400 milhões decorrentes desses contratos.

“A investigação começou há alguns anos, a partir de uma empresa que estava recebendo grande parte de recursos para eventos culturais. Percebeu-se que esses valores estavam superfaturados e que foram criadas empresas de fachada. Conseguimos identificar também que o dinheiro não era destinado totalmente a essas produções culturais", detalhou o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Renato Madsen.

"Queremos investigar até que ponto esse esquema partiu do sistema S daqui e reverberou em outros Estados", acrescentou.

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O que dizem os investigados

O LeiaJá entrou em contato com a Fiepe, que afirmou, por meio da assessoria, que "o presidente, Ricardo Essinger, está prestando esclarecimentos na Polícia Federal. Todos os processos atendem, criteriosamente, às exigências licitatórias previstas em lei e a equipe técnica da entidade está à disposição para contribuir com a documentação que for solicitada pelos responsáveis pela investigação".

O sistema S, por sua vez, negou que esteja envolvido em qualquer esquema de corrupção. "O Sistema Fecomércio/Senac/Sesc em Pernambuco esclarece à opinião pública que nenhuma de nossas instituições está envolvida na Operação Fantoche, da Polícia Federal, que investiga um esquema de corrupção por meio de convênios com o Ministério do Turismo e algumas entidades do Sistema S. Vale lembrar que o Sistema S é composto por nove instituições corporativas voltadas ao treinamento profissional, pesquisa e assistência técnica e social. O Sistema Fecomércio/Senac/Sesc-PE reafirma que não praticou nenhum ato ilícito e não é citado ou investigado em nenhuma operação ou processo criminal", diz a nota da instituição.

Já a CNI, que teve o presidente preso, disse que acredita que tudo será devidamente esclarecido. "A Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem conhecimento de que o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, está na Polícia Federal, em Brasília, prestando esclarecimentos sobre a operação deflagrada na manhã desta terça-feira (19/02). A CNI não teve acesso à investigação e acredita que tudo será devidamente esclarecido. Como sempre fez, a entidade está à disposição para oferecer todas as informações que forem solicitadas pelas autoridades."

Em nota, o Ministério do Turismo informou que já tinha determinado auditoria completa em todos os instrumentos de repasse antes mesmo de tomar conhecimento da investigação da PF. A análise resultou no cancelamento de um contrato no valor de R$ 1 milhão. “O Ministério do Turismo, que não é alvo das buscas e apreensões da Operação Fantoche, está totalmente à disposição para colaborar com a investigação”, assegura a pasta, ao destacar que nenhum novo convênio foi assinado este ano.

Das demais empresas citadas, a Aliança Comunicação e Cultura disse que esta empenhada em prestar esclarecimentos à PF.

“A Aliança Comunicação e Cultura reafirma seu compromisso em produzir projetos culturais com conteúdo de altíssima qualidade, e que têm se traduzido em sucesso de público e de crítica por quase 20 anos. Ao longo desse tempo, levamos o que há de melhor no mundo das artes para mais de 10 milhões de brasileiros, em todos os estados da federação e no Distrito Federal, sempre com acesso gratuito. Reforçamos, ainda, que todos os nossos projetos passam por auditorias internas e externas, sem qualquer tipo de restrições quanto a qualidade e a entrega de TODOS os itens contratados. Nesse momento, estamos nos empenhando ao máximo para esclarecer todos os questionamentos levantados pela Polícia Federal. É do nosso maior interesse que tudo seja elucidado o mais rápido possível”, diz a íntegra do posicionamento.

Já o Instituto Origami ponderou que “é uma associação civil de direito privado, independente, sem fins lucrativos e apolítica. E informa que está colaborando com todas as demandas das autoridades no sentido de esclarecer eventuais dúvidas sobre os projetos que realiza”.

*Com a colaboração da repórter Giselly Santos

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