Covid-19: Brasil precisa de liderança, diz Mauro Mendes

O governador reconheceu que o governo federal tem enviado recursos para os governos locais, mas destacou que “dinheiro não é tudo”

qui, 25/06/2020 - 13:12
Reprodução/TV Senado Governador cobrou um ministro efetivo da Saúde Reprodução/TV Senado

O Brasil precisa de “uma liderança nacional” para conduzir o enfrentamento à pandemia de coronavírus. A opinião é do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), que participou nesta quinta-feira (25) de uma reunião remota da comissão mista criada para acompanhar as ações de combate à Covid-19.

Mendes reconhece que o governo federal tem enviado recursos para os governos locais. Mas destacou que “dinheiro não é tudo”. O representante de Mato Grosso criticou, por exemplo, o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter retirado do cargo dois ministros da Saúde durante a pandemia. O general Eduardo Pazuello, que comanda a pasta desde maio, atua como interino.

"Tenho que reconhecer que o governo federal faz um esforço sob o ponto de vista financeiro para ajudar estados e municípios. Mas o dinheiro, que é sempre importante, não é tudo. Nós precisaríamos de uma articulação mais presente e mais próxima. Uma liderança nacional para conduzir esse momento grave do nosso país. Essa característica de interinidade gera instabilidade. Trocar três ministros da Saúde em um período tão crítico não é algo razoável. Espero que o governo possa pacificar isso. Se é para continuar lá o ministro Eduardo Pazuello, que o confirme definitivamente", cobrou.

Mauro Mendes preside o Consórcio Brasil Central, uma autarquia pública que representa o Distrito Federal e os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão e Rondônia. Ele disse que a falta de medicamentos dificulta o enfrentamento da pandemia de coronavírus na região Centro-Oeste. Segundo o governador, a alta procura pelos remédios que compõem o chamado “kit covid” — como a ivermectina e azitromicina — gera aumento de preços e inibe a ação dos gestores públicos.

"Está sendo uma verdadeira loucura encontrar. Os preços dispararam. Os gestores públicos estão com medo de comprar e daí a pouco ver a Polícia Federal batendo na porta. Se tem alguma compra que foi feita com 20% ou 30% mais caro, o Ministério Público já está abrindo procedimento investigativo para dizer que há superfaturamento. Temos uma realidade muito dura. Faltam medicamentos, os preços explodiram e os gestores estão com medo de comprar e depois ter que responder pelo resto da vida por ações improbidade. Grande parte da população já acha que ali tem rolo, confusão. E isso cria um ambiente muito hostil que depõe contra o interesse maior, que é tomar providencias para atender nossa população", disse.

Além da falta de medicamentos, o governador aponta a carência de profissionais de saúde como um obstáculo ao enfrentamento da pandemia.

"Não temos médicos para todas as UTI que tentamos ou conseguimos abrir. Não temos os profissionais qualificados. Alguns abandonam seus postos de trabalho: quando se contaminam, eles precisam se afastar. É uma realidade muito difícil", admitiu.

Mauro Mendes disse que a pandemia chegou “um pouco atrasada ao Brasil Central”. Mas afirmou que os estados da região já sofrem com os desdobramentos da crise.

"A pandemia traz consequências graves na saúde pública. Cria uma demanda que não estávamos preparados para atender. Todo mundo correu para abrir novos leitos de UTI e hospitais. Mas, mesmo assim, na grande maioria dos estados esses esforços não são suficientes para atender o grande número de pessoas contaminadas e que precisam de um leito público", reconheceu.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 1,1 milhão de casos confirmados de covid-19, com 53,8 mil mortes. A região Centro-Oeste responde por 73.520 casos e 1.357 óbitos. Mato Grosso tem 11.443 casos da doença e 443 mortes.

*Da Agência Senado

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