Bolsonaro para Hajjar: "lockdown no Nordeste vai me foder"

Declaração foi feita durante reunião com a cardiologista Ludhmila Hajjar nesta segunda-feira (15). A médica rejeitou o convite ao Ministério da Saúde, alegando conflito de interesses

por Vitória Silva seg, 15/03/2021 - 18:55
Marcelo Camargo/Agência-Brasil Presidente Bolsonaro em coletiva no Planalto Marcelo Camargo/Agência-Brasil

Uso da cloroquina, restrições sociais, aborto e armamento foram alguns dos temas abordados na reunião entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a cardiologista Ludhmila Hajjar, convidada para assumir o Ministério da Saúde em uma nova troca na pasta. Durante o encontro, Bolsonaro demonstrou preocupação com novas implementações de quarentena no Nordeste, alegando que as medidas restritivas podem afetar o seu eleitorado na região. “Você não vai fazer lockdown no Nordeste para me foder e eu depois perder a eleição, né?”, perguntou o chefe de Estado à convidada, segundo o site Poder 360.

As informações obtidas nos bastidores mencionam ainda uma participação do ex-ministro interino da Saúde Eduardo Pazuello na conversa. O antigo chefe de ministério havia contraargumentado a médica no assunto distanciamento social e restrições mais rígidas, ao dizer que possui dados divergentes dos apresentados pelos governadores e que os líderes estaduais estariam mentindo sobre a situação de colapso na região.

Alegando “falta de convergência técnica”, Hajjar declarou ainda nesta segunda-feira (15) que rejeitou o convite. Desde que o seu nome foi cogitado para o cargo, a médica afirma também estar recebendo ameaças de morte.

A cardiologista também foi perguntada sobre o armamento da população, sobre o qual disse ser pessoalmente contra, mas direcionou a competência do assunto às polícias e Forças Armadas do país. Não se sabe qual foi o posicionamento da especialista quanto ao aborto.

Sobre o uso medicamentoso da Cloroquina contra a Covid-19, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, apesar da ausência de comprovação científica, Ludhmila Hajjar disse que é preciso “olhar para a frente”. Bolsonaro defendeu a liberdade dos profissionais da saúde em prescreverem o que quiserem, e nesse tópico também houve divergência entre os dois.

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