Ex-assessoras denunciam Alcolumbre por ‘rachadinha’

A informação foi divulgada pela revista Veja. Segundo a publicação, as funcionárias disseram que foram contratadas, mas não chegaram a trabalhar no gabinete e recebiam menos de um salário mínimo. Em alguns casos, o salário somado aos benefícios era de R$ 14 mil

sex, 29/10/2021 - 12:06
Marcos Oliveira/Agência Senado Senador Davi Alcolumbre Marcos Oliveira/Agência Senado

Seis moradoras da periferia do Distrito Federal denunciaram que o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), atual chefe da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), montou um esquema de ‘rachadinhas’ em seu gabinete. A informação foi divulgada pela Revista Veja. Segundo a publicação, elas foram contratadas como assessoras, com salários entre R$ 4 mil e R$ 14 mil, mas eram obrigadas a devolver a maior parte da quantia e nunca chegaram a trabalhar com o ex-presidente do Senado.

No já conhecido esquema de desvio de recursos públicos sustentado por diversos políticos, as contratadas eram pessoas humildes, que precisavam abrir conta no banco, entregar a senha e o cartão a uma pessoa ligada ao senador e, na maioria das vezes, ganhavam menos de um salário mínimo sem sequer ir ao Congresso, apontou a Veja.

Nem os benefícios, nem as verbas rescisórias eram repassadas a elas no esquema que desviou, de acordo com a publicação, pelo menos R$ 2 milhões entre janeiro de 2016 e março de 2021.

Cada senador pode gastar R$ 280 mil por mês com seus assessores para auxiliar nas atividades do mandato. As escolhidas para qualificar o gabinete de Alcolumbre foram uma diarista, uma estudante, uma desempregada e três donas de casa. Todas sem curso superior ou alguma experiência legislativa.

Elas admitem que toparam participar do esquema, porém se sentem envergonhadas pelo período ligado ao senador. A única exigência para trabalho era que não contasse sobre a contratação a ninguém, nem frequentasse o gabinete, apenas para deixar os documentos necessários.

Sem receber até mesmo a gratificação natalina, embora ocupassem cargos de assessor sênior e júnior, uma das funcionárias fantasma chegou a ser solicitada a recrutar mais cinco mulheres, preferencialmente com filhos pequenos, já que o valor da bolsa para cada criança em fase pré-escolar é de R$ 830.

Demitidas sem aviso prévio no fim da gravidez, após perder os R$ 800 mensais, três contratadas movem um processo contra Davi Alcolumbre por ter o contrato interrompido na gestação e requerendo seus direitos trabalhistas.

O senador afirmou à reportagem que não se lembra das funcionárias e garantiu que ninguém estava autorizado a ficar com os respectivos salários. Ele pontuou que a contratações eram de responsabilidade do então chefe de gabinete, Paulo Boudens, que foi exonerado em 2020.

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