Erica Malunguinho ressalta violência estrutural na Alesp
“Isso é uma construção histórica baseada numa lógica de poder, no qual as mulheres são sempre o lado mais frágil da corda", disse a deputada
Ao votar favorável à cassação do mandato do deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), mais conhecido como Mamãe Falei, em processo por quebra de decoro parlamentar por áudios vazados sendo machista e misógino com mulheres ucranianas, a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) pontuou que o caso relata uma violência simbólica contra as mulheres.
“Isso é uma construção histórica baseada numa lógica de poder, no qual as mulheres são sempre o lado mais frágil da corda. Isso, o que parece muito bobo, papo de homem, demonstra o exercício de poder e é necessário que a gente estanque e corte o mal pela raiz”, afirmou a deputada.
Malunguinho destacou a relativização do processo por parte da população e pela defesa de Arthur do Val. “O meu posicionamento não é nenhum tipo de afeto ou desafeto, porque eu nunca nutri nenhum tipo de sentimento pelo deputado Arthur do Val. Diante disso, quero afirmar que essa violência que aconteceu a partir da fala de Arthur do Val, por mais que muita gente tente relativizar o processo dizendo que ele teve um ato falho e que não era passível de cassação, é como se a gente estivesse fingindo e colocando para debaixo do tapete algo muito maior”.
Com relação ao conteúdo do áudio vazado, tendo uma das partes que o deputado afirma que as ucranianas “são fáceis porque são pobres”, Erica ressalta a violência estrutural. “Não estou falando apenas dessa fala pontual, estou falando de uma história de violência, estrutura e lógica de poder do homem. Isso, uma ‘fala banal’ é o que gera estupro e feminicídio, ou vocês acham que a pessoa acorda e fala ‘vou matar a minha mulher hoje’?”, questionou.
A deputada comentou da vez que sofreu LGBTQIA+fobia na Alesp, assim que tomou posse, e ressaltou que a “política brasileira não pode mais ser palco para violência”. “Lembro da vez que [o deputado] Douglas Garcia, assim que entrei nesta Casa, falou no microfone que tiraria uma mulher trans e travesti às tapas do banheiro e chamaria a polícia. Eu não estou falando isso para te lembrar [direcionada ao deputado] que não vou esquecer, mas para dizer que não estou aqui por palanque político. Tenho vergonha e fico triste com o que está acontecendo. Todas as pessoas não devem superar a razão de que há um problema histórico estrutural dentro desta instituição e que precisa ser tratado com o rigor cabível a este lugar. A política brasileira não pode mais ser palco para a violência”.