Bolsonaro diz que Milton deve responder pelos seus atos

Antes afirmando que botava a cara no fogo pelo seu ministro, Bolsonaro agora sinaliza que é cada um por si

por Jameson Ramos qua, 22/06/2022 - 10:57
Isac Nóbrega/PR Presidente Jair Bolsonaro estático em primeiro plano, com a bandeira do Brasil atrás Isac Nóbrega/PR

Na manhã desta quarta-feira (22), após a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) - que antes afirmava colocar "a cara no fogo" pelo então ministro, disse que ele "responda pelos seus atos".

O mandatário destacou ainda que a prisão de Ribeiro é sinal de que não interfere na Polícia Federal. “O caso do Milton, pelo que eu estou sabendo, é aquela questão que ele estaria com uma conversa meio informal demais com pessoas de confiança dele. E daí houve denúncia que ele teria buscado prefeito, gente dele para negociar, para liberar recurso, isso e aquilo. Bem, o que acontece: nós afastamos ele. Se tem prisão, é Polícia Federal. É sinal que a Polícia Federal está agindo”, assegurou em entrevista à Rádio Itatiaia.

Essa declaração mostra uma mudança de posição do presidente, que afirmou no dia 24 de março deste ano, dias antes de Milton pedir demissão, que confiava no seu ministro e que seria uma covardia o que estavam fazendo com ele.

“O Milton, coisa rara de eu falar aqui, eu boto a minha cara no fogo pelo Milton. Minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia com ele”, afirmou o chefe do Executivo.

Agora, Bolsonaro diz que essa prisão pode respingar nele. "Isso vai respingar em mim, obviamente. Tenho 23 ministros, mais de 20 mil cargos de comissão. Minha responsabilidade é afastar e auxiliar na investigação. Essa operação tem PF, deve ter CGU ajudando a elucidar o caso", detalhou.

Milton foi preso pela PF preventivamente por suspeita de um "gabinete paralelo" instalado no Ministério da Educação durante a sua gestão para favorecer pastores e seus aliados na distribuição de verbas da pasta. 

O ex-ministro está sendo acusado de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. A audiência de custódia de Ribeiro está prevista para acontecer nesta quinta-feira (23). 

A operação, que apura a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, foi batizada como "Acesso Pago" e ainda busca cumprir outras quatro ordens de prisão. A Polícia Federal também fez buscas nos endereços dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, dupla suspeita de estar no centro do esquema. 

COMENTÁRIOS dos leitores