O que esperar da CPI? Parlamentares de PE comentam

Políticos da situação, buscam saber o que aconteceu exatamente uma semana após a posse de Lula. Já a direita, alega culpa o governo pelos atos golpistas

por Rachel Andrade qua, 26/04/2023 - 17:36
Reprodução/Youtube Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Reprodução/Youtube

Nesta quarta-feira (26) o Congresso Nacional se reuniu para a leitura do requerimento que pede a abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que vai investigar e encontrar possíveis culpados dos atos golpistas que aconteceram no dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Já é sabido que a instauração da Comissão Parlamentar (CPMI) dos atos golpistas é esperada por todos. O Governo Federal se mostrou favorável à sua criação, assim como deputados da oposição, como os do União Brasil, entre outros agrupamentos políticos. E é exatamente esse “acordo em comum” que torna esse processo de investigação mais intrigante. De um lado, políticos da esquerda que, sendo da situação, buscam saber o que aconteceu exatamente uma semana após o presidente Lula (PT) ter tomado posse. Do outro lado, a direita patriota, alegando que os atos golpistas em Brasília aconteceram por uma negligência da gestão atual.

O deputado Coronel Meira (PL-PE), por exemplo, publicou, na última segunda-feira (24), um vídeo no seu perfil no instagram declarando apoio à CPI e pedindo afastamento e prisão do ministro da Justiça Flavio Dino. O parlamentar alega que o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), Gonçalves Dias, havia denunciado Dino por não ter repassado informações sobre ataques planejados para o dia 8 de janeiro, que ele teria recebido no dia anterior da Polícia Federal.

“Se o ministro do GSI, que é diretamente ligado ao presidente da República, não recebeu essas informações, nós perguntamos: será que Flávio Dino repassou informações para Rodrigo Pacheco, para luiz fux, para alexandre de moraes, para que eles pudessem tomar as medidas preventivas para impedir que as Casas fossem invadidas?”, questiona o deputado em seu vídeo.

Ao LeiaJá, a assessoria de comunicação do deputado Coronel Meira afirmou que ele é um forte nome da oposição para integrar a comissão como membro titular.

Situação se posicionou desde o início

O debate na situação mantém o tom de defesa, mas sem apontar nomes, a não ser os dos apoiadores do ex-presidente da república. O senador Humberto Costa (PT-PE) comentou ao LeiaJá que as posições já estavam sendo tomadas, tanto pelo Governo Federal, quanto por outros institutos, como o Ministério Público Federal (MPF) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Quem pediu aquela CPI fomos nós. Apoiamos de imediato. Mas as investigações foram acontecendo por parte do governo federal, MPF e STF, então perdia o sentido uma investigação do Congresso que não tem os mesmos instrumentos que esses órgãos. Mas as investigações vão seguir. O que queremos mesmo é que todos que atacaram a nossa democracia seja financiando, depredando ou incitando atos contra os três poderes sejam punidos por seus crimes", ele declarou.

“Postura de histerismo da oposição”

Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, a senadora Teresa Leitão (PT-PE) falou sobre as motivações dos aliados do governo, além de comentar sobre os riscos que a polarização pode trazer aos resultados da CPMI.

“As minhas expectativas são de que se consiga contornar essa postura de histerismo da oposição e a CPMI possa fazer seu trabalho. Mesmo com a polarização existente, os trabalhos não podem ser prejudicados”, declarou a parlamentar.

O posicionamento da situação se mantém conciso, com o discurso alinhado, como demonstra Leitão ao mencionar que as motivações do governo são as mesmas do início do processo: “investigar e punir para preservar a democracia atingida no dia 8 de janeiro.”

“Desde o início do processo o governo está investigando. As evidências de envolvimento da turma de Bolsonaro estão vindo à tona. E na CPMI ficarão nítidas também. Estamos confiantes nas investigações feitas pelos órgãos competentes, mas como a possibilidade da CPMI ganhou força, vamos à ela sem ter o que temer.

A oposição tentou acuar o governo dando uma conotação de disputa política antecipada à CPMI, como se somente eles quisessem investigar. Isso caiu por terra e o discurso agora já é outro. Os debates devem repetir o método usado pela oposição durante os últimos anos: disputa de narrativa, uso de fakes news, desvio de foco”, finalizou a senadora.

Abertura da CPMI

No início da sessão conjunta no Congresso Nacional, na tarde de hoje, o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, informou que recebeu o requerimento para a abertura da CPMI, de autoria do deputado André Fernandes. Foi, então, solicitado que os líderes indiquem os nomes dos membros dos partidos e blocos para integrarem a Comissão, obedecendo a proporcionalidade. O documento será enviado, após publicação, às Lideranças das Casas Legislativas.

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