Instituições repudiam fala de vereadora sobre deficientes

Zirleide Monteiro (PTB) foi duramente criticada por ter dito, em plenário, que crianças com deficiência são “castigo de Deus”

qua, 01/11/2023 - 10:04
Reprodução Reprodução

A fala da vereadora do município de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, sobre crianças com deficiência vem repercutindo negativamente nas redes sociais e instituições. Zirleide Monteiro (PTB), afirmou, na última segunda (30), na plenária da Câmara Municipal, que uma mulher que teria feito um vídeo com chacotas direcionadas a ela tem um filho com deficiência “por castigo de Deus”. 

A mulher citada pela vereadora não foi identificada. Ela é mãe de um jovem de 18 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Zirleide e a mulher citada teriam se desentendido dias atrás, antes da sessão. A declaração, no entanto, causou revolta. O presidente da Câmara, Wevertton Siqueira, repudiou a parlamentar. "Eu acho que a senhora foi muito infeliz em suas palavras, em dizer que o filho de uma mãe veio deficiente porque é um castigo de uma pessoa ser ruim ou de uma pessoa ser boa. Eu acredito que a senhora foi muito infeliz, eu quero pedir desculpa em nome da vereadora Zirleide, eu como presidente, eu quero pedir desculpa em nome dela a todas as mães que têm um filho deficiente aqui em Arcoverde, em Pernambuco e em todo o Brasil", disse.

O Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos dos Autistas (IBDTEA) apresentou nesta terça (31) uma notícia-crime ao Ministério Público de Pernambuco contra a vereadora por crime de discriminação. Através de nota, o IBDTEA comentou a atitude da parlamentar. “Após ser chamada a atenção pelo presidente da Câmara, a vereadora se negou a pedir desculpas à mulher e voltou a realizar um discurso intolerante. De acordo com as leis brasileiras, a parlamentar infringe o artigo 88 da Lei Brasileira de Inclusão que determina que é crime contra a pessoa com deficiência: ‘Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência, crime que prevê pena de um a três anos de reclusão e multa’”.

 A AMAR - Aliança de Mães e Famílias Raras também emitiu uma nota de repúdio. “É inadmissível que qualquer representante eleito faça declarações que firam a dignidade e o respeito de um grupo tão vulnerável e lutador em nossa sociedade. As palavras da vereadora não apenas são vergonhosas, mas também difundem uma mentalidade que vai contra os princípios de inclusão, igualdade e respeito que todos devemos defender. Repudiamos veementemente as palavras da vereadora e instamos a sociedade a se unir nesse repúdio, defendendo os valores de respeito, compreensão e solidariedade que são fundamentais para a construção de um mundo mais igualitário e acolhedor para todos”.









 

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