Morre o ex-deputado Waldemar Borges, o Deminha

Deminha era pai do deputado estadual Waldemar Borges e sogro da ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos

sex, 29/12/2023 - 12:56
Reprodução/Instagram Deminha e o filho, deputado Waldemar Borges Reprodução/Instagram

Morreu, nesta sexta-feira (29), o ex-deputado estadual Waldemar Borges Rodrigues, mais conhecido como Deminha. Ele era pai do deputado Waldemar Borges (PSB), que comunicou o falecimento em publicação no Instagram. A causa da morte não foi divulgada.

"Comunico o falecimento de meu pai, ocorrido hoje pela manhã, no Recife. É um momento de muita dor e tristeza, mas também de agradecimento. Agradecer pelo privilégio, muito grande privilégio, de ter contado com um pai cuja vida foi um testemunho de decência, correção, generosidade e coerência. Valores que ele transmitiu, sobretudo, através de atitudes - algumas tomadas em momentos muito difíceis. Os ensinamentos repassados através dos inúmeros exemplos que deixou, continuarão sempre a inspirar nossos passos", escreveu. 

Deminha foi eleito deputado em 1966 e teve o seu mandato cassado durante o AI5. Em uma sessão comovente, a Assembleia Legislativa restituiu simbolicamente seu mandato em 2012.

Foto - Acervo Pessoal

O velório do ex-deputado será na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) a partir das 17h. Já o sepultamento será logo em seguida, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife.

Trajetória

Waldemar Alberto Borges Rodrigues Filho, conhecido como Deminha, nasceu no Recife em 8 de novembro de 1930. Começou a fazer política como estudante no Diretório Acadêmico de Agronomia. Ingressou formalmente na política em 1962 quando foi nomeado para a Superintendência para a Reforma Agrária – Supra. Em 1964, por ser muito ligado aos sindicatos rurais e as Ligas Camponesas, Miguel Arraes pediu a ele para mobilizar os camponeses para resistir ao golpe militar, mas voltou dos engenhos que visitou com poucos camponeses e acabou sendo recebido pelo Exército. Acabou tendo que entrar na clandestinidade com então 33 anos.

Foi eleito deputado estadual pelo MDB em 1966 e teve seu mandato cassado quando foi instituído o AI5. Voltou para a semi-clandestinidade e foi reorganizar os movimentos camponeses para depois fugir do Brasil rumo ao Paraguai, onde passou seis anos. Lá continuou engajado nos movimentos políticos. Trabalhou no BID e depois foi convidado para ser economista principal da OEA - Organização dos Estados Americanos - para Assuntos Agrários, quando se mudou para Washington, nos Estados Unidos, onde passou 10 anos. Visitou muitos países e conheceu muitas experiências de Desenvolvimento Agrário. Ainda na OEA foi nomeado Embaixador da OEA no Paraguai, onde passou mais cinco anos.

Foto - Acervo Pessoal

Voltou para o Brasil, em 1987, a chamado de Miguel Arraes para assumir o Prorural. Logo depois saiu e trabalhou na iniciativa privada elaborando projetos de desenvolvimento rural. Depois foi secretário adjunto de Agricultura no governo de Carlos Wilson e coordenador do DNOCS em Pernambuco. Ainda trabalhou no Promata durante o Governo Eduardo Campos.

Homenagens

A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), lamentou a morte do sogro. “Deminha sempre foi mais que um sogro encantador, um pai zeloso e um avô amoroso. Foi um amigo, um conselheiro, um exemplo. Um defensor incansável da democracia, um homem que por toda a sua trajetória trabalhou pelo bom e pelo justo. Afável, arguto, combativo e corajoso plantou uma semente e um legado que vejo crescer e se multiplicar nos filhos e netos. A gente queria ter a honra de passar mais tempo em sua presença. A gente vai guardar seu exemplo, sua inspiração e sua memória com todo amor, para sempre”, escreveu a ministra.

O presidente estadual do PSB, deputado estadual Sileno Guedes, solidarizou-se com os familiares e ressaltou que mesmo tendo o mandato cassado pela ditadura, o político seguiu atuante no Estado.

“Perdemos hoje o ex-deputado Waldemar Borges Rodrigues. Cassado pela ditadura, Deminha teve papel de destaque na luta sindical no campo e no contraponto ao regime militar. Mesmo sem mandatos eletivos, ele sempre exerceu um forte papel político em Pernambuco. Era sensível, sereno, bem-humorado e atencioso, características que carregava consigo e usava em favor daqueles que o rodeavam. Guardo boas lembranças do período em que atuamos juntos na Secretaria de Articulação Social e Regional no Governo Eduardo Campos”, disse, em nota.

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