O que é necessário para conquistar um emprego em Big Data?

computerworldpor Nowdigital qua, 07/11/2012 - 09:31

A avalanche de dados produzida por redes sociais, sensores, redes de abastecimento e todos os tipos de dispositivos estão criando novos empregos. O Gartner estima que Big Data exigirá a contratação de um exército de 4,4 milhões profissionais em todo o mundo até 2015. Em solo nacional, cerca de 500 mil vagas serão abertas nesse mercado, de acordo com o instituto de pesquisas.

Segundo um relatório do McKinsey Global Institute, de maio de 2011, intitulado “Big Data: The next frontier for innovation, competition, and productivity”, há escassez de talentos para as organizações iniciarem suas estratégias em Big Data. Acredita-se que essa lacuna seja o maior bloqueio para a adoção em massa da tecnologia pela indústria.

Michael Rappa viu essa tendência emergente em 2007 e tornou-se o diretor-fundador do Instituto de Análise Avançada da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Ele criou na instituição educacional um mestrado no programa de Analytics, o primeiro curso acadêmico dedicado à análise de dados. Sua ideia era capacitar profissionais para atuarem com a grande massa de dados. Agora, universidades nos Estados Unidos estão criando programas semelhantes, iniciativas que devem ser replicadas no Brasil.

Por aqui, empresas estão promovendo cursos de Big Data, como é o caso da EMC. A fabricante abriu processo seletivo para a primeira edição da Summer School on Big Data (Escola de Verão EMC em Big Data). O curso gratuito reunirá, de 4 a 7 de fevereiro de 2013, pesquisadores de todo o Brasil para um programa focado em temas relacionados ao processamento e a análise de grandes volumes de dados.







Como atuar na área

Rappa explica o que constitui um trabalho em Big Data e os tipos de treinamento que os profissionais terão de buscar para atuar na área. Segundo ele, seria um equívoco descrever empregos em Big Data simplesmente a partir de um conjunto de ferramentas ou linguagens de programação.

Leia também:



Cientista de dados: profissão do futuro?

O profissional que vai lidar com a tecnologia tem de ser experiente para poder extrair conhecimentos significativos a partir da avalanche de dados que invade as organizações. “Aí é que nasce a figura do cientista de dados”, resume Fernando Belfort, analista sênior de Mercado da Frost & Sullivan.

“Em meio a uma montanha de dados, o cientista de dados deve localizar padrões e identificar insights, fornecendo subsídios para que empresas identifiquem o melhor caminho para conduzir os negócios e conquistar diferencial competitivo”, explica Pedro Desouza, cientista de dados da EMC, que há 20 anos trabalha no segmento.

Com a rápida evolução desse mercado, Rappa afirma que, hoje, há um déficit de talentos na área. “Precisamos fazer mais para alinhar as ofertas educativas com as necessidades de rápida evolução do mercado”, avalia.

Ele afirma que no Instituto de Análise Avançada da Universidade da Carolina do Norte o número de vagas para profissionais interessados em especialização de Big Data dobrou do último ano para cá. “Se existissem mais dez institutos como esse, seriam 200 profissionais se formando ao ano. Ainda assim, isso representaria cerca de 1% do número de alunos matriculados em programas de MBA nos Estados Unidos”, destaca.

Para alunos de graduação em ciências, tecnologia, engenharia e matemática que querem seguir carreira em Big Data ele afirma que a boa notícia é que não é preciso um doutorado para atuar na área. “Tivemos grande sucesso com pessoas com nível de mestrado relatando que tiveram oportunidades imediatas”, relata.

Desde a fundação do Instituto, em 2007, ano após ano, segundo ele, a demanda por alunos se intensificou. “Os alunos que se formaram em maio passado realizaram uma média de 16 entrevistas de trabalho, e mais de 80% tinham duas ou mais ofertas de emprego”, detalha. “Quarenta empregadores foram até o Instituto para tentar contratar. Os seis maiores contrataram dois terços da classe. Pelo quinto ano consecutivo, mais de 90% dos nossos alunos foram empregadas pela graduação. Salários médios continuam a aumentar ano após ano”, observa.

No Brasil, lembra Belfort, não há certificações focadas no tema. “Esse profissional tem de ser criado pelas empresas e pela indústria a partir de uma necessidade”, ensina. “Fabricantes já começam a mapear o ecossistema para impulsionar o desenvolvimento da carreira de cientista de dados. Até porque, não se pode vender uma tecnologia sem ter quem operá-la. É como um barco sem comandante”, completa.

Para ingressar nessa seara

“Meu conselho para alunos de graduação é realizar um curso preparatório com os pré-requisitos necessários em matemática, estatística e ciência da computação, para se preparar para a pós-graduação. Isso significa ir além de um ano de cálculo e álgebra linear e matriz”, aconselha Rappa.

Para quem já está mais tempo no mercado, Rappa afirma que é preciso mergulhar em um rigoroso e intensivo treinamento por cerca de dez meses. “Não há nada como a proximidade física para maximizar o aprendizado”, acredita.

Como nem todos os profissionais podem abandonar seus trabalhos por dez meses, alguns podem acumular experiência na posição atual. “Certificações oferecidas por fornecedores e entidades podem ajudar os executivos a demonstrar seus conhecimentos e avançar a carreira”, completa.

As habilidades técnicas são apenas uma parte do pacote, avalia Rappa. “Os empregadores querem pessoas que entendem os métodos e as aplicações de análise, mas também que estejam focados no problema de negócios. Além disso, é preciso ser capaz de trabalhar em equipes multifuncionais e estabelecer comunicação de ideias aos executivos”, afirma.

Belfort afirma que o pessoal da área terá um salário acima da média e será disputado pelo mercado. “O profissional brasileiro de TI é um dos mais bem remunerados na América Latina e a tendência é que ele ganhe mais do que os demais”, observa.

Eliminando as barreiras de falta de talento e especialização, o analista da Frost acredita que cada vez mais o mercado brasileiro vai diminuir a distância e o tempo de adoção da tecnologia em comparação com geografias mais maduros. “É uma evolução natural”, finaliza.

COMENTÁRIOS dos leitores