Por que faço Tecnologia da Informação?

Profissional responde afirmações de alguns estudantes do curso de TI e desmistifica algumas frases ditas por eles

por Carol Dias qui, 01/05/2014 - 08:00
Reprodução Internet Não basta apenas gostar de computador para fazer o curso Reprodução Internet

Pensando nos profissionais que estão para se formar no mercado de TI e aproveitando o mote do dia do trabalhador, que é comemorado nesta quinta-feira (1), o Leiajá perguntou aos estudantes de ciência da computação, o porque de ter escolhido este curso e como eles acham que será o mercado de trabalho. Levamos as respostas para Celso Agra, mestrando em Engenharia da Computação, pela Universidade de Pernambuco (UPE), que já atuou como desenvolvedor e analista de sistemas, para que ele desmistificasse ou não algumas afirmações feitas por eles.

"Estou no curso de ciência da computação porque adoro computador"

Para fazer um curso de ciência da computação e entrar na área de TI realmente é necessário, pelo menos, gostar da sua principal ferramenta de trabalho, que será o computador. Estar acostumado com o gadget, apreciar o aparelho, é de total importância, no entanto, isso não deve ser fator crucial para a escolha da profissão. Conheço muitas pessoas que adoram computadores, começaram até o curso e saíram no meio da graduação. Conheço várias outras que apreciam a companhia do computador e não fazem nada relacionado a TI. O que realmente é necessário na nossa área é ser um curioso, experimentalista. Pessoas que curtam o novo e queiram compreender e solucionar o funcionamento das coisas ligadas a computação. 

"Me identifico com a área porque posso fazer apenas o que eu gosto, já que é um nicho em ascensão"

Quando se estuda o que se gosta é realmente o conjunto perfeito para o sucesso. Muitas vezes programar é uma terapia para mim. Me desligo de tudo no mundo e faço por prazer. No entanto, vale lembrar que TI é uma atividade do "meio", ou seja, o profissional está no projeto para resolver problemas de todas as áreas, e não tem muito o que escolher. Os programadores podem ser direcionados para resolver problemas de áreas como medicina, engenharia, por exemplo. Então, é necessário que o profissional entenda e compreenda a necessidade do cliente. Costumo dizer que para ser um bom em TI é necessário ser um desbravador de desafios. Com relação a área que está em ascensão é verdade, cada dia que passa a tecnologia da informação está mais no dia a dia das pessoas, e com certeza, como outras ciências, é um potencial muito grande ainda a ser explorado. 

"Entrei no curso de ciência da computação porque sei que não faltará emprego na área"

Realmente não faltará emprego na área, mas muito cuidado que o mercado nem sempre será tão generoso com você. Nem todas as empresas tem ciência dos direitos do profissional, e terminam explorando, oferecendo salários baixos. Desta maneira, a dica é ficar ligado e não se contentar apenas com o emprego, é necessário ser um pouco ambicioso nesta área. 

"O salário é bom"

Realmente, é bom ganhar um salário legal no inicio da sua carreira, mas com um tempo, necessidades vão aparecendo, família vão surgindo, filhos, e tudo mais. O salário continua a mesma coisa, deixa de ser bom e começa a te causar um problema. Então novamente, seja ambicioso e não se contente com um salário bom, procure sempre se atualizar, fazer cursos e realmente se especializar em uma área. Não fique estagnado na área da tecnologia. 

"Vejo que a linguagem da programação será uma língua obrigatória nos próximos anos e quero me especializar nisso"

Tudo bem que realmente acredito que a linguagem do código será fundamental no futuro, no entanto, não se precisa fazer um curso de ciência da computação para isso. Vários links e sites já ajudam as pessoas a entenderem a lógica. A linguagem de programação não é nada, a pessoa pode muito bem abrir o Google e ver como as pessoas implementam uma solução.

" É a profissão do futuro"

Certa vez um professor me falou: "A TI é uma profissão do futuro, mas não é uma profissão de futuro!" Então cuidado. Seja um bom profissional, e não se contente apenas com isso. Procure sempre se especializar e seja ambicioso, criativo e desafie os problemas que irão aparecer.

Dica do profissional - A Tecnologia da informação é essencial para solucionar os problemas atuais das diversas empresas e da sociedade. Para os que estão entrando neste universo, posso informar que é preciso compreendê-lo melhor, pois somos engenheiros, ou seja, construímos soluções. Por isso é preciso estudar muito e se especializar. Procure pesquisar mais sobre novas tecnologias ou áreas promissoras do mercado de TI (como por exemplo, soluções de Big Data). O mercado quer pessoas que estejam engajadas em melhorar o mercado de TI, pois precisamos de profissionais com qualidade.

Não se preocupem em procurar estágios no inicio do curso, procurem seus professores e os projetos que eles possuem, isso sim é mais importante, dedicar-se um pouco a área acadêmica. Estagiários que estão no início do curso, irão ser aproveitados de outra forma, portanto é bom pegar um estágio apenas na metade do curso, ou mais à frente, quando os estudantes estiverem aptos a resolverem soluções do mercado. Acredito que a prática e a teoria precisam estar alinhadas, afinal, tudo demais faz mal. Então é preciso conhecer bem a área acadêmica, e o meio corporativo.

Regulamentação da profissão - A grande reclamação da maioria dos profissionais de tecnologia é a regulamentação da profissão. Muitos afirmam que se houvesse um órgão regulamentador, com certeza haveria um apoio maior, que possivelmente, evitaria problemas no curso. Engenheiros de softwares que trabalham com curto prazo, esforços além do necessário, que muitas vezes ultrapassam 10 horas, sábados, domingos e feriados dedicados a empresa. Esses são fatores que costumeiramente existe na vida de um programador. Em contrapartida, existe o lado B da questão. Uma parcela dos profissionais acreditam que a regulamentação irá restringir o mercado para apenas as pessoas que possuem diploma. Ao analisar projetos de leis, eles incluem pessoas que não possuem diplomas mas que já estão consolidados no mercado. Talvez, se baseando nisso, o intuito da possível regulamentação não seria o de restringir o mercado, e sim apoiar o profissional que muitas vezes se encontra omisso devido a falta de um órgão que lute pelos seus direitos. 

COMENTÁRIOS dos leitores