‘Elden Ring’ coloca o gênero souls like em outro nível

Game apresenta diversas qualidades em seu gameplay, mas sofre com alguns problemas de performances; acompanhe a resenha

por qua, 16/03/2022 - 17:31
Divulgação/Bandai Namco Divulgação/Bandai Namco

Após seu primeiro anúncio na Electronic Entertainment Expo (E3) de 2019, o mais novo título da desenvolvedora japonesa FromSoftware, dirigido por Hidetaka Miyazaki, “Elden Ring” foi lançado para a antiga e atual geração de videogames. O título veio acompanhado de uma alta expectativa, devido à bagagem histórica da empresa e de seu criador.

 

Em 2009 a FromSoftware apresentava “Demon's Souls” ao mundo dos games, que se destacava por sua alta dificuldade punitiva, mas que recompensava o jogador a cada desafio superado. Dois anos depois, a fórmula foi aprimorada em sua sequência espiritual “Dark Souls” e, devido ao seu sucesso, as obras dirigidas Miyazaki se tornaram uma referência na indústria e popularizaram um novo subgênero dos jogos, o soulslike. 

Não demorou muito para que outras empresas começassem a desenvolver seus próprios soulslike, contudo, os jogos da FromSoftware sempre conseguiram trazer elementos inéditos para o estilo. Isso pode ser visto em “Bloodborne” (2015), que adicionou mais velocidade a fórmula e “Sekiro” (2019), que acrescentou mecânicas de espionagens ao subgênero.

Com “Elden Ring” não foi diferente, no entanto, a mudança desta vez não foi tão sutil, já que a grande novidade do título é o seu expressivo mapa aberto, uma abordagem que poderia tornar o game bastante repetitivo (como visto em muitos jogos do gênero), mas, para a alegria dos jogadores, o novo título de Miyazaki foi capaz de driblar todos os desafios.

Assim como na maioria dos jogos da FromSoftware, “Elden Ring” não pegará o jogador pela mão para guiá-lo por todos os pontos do mapa, portanto, será preciso muita dedicação para explorar o ambiente e encontrar todas as masmorras presentes no universo do jogo.

A exploração é o elemento que define “Elden Ring”, pois é por meio dela que a experiência com o game se completa. Para os mais apressados, existe sim um caminho único que leva para os eventos principais, que é apontado por meio dos Locais de Graça, checkpoints onde o jogador poderá distribuir os pontos de experiência do personagem, restaurar seus itens de cura e se teleportar para outras áreas.  

Porém, seguir apenas a história principal será um desperdício a todo o conteúdo presente no game, que não são apenas bem construído, mas também podem recompensar o jogador de diversas maneiras, desde itens especiais, magias, equipamentos e armas para os personagens e suas mais variadas classes, que facilitam a jornada e a torna ainda mais interessante.

Semelhanças com “Dark Souls”

Jogadores de “Dark Souls” se sentirão bastante familiarizados com “Elden Ring”, principalmente em ambientes fechados, que seguem um level design já conhecido do gênero. Já nas partes abertas, será possível utilizar o cavalo Torrent, um amigo que não apenas agiliza a exploração, como também se torna um grande parceiro em combates contra chefes. Todavia, seu uso fica restrito apenas para o mapa aberto.

O combate também se assemelha bastante a franquia “Dark Souls”, com um botão para golpes rápidos e outro para ataques mais pesados, onde ambos consomem pontos de uma barra de energia, que ao ser zerada, deixará o jogador enfraquecido por alguns segundos (tempo que poderá ser fatal).

Apesar das semelhanças, não seria justo definir “Elden Ring” apenas como um “Dark Souls 4” ou “Dark Souls de mundo aberto”, uma vez que este traz elementos que o torna único dentro do gênero e até oferece um modelo de exploração bem diferente do que é visto em muitos títulos de mapa aberto.

Em “Elden Ring” é possível ver referências a jogos como “The Legend of Zelda: Breath of the Wild” (2017), e “The Elder Scrolls V: Skyrim” em seu modelo de livre exploração, assim como “Shadow of The Colossus” (2005), já que o game dispõe de uma gama de inimigos gigantes, que muito se assemelham aos clássicos colossos.

Além disso, embora seja um título do subgênero soulslike, “Elden Ring” é o game mais acessível da FromSoftware. Não se engane, ainda existe um alto nível de desafio no jogo, mas algumas coisas o tornam bastante convidativo para novatos, desde a existência de um tutorial, checkpoints mais próximos dos chefes, maior tolerância a quedas e baixo consumo da barra de energia quando comparado a outros soulslike.

Comparações sempre existirão, mas “Elden Ring” conseguiu não apenas criar algo novo dentro de um subgênero bastante explorado na indústria, mas também provou que é possível apresentar um mundo aberto moderno, sem que este seja repleto de inúmeras missões repetitivas, mas sim, com aventuras que agregam o título como um todo.

Ainda não é perfeito

As qualidades apresentadas em “Elden Ring” são motivos de orgulho para a FromSoftware, contudo, alguns pontos negativos também se destacam na experiência e a desenvolvedora precisa olhar para eles com bastante cuidado, pois este é um produto que é vendido a preço cheio e certos erros são inadmissíveis em 2022.

A começar pela repetição de inimigos que fica evidente ao longo da jornada. Embora o mundo de “Elden Ring” seja bastante rico em seus elementos, existe uma baixa variedade de monstros a serem enfrentados, com pequenas alterações em seus visuais e mudança de força, a depender da área onde estão situados.

Algumas coisas ligadas ao mapa aberto também se tornam um incômodo no decorrer da partida, principalmente o fato de que o jogador é impossibilitado de visualizar o mapa se tiver qualquer tipo de inimigo em seu encalço, mesmo que estes representem ameaças mínimas e estejam a uma distância razoavelmente longa.

Outro ponto irritante envolve o cavalo Torrent. Durante as batalhas, sua fiel montaria pode ser nocauteada e para reabilitá-lo será preciso utilizar um frasco de cura, mas ao fazer isso, o jogo irá perguntar se o “jogador tem certeza que deseja reviver o cavalo?” e será preciso selecionar a opção “sim”. A grande questão, é que todo esse processo (que poderia ser simplificado) deve ser feito no calor da batalha, o que por muitas vezes resultará em morte instantânea.

Por fim, o maior deslize de “Elden Ring” acontece na otimização do game, principalmente em sua versão de PC. Em algumas áreas do mapa, o game apresenta quedas bruscas dos Quadros por Segundo (FPS) e em alguns momentos, chega a engasgar a ponto de congelar. Esse tipo de situação ocorre bastante em luta contra chefes, o que pode resultar em uma morte injusta do jogador.

Se não bastasse os problemas de performances, o game também apresenta crashes (fechamentos bruscos do jogo) aleatórios, que felizmente não são frequentes, mas que podem incomodar bastante.

Muitos desses problemas são injustificáveis, já que o título não apresenta grandes inovações gráficas e seu visual não é muito diferente de “Dark Souls 3” (2016). A má otimização é algo que está no histórico da FromSoftware há alguns anos e resta saber até quando este tipo de atitude será tolerada.

Mesmo com seus problemas, "Elden Ring" possui muitas qualidades que com certeza ditará os próximos jogos soulslike e também os RPGs de ação de mundo aberto. O título é um forte concorrente a game do ano e provavelmente será bastante utilizado como parâmetro de qualidade para futuros jogos.

“Elden Ring” está disponível para PC por R$249,90; PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S por 299,90.

Por Alfredo Carvalho

Palavras Chaves: Elden Ring, FromSoftware, soulslike, Hidetaka Miyazaki, mundo aberto

 

‘Elden Ring’ coloca o gênero souls like em outro nível

Game apresenta diversas qualidades em seu gameplay, mas sofre com alguns problemas de performances; acompanhe a resenha

 

Após seu primeiro anúncio na Electronic Entertainment Expo (E3) de 2019, o mais novo título da desenvolvedora japonesa FromSoftware, dirigido por Hidetaka Miyazaki, “Elden Ring” foi lançado para a antiga e atual geração de videogames. O título veio acompanhado de uma alta expectativa, devido a bagagem histórica da empresa e de seu criador.

Em 2009 a FromSoftware apresentava “Demon's Souls” ao mundo dos games que, se destacava por sua alta dificuldade punitiva, mas que recompensava o jogador a cada desafio superado. Dois anos depois, a fórmula foi aprimorada em sua sequência espiritual “Dark Souls” e, devido ao seu sucesso, as obras dirigidas Miyazaki se tornaram uma referência na indústria e popularizaram um novo subgênero dos jogos, o soulslike. 

Não demorou muito para que outras empresas começassem a desenvolver seus próprios soulslike, contudo, os jogos da FromSoftware sempre conseguiram trazer elementos inéditos para o estilo. Isso pode ser visto em “Bloodborne” (2015), que adicionou mais velocidade a fórmula e “Sekiro” (2019), que acrescentou mecânicas de espionagens ao subgênero.

Com “Elden Ring” não foi diferente, no entanto, a mudança desta vez não foi tão sutil, já que a grande novidade do título é o seu expressivo mapa aberto, uma abordagem que poderia tornar o game bastante repetitivo (como visto em muitos jogos do gênero), mas, para a alegria dos jogadores, o novo título de Miyazaki foi capaz de driblar todos os desafios.

Assim como na maioria dos jogos da FromSoftware, “Elden Ring” não pegará o jogador pela mão para guiá-lo por todos os pontos do mapa, portanto, será preciso muita dedicação para explorar o ambiente e encontrar todas as masmorras presentes no universo do jogo.

A exploração é o elemento que define “Elden Ring”, pois é por meio dela que a experiência com o game se completa. Para os mais apressados, existe sim um caminho único que leva para os eventos principais, que é apontado por meio dos Locais de Graça, checkpoints onde o jogador poderá distribuir os pontos de experiência do personagem, restaurar seus itens de cura e se teleportar para outras áreas.  

Porém, seguir apenas a história principal será um desperdício a todo o conteúdo presente no game, que não são apenas bem construído, mas também podem recompensar o jogador de diversas maneiras, desde itens especiais, magias, equipamentos e armas para os personagens e suas mais variadas classes, que facilitam a jornada e a torna ainda mais interessante.

 

Semelhanças com “Dark Souls”

Jogadores de “Dark Souls” se sentirão bastante familiarizados com “Elden Ring”, principalmente em ambientes fechados, que seguem um level design já conhecido do gênero. Já nas partes abertas, será possível utilizar o cavalo Torrent, um amigo que não apenas agiliza a exploração, como também se torna um grande parceiro em combates contra chefes. Todavia, seu uso fica restrito apenas para o mapa aberto.

O combate também se assemelha bastante a franquia “Dark Souls”, com um botão para golpes rápidos e outro para ataques mais pesados, onde ambos consomem pontos de uma barra de energia, que ao ser zerada, deixará o jogador enfraquecido por alguns segundos (tempo que poderá ser fatal).

Apesar das semelhanças, não seria justo definir “Elden Ring” apenas como um “Dark Souls 4” ou “Dark Souls de mundo aberto”, uma vez que este traz elementos que o torna único dentro do gênero e até oferece um modelo de exploração bem diferente do que é visto em muitos títulos de mapa aberto.

Em “Elden Ring” é possível ver referências a jogos como “The Legend of Zelda: Breath of the Wild” (2017), e “The Elder Scrolls V: Skyrim” em seu modelo de livre exploração, assim como “Shadow of The Colossus” (2005), já que o game dispõe de uma gama de inimigos gigantes, que muito se assemelham aos clássicos colossos.

Além disso, embora seja um título do subgênero soulslike, “Elden Ring” é o game mais acessível da FromSoftware. Não se engane, ainda existe um alto nível de desafio no jogo, mas algumas coisas o tornam bastante convidativo para novatos, desde a existência de um tutorial, checkpoints mais próximos dos chefes, maior tolerância a quedas e baixo consumo da barra de energia quando comparado a outros soulslike.

Comparações sempre existirão, mas “Elden Ring” conseguiu não apenas criar algo novo dentro de um subgênero bastante explorado na indústria, mas também provou que é possível apresentar um mundo aberto moderno, sem que este seja repleto de inúmeras missões repetitivas, mas sim, com aventuras que agregam o título como um todo.

 

Ainda não é perfeito

As qualidades apresentadas em “Elden Ring” são motivos de orgulho para a FromSoftware, contudo, alguns pontos negativos também se destacam na experiência e a desenvolvedora precisa olhar para eles com bastante cuidado, pois este é um produto que é vendido a preço cheio e certos erros são inadmissíveis em 2022.

A começar pela repetição de inimigos que fica evidente ao longo da jornada. Embora o mundo de “Elden Ring” seja bastante rico em seus elementos, existe uma baixa variedade de monstros a serem enfrentados, com pequenas alterações em seus visuais e mudança de força, a depender da área onde estão situados.

Algumas coisas ligadas ao mapa aberto também se tornam um incômodo no decorrer da partida, principalmente o fato de que o jogador é impossibilitado de visualizar o mapa se tiver qualquer tipo de inimigo em seu encalço, mesmo que estes representem ameaças mínimas e estejam a uma distância razoavelmente longa.

Outro ponto irritante envolve o cavalo Torrent. Durante as batalhas, sua fiel montaria pode ser nocauteada e para reabilitá-lo será preciso utilizar um frasco de cura, mas ao fazer isso, o jogo irá perguntar se o “jogador tem certeza que deseja reviver o cavalo?” e será preciso selecionar a opção “sim”. A grande questão, é que todo esse processo (que poderia ser simplificado) deve ser feito no calor da batalha, o que por muitas vezes resultará em morte instantânea.

Por fim, o maior deslize de “Elden Ring” acontece na otimização do game, principalmente em sua versão de PC. Em algumas áreas do mapa, o game apresenta quedas bruscas dos Quadros por Segundo (FPS) e em alguns momentos, chega a engasgar a ponto de congelar. Esse tipo de situação ocorre bastante em luta contra chefes, o que pode resultar em uma morte injusta do jogador.

Se não bastasse os problemas de performances, o game também apresenta crashes (fechamentos bruscos do jogo) aleatórios, que felizmente não são frequentes, mas que podem incomodar bastante.

Muitos desses problemas são injustificáveis, já que o título não apresenta grandes inovações gráficas e seu visual não é muito diferente de “Dark Souls 3” (2016). A má otimização é algo que está no histórico da FromSoftware há alguns anos e resta saber até quando este tipo de atitude será tolerada.

Mesmo com seus problemas, "Elden Ring" possui muitas qualidades que com certeza ditará os próximos jogos soulslike e também os RPGs de ação de mundo aberto. O título é um forte concorrente a game do ano e provavelmente será bastante utilizado como parâmetro de qualidade para futuros jogos.

“Elden Ring” está disponível para PC por R$249,90; PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S por 299,90.

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