Unesp faz estudo sobre aspectos fonéticos do interior

Objetivo da pesquisa foi entender quando ocorre a variação de vogal anterior à sílaba tônica das palavras. Falantes de regiões paulistas foram analisados

por Nathan Santos qua, 08/08/2012 - 16:19

A Universidade Estadual Paulista (Unesp), de São José do Rio Preto, realizou um estudo que analisa o comportamento da vogal anterior à sílaba tônica das palavras quando pronunciadas por falantes do interior paulista. De acordo com informações da instituição de ensino, a ideia é entender quando ocorre a variação dessa vogal e por qual motivo ela acontece.



O estudo contribui para a produção de materiais em prol do ensino de português direcionado a estrangeiros, além de proporcionar aprendizado para os próprios brasileiros, no momento em que é detectado que as crianças ora escrevem da maneira como falam, ou de forma como imaginam ser correto.



Os pesquisadores envolvidos no estudo identificaram que nas vogais que antecedem uma sílaba tônica, existe o fenômeno denominado alçamento vocálico. De acordo com a Unesp, através dele, as vogais “e” e “o” são pronunciadas, respectivamente, como “i” e “u”. Exemplos dessa variação no dialeto do interior paulista são as palavras “boneca”, que pronunciamos “buneca”, e “menino”, que pronunciamos “minino”.



Além disso, o estudo também constatou que na fala do interior paulista não acontece o abaixamento vocálico, que ocorre bastante na Região Nordeste do Brasil. “Coração” e “menino” são alguns exemplos, em que no Nordeste são pronunciados “córação” e “ménino”.



“Procuro entender quando acontece a variação dessa vogal na fala e por que essa variação acontece”, explica a doutoranda Márcia Cristina do Carmo, uma das pesquisadoras do estudo.



O estudo

A pesquisa possui vínculo com o Projeto PROBRAVO – Descrição Sócio-Histórica das Vogais do Português (do Brasil)–, coordenado pelos professores Seung-Hwa Lee, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Marco Antônio de Oliveira, da PUC de Minas Gerais. O estudo, segundo a Unesp, realiza investigações sócio-históricas e linguísticas sobre as realizações fonéticas das vogais em diversas variedades do português brasileiro.



No projeto, foram utilizadas 38 entrevistas do banco de dados do Iboruna, oriundas do Projeto ALIP (Amostra Linguística do Interior Paulista), que conta com amostras de fala espontânea de pessoas do noroeste paulista.   

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