O Brasil para intercambistas

Anualmente, 16 mil estrangeiros desembarcam no Brasil para estudar

por Carlos Alberto Prado dom, 28/10/2012 - 09:53
Montagem: Adriana Santos/LeiaJáImagens/ Imagens: Shutterstock Riqueza cultural do Brasil é um dos fatores para a escolha do país pelos intercambistas Montagem: Adriana Santos/LeiaJáImagens/ Imagens: Shutterstock

Intercâmbio pode ser definido como qualquer tempo que se passa em outro país tendo uma experiência de estudos ou trabalho, ou os dois combinados. Normalmente quando falamos desse tipo de viagem, associamos prontamente a brasileiros indo a outro país, contudo, a cada dia cresce o número de estudantes que vem ao Brasil em busca de conhecimento e experiência.

É fácil entender o que levou o estudante americano Fielding Russell, 22 anos, a trocar o conforto da cidade de Boone, nas montanhas da Carolina do Norte, pelo calor do Recife, quando ele conta sua paixão pela capital pernambucana. Segundo Fielding, uma das principais razões para ter escolhido o Brasil é a diversidade cultural. “Nos Estados Unidos, curso Global Studies (Estudos Globais). É essencial ter uma visão geral e diversificada do mundo”, conta o estudante, ainda com o forte sotaque de quem chegou há apenas dois meses no país.

Assim como Fielding, outros 16 mil estudantes desembarcam anualmente no Brasil a estudo, é o que aponta o Ministério das Relações Exteriores. Ainda é um número pequeno, se comparado aos mais de 280 mil brasileiros que cruzam a fronteira em algum programa de intercâmbio anualmente.

As principais razões, segundo a professora Elizabeth Siqueira, coordenadora do departamento de intercâmbio da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) seria além da dificuldade com a língua portuguesa, a complicada missão de encontrar um alojamento próximo à instituição de ensino. “Quando mandamos brasileiros para outros países, geralmente eles ficam no alojamento das universidades, geralmente baratos e muito confortáveis. Quando os estrangeiros chegam aqui, eles esperam encontrar a mesma coisa, por um preço mais acessível. É bem complicado”, avalia Elizabeth.

Outra dificuldade é falta de padronização entre os currículos brasileiros. Muitos estudantes não conseguem revalidar as disciplinas cursadas quando retornam a seus países. “Sempre alertamos tanto os alunos que estão indo, quanto os que vêm ao país, dessa dificuldade. Por isso eles cursam, normalmente, entre duas e quatro disciplinas”.

Quando perguntado sobre essas dificuldades, Fielding conta que com orientação e algumas pesquisas encontrou um bom lugar para morar durante os seis meses que ficará no país e escolheu bem as quatro disciplinas que cursa atualmente. “Moro perto da praia. É inacreditável poder sair para correr a noite, na areia, com a temperatura perfeita, encontrar os amigos e ao mesmo tempo estar perto da universidade. É bem diferente da minha cidade”, conta o estudante, entre elogios e comparação com a Appalachian State University, onde estuda, na fria cidade do leste dos Estados Unidos.

E ainda completa: “O brasileiro é muito receptivo. Além das cidades serem lindas e do clima ser muito confortável, todo mundo ainda me ajuda, mesmo fora do campus. Fiz várias amizades que espero levar comigo para sempre”

Entre as disciplinas que Fielding escolheu está sua favorita, Cultura Afro-brasileira. Ele compara a aula com a mesma cadeira paga na universidade americana. Segundo ele, uma das principais características que ele destaca do Brasil é a riqueza cultural. “Nos Estados Unidos não temos tantos ritmos, sabores e essa quantidade de raças tão interessante como no Brasil”, lembra Fielding.

Assim como qualquer outro intercâmbio, Elizabeth Siqueira destaca que é importante estar pronto para novas experiências. “Geralmente o Brasil é bem diferente do país de origem deles, mas todos eles sempre voltam maravilhados com nosso país e querendo voltar”, lembra a professora.

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