Pesquisa com macacos pode ajudar na educação de crianças

Estudo desenvolvido pela Escola Experimental de Primatas, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, tem como objetivo construir novos métodos para resolver problemas de aprendizagem

por Raiany Pinheiro sex, 12/02/2016 - 10:30
Lucas Moraga/LeiaJá Macacos-prego são utilizados em pesquisa da UFPA Lucas Moraga/LeiaJá

A Escola Experimental de Primatas (EEP), da Universidade Federal do Pará (UFPA), realiza pesquisa que visa estudar o potencial cognitivo do macaco-prego para resolver problemas de dificuldade de aprendizagem em crianças. O projeto, que é desenvolvido pela escola desde 1995 e vinculado ao Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento (NTPC/UFPA), coordenado pelo professor Olavo Galvão, estuda também as formas de vida social em cativeiro para planejar um ambiente mais saudável para os primatas.

Em entrevista ao portal LeiaJá, o professor Olavo Galvão explicou que o  projeto tem como objetivo estudar o potencial pré-simbólico do macaco-prego. “Os macacos são colocados numa câmara experimental e recebem questões propostas na tela do computador como teste. Usamos o toque nos estímulos como indicador de escolhas e, dependendo do estímulo escolhido pelo macaco, ele recebe uma recompensa”, contou.

Ainda segundo o professor, os macacos que foram submetidos a testes iniciais ainda vivem no cativeiro. “Para os macacos que foram testados inicialmente, ensinamos cada vez mais coisas complexas, aproveitando o que eles já aprenderam de testes anteriores”, informou.

De acordo com Olavo Galvão, transpor uma determinada descoberta que foi desenvolvida para ensinar pessoas e que agora ajuda a ensinar os macacos pode gerar métodos para ajudar muitas crianças com dificuldade de aprendizagem. “Ensinando os macacos que não têm comunicação, nós desenvolvemos tecnologias efetivas para ajudar crianças que têm dificuldades de comunicação a aprender. Nesse sentido, as pesquisas servem como um apoio de novas tecnologias para o ensino de pessoas com dificuldades de aprendizagem”, afirma.

O professor informou que, com base nos resultados dos experimentos com macacos, surgirão adaptações para crianças com dificuldades. “Se essas crianças não estiverem num ambiente muito apropriado na infância, elas acabam aprendendo de uma forma mais lenta que as demais. Então, para elas, essas tecnologias de ensino podem ser interessantes”, disse.

Para o professor, um dos avanços do projeto é a manutenção dos primatas em cativeiro. “Eles não podem ser devolvidos para a natureza. Os macacos-prego vivem em bando e esses daqui ou foram pegos muito pequenos e nunca viveram a vida selvagem, ou nós não sabemos de onde eles vêm. Então recolocá-los na natureza é uma coisa muito complicada e a chance deles sobreviverem é baixa”, contou.

De acordo com Olavo, o projeto leva o animal a apresentar uma discriminação usando a capacidade de demonstrar o que ele é capaz de relacionar, assim como uma criança, a estímulos. “Todo mundo fala que o macaco-prego é um bicho inteligente, mas na realidade você não consegue demonstrar as habilidades cognitivas desse animal. Mas aqui no laboratório nós conseguimos demonstrar como essa inteligência pode ser trabalhada para conhecimentos específicos”, informou.

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