Fies: saiba tudo sobre o programa que financia seu curso

Houve mudança em uma das regras que corresponde a quem pode ser beneficiado. Economista também mostra o caminho para o candidato arcar o financiamento sem dor de cabeça

por Camilla de Assis qua, 22/06/2016 - 15:14

Estudantes que desejam ingressar ou que já estão em um curso superior em uma instituição privada de ensino, porém não têm condições de arcar com as mensalidades, podem tentar uma vaga no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O programa, de iniciativa governamental, oferece opções de financiamento de cursos superiores a estudantes considerados de baixa renda.

As inscrições para o Fies podem ser realizadas a partir da próxima sexta-feira (24), por meio do site do programa. O prazo para realizar as candidaturas seguirá até o dia 29 deste mês.

No último dia 16, o ministro da Educação, Mendonça Filho, divulgou a abertura de novas 75 mil vagas para a edição do segundo semestre letivo de 2016. No mês de maio, Mendonça prometeu ampliar as vagas do Fies, bem como do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Quem pode participar?

Para concorrer a uma das 75 mil novas oportunidades oferecidas pelo Ministério da Educação (MEC), os estudantes devem preencher alguns requisitos. São eles: participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir da edição de 2010 e obtenção de nota equivalente ou superior a 450 na média das provas, bem como pontuação superior a zero na redação. Além disso, também é considerada a renda familiar. Entrarão para a seleção apenas estudantes que tenham renda bruta de até três salários mínimos por integrante da família – em valores atuais, o total corresponde a R$ 2.640 por pessoa. Em edições anteriores do Fies, o valor era de até dois e meio salários mínimos (equivalente a R$ 2.220 atualmente).

Inscrições

Os estudantes devem realizar as inscrições de 24 a 29 de junho, por meio do Fies Seleção – portal destinado ao processo seletivo dos novos estudantes que desejam contratar o benefício governamental. Para realizar a candidatura, primeiramente, o estudante deve inserir dados pessoais, bem como outras características informativas. São eles:

1) Número do CPF

2) Data de nascimento

3) Endereço de e-mail válido

4) Nomes dos membros do seu grupo familiar; número do CFP dos membros que tenham idade superior a 14 anos; respectivas datas de nascimento; e, se for o caso, renda mensal bruta de cada componente do grupo familiar

5) Sua opção de vaga em instituição de educação superior, local de oferta, turno e curso.

Durante o período de inscrições, o estudante pode alterar a opção de vaga, bem como realizar o cancelamento. O resultado dos pré-selecionados será divulgado no dia 30 de junho.

Nota de corte

A nota de corte é a nota mínima que os candidatos devem possuir para entrar no curso requisitado, com base no número de vagas disponíveis e no total de inscritos daquele curso.  A partir de segundo dia de inscrições, uma vez por dia, o sistema de seleção do Fies calcula a nota de corte parcial – correspondente a menor nota para ficar entre os potencialmente selecionados – para cada curso. Durante a seleção, caso haja empate entre os candidatos, o critério utilizado para selecionar será corresponde a:

1) Maior nota obtida na redação

2) Maior nota obtida na prova de linguagens, códigos e suas tecnologias;

3) Maior nota obtida na prova de matemática e suas tecnologias;

4) Maior nota obtida na prova de ciências da natureza e suas tecnologias;

5) Maior nota obtida na prova de ciências humanas e suas tecnologias.

Lista de espera

O estudante que não conseguir uma vaga na primeira pré-seleção do Fies, e estiver dentro dos requisitos para concorrer a uma oportunidade (como nota mínima e nota de corte), ficará dentro da lista de espera. Serão chamados aqueles alunos que tiverem as melhores notas, após o último colocado pré-selecionado para aquele curso, de acordo com a quantidade de vagas remanescentes.

Conclusão e ida ao banco

Os estudantes selecionados deverão realizar a confirmação de inscrição no Sistema Informatizado do Fies (SisFies), no prazo de até cinco dias úteis, a contar do prazo de divulgação de seus resultados no FiesSeleção. Após a confirmação, os estudantes devem comparecer à Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento (CPSA) da instituição de ensino, para validar as informações prestadas no momento da inscrição, em até dez dias, contados a partir do dia seguinte ao da conclusão da inscrição. Além disso, o prazo de dez dias também é aplicado ao comparecimento a um agente financeiro do Fies, contados a partir do terceiro dia útil seguinte à data da validação das informações pela CPSA.

Financiamento adquirido

Depois da conclusão do processo para aquisição do financiamento, os estudantes irão pagar uma taxa referente ao que se chama de utilização. Ao longo desse período, o candidato fica obrigado a pagar, trimestralmente, os juros incidentes sobre o financiamento, limitados a R$ 150.

Ao término do curso, o estudante continuará arcando com os custos dos juros, a cada três meses. A fase, chamada de carência, dura 18 meses, referentes ao período em que o financiado tem para começar a realizar o pagamento das prestações do Fies.

Hora de pagar

Após o término do curso, chega a hora de realizar o pagamento do financiamento. O aluno tem o período de um ano e meio após o término da graduação para começar a quitar as parcelas. 

O valor pago é correspondente ao parcelamento do total do valor do curso, sobre juros de 6,5% ao ano. O financiado tem até três vezes o tempo da graduação para realizar o pagamento. Por exemplo, caso o curso financiado seja de quatro anos, o estudante que adquiriu o Fies tem 12 anos para quitar a dívida.

De acordo como economista e professor da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau, Djalma Guimarães, antes mesmo do vestibular, o estudante deve fazer uma análise detalhada das profissões. “Ele precisa saber quais funções o mercado tem remunerado melhor”, explica.

Além da questão de melhor remuneração, o beneficiado pelo Fies deve fazer seu orçamento de acordo com o percentual que resta após a retirada da parcela, segundo Guimarães. “Se ele ganha R$ 2 mil e a parcela do Fies consome R$ 500, ele deve fazer toda sua estrutura financeira com base nos R$ 1,5 mil restantes”, aponta o especialista.

O tempo de carência, de acordo com o economista Djalma Guimarães, é também uma oportunidade de economizar dinheiro. Os 18 meses podem ser uma oportunidade de guardar o valor da parcela a ser paga posteriormente.

O economista ainda dá dicas sobre a questão do comprometimento salarial. “O ideal é que, em termos de segurança, o total de dívidas não deve comprometer 30% do salário”, diz. E prevê: “Com o passar do tempo, com a ampliação da carreira, à medida que a renda vai crescendo, a lógica é que o peso da dívida vá diminuindo. Pagar uma parcela de R$ 500 para quem ganha R$ 1 mil corresponde a 50% do salário, mas pagar esse mesmo valor para quem ganha R$ 5 mil é 10%”, pontua Guimarães.

Balanço

De acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de 2010 até maio deste ano, foram firmados 74.573 contratos do Fies em Pernambuco. O pico de contratações foi em 2013, com 17.289 novos financiamentos. Neste ano, somente até maio, foram 6.275 no Estado.

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