Escola italiana finge separar imigrantes e emociona

Para evitar um pânico e mal-estar desnecessários e cruéis, os alunos estrangeiros, ou cujos pais não nasceram na Itália, foram avisados do experimento com antecedência e apenas fingiram estar surpresos

ANSApor seg, 06/03/2017 - 18:51
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Uma escola de uma cidade da Itália decidiu realizar um experimento para testar a humanidade e a fraternidade dos seus alunos em relação aos seus colegas estrangeiros que emocionou todo o país. Nesta segunda-feira, dia 6, uma falsa circular foi lida aos estudantes do ensino fundamental II do colégio Pertini de Vercelli, no Piemonte, na qual afirmava "que a partir de hoje, os alunos com um ou ambos pais estrangeiros, continuarão as aulas em uma sala separada".

O comunicado também dizia que esses estudantes especificamente deveriam fazer duas provas a mais que o resto dos colegas para provarem que têm domínio da língua e da cultura italiana. Indignados com a notícia, em pouco tempo, os alunos começaram a se organizar, propondo descer para o pátio da escola para realizar uma greve contra a medida, perguntar a estudantes de outros colégios da região se o mesmo também estava acontecendo com eles e até escrever e enviar uma carta ao Ministério da Educação condenando a exigência.

A ideia do experimento foi tomada pelas professoras Patrizia Pomati e Carolina Vergerio do instituto para sensibilizar os estudantes e lembrá-los do Dia da Memória, que acontece em 27 de janeiro, e do Dia Europeu dos Justos, que é celebrado todos os anos no dia 6 de março.

Para evitar um pânico e mal-estar desnecessários e cruéis, os alunos estrangeiros, ou cujos pais não nasceram na Itália, foram avisados do experimento com antecedência e apenas fingiram estar surpresos com a circular nesta segunda. "O experimento deu super certo. Nós esperávamos obviamente uma reação, mas não do nível da que aconteceu. Talvez se houvesse uma reação assim forte lá fora as coisas mudariam completamente", disse a diretora do instituto, Ferdinanda Chiarello.

Após o fim da iniciativa, aplaudida por uns e criticada por outros, os alunos, estrangeiros ou não, escreveram quais foram as emoções que tiveram ao saber da circular ou a ver a reação dos colegas sobre isso. "Eu me senti uma porcaria porque não acredito que sou superior aos meus colegas", disse um dos estudantes.

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