Eles acreditaram na educação
Por mais que os problemas da vida se mostrassem difíceis, brasileiros caíram e levantaram regados pela esperança. Se apegaram ao ensino superior em prol de uma nova realidade e, com muita luta, alçaram voos até seus sonhos
Nem mesmo as adversidades mais sérias impostas pela vida são capazes de destruir sonhos. Existem pessoas que buscam conquistar objetivos e mesmo quando caem diante de problemas, erguem-se e continuam a caminhada rumo às realizações. Capítulos de muitas dessas histórias estão atrelados aos trilhos da educação. O amor pelos livros e salas de aula, além do respeito com os professores que se dedicam a compartilhar conhecimento, são pilares de quem acreditou em um futuro regado por felicidade pessoal e profissional.
Educação é considerada um dos principais meios de ascensão social. Vidas, muitas vezes desacreditadas, se apegam aos livros e aos ensinamentos docentes por acreditarem que podem mudar suas realidades castigadas por desigualdades sociais. Comprovando a importância da formação educacional, existem exemplos de superação de estudantes que alçaram a universidade no topo de suas prioridades. Por meio do ensino superior, conquistaram melhorias para eles próprios e suas famílias, além de disseminar nas localidades onde nasceram o que aprenderam na academia.
No novo trabalho jornalístico do LeiaJá, deleite-se em histórias em que a universidade foi a chave do sucesso. A série "Eles acreditaram na educação" mostra estudantes, antes vítimas da pobreza, que insistiram nos estudos, concluíram a graduação e hoje desfrutam das conquistas oriundas do ensino superior. A série também traz o panorama geral da atuação das instituições de ensino no Brasil e de que forma elas contribuem para o desenvolvimento do País. A seguir, confira um breve resumo das histórias dos nossos personagens e clique nos hiperlinks para conferir as reportagens completas.
Eles acreditaram na educação
Da busca por comida ao ensino superior - Do interior pernambucano, uma família saiu com destino ao Recife. Acabara de perder o patriarca e já sentia os efeitos de perdas financeiras que acarretariam em uma situação de pobreza. Na cidade grande, uma mãe e várias crianças sofreram sem o dinheiro necessário que pudesse garantir o mínimo de conforto. Na extrema necessidade, os pequenos saíam às ruas para pedir comida.
Na época, a pequena Maristela, aos seis anos de idade, aproveitava a compaixão dos moradores do bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Recebia pequenas doações de alimento e compartilhava com os irmãos pequenos. Mas a ânsia natural por comida não superou sua fome pela educação. Maristela acreditou nos livros, ingressou e concluiu o ensino superior e hoje trabalha para manter vivos os sonhos de muitos jovens. Na mesma localidade onde pedia comida quando criança, hoje ela é professora universitária e compartilha seu testemunho de vitória com os alunos.
A luta do canavial na memória de um jovem médico - O corte da cana de açúcar fez parte da vida de Jonas. Ao lado dos pais, mesmo na infância, se aventurava entre as plantações da pequena cidade de Joaquim Nabuco, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. Em meio à dura rotina, inspirado no honesto e difícil trabalho dos pais, Jonas alimentava o sonho de estudar. Em sua memória, relembra quando a mãe se sacrificou para comprar comida e um simples caderno que serviu aos estudos.
Na juventude, somou inúmeras horas de estudo em busca da provação no vestibular. Se sacrificou, mas valeu a luta. Ingressou na graduação de medicina, concluiu com esforço e hoje é o grande orgulho dos pais que nunca desistiram de apoiar os filhos em nome da educação.
O sertanejo que não abandona as origens - Na castigada terra sertaneja, a seca faz vítimas. Plantação não cresce, o bicho desaparece. Faltam água e esperança. Mas o sertanejo é duro, não cai diante das adversidades, apoiado em uma fé tão firme quanto o terreno seco. Filho de uma agricultor e de uma professora, Maurício viveu essa realidade. Seus pais, sabedores que a educação seria a única forma de esperança profissional, sempre fizeram questão de alertá-lo quanto à necessidade de nunca desistir dos livros.
Maurício, esperançoso como todo bom sertanejo, persistiu e chegou à universidade. Seu percurso continuou firme e forte, até virar mestre em ciências econômicas na cidade grande. Mas o coração bateu forte ao lembrar o sofrido sertão, e hoje preza por compartilhar suas conquistas entre jovens sertanejos, disseminando conhecimento no próprio sertão.
"Meu sonho era entrar na faculdade" - Hoje, o acesso ao ensino superior possui várias possibilidades. Existem programas públicos e vestibulares privados de cursos com mensalidades acessíveis. Mas em épocas passadas, chegar à universidade era difícil para estudantes que não reuniam condições financeiras.
Mesmo em universidades gratuitas, os custos para a manutenção não eram cobertos por algumas famílias brasileiras. E as mensalidades em instituições de ensino privadas também se mostravam como obstáculos. Mas nos últimos anos, um processo de democratização de acesso ao ensino superior proporcionou a entrada de muitos jovens nos braços da universidade. Josivânia, natural do interior de Pernambuco, deixou o local onde nasceu e partiu rumo à cidade grande. Movida pelo sonho de ter nível superior, a jovem não se abalou diante das dificuldades e alcançou, depois de muito esforço, o tão sonhado diploma.
Dona Vera e uma veterinária que a enche de orgulho - É de impressionar a energia da empregada doméstica Vera. O sorriso cheio de brilho condiz com sua força perante os problemas impostos pela vida. Saiu do interior e criou, sozinha, os filhos no Recife. Por anos, trabalhou em mais de 20 casas para garantir conforto a sua família. Ela tinha o sonho de estudar, mas foi proibida por alguns patrões. Certo dia, encontrou um livro entre o lixo; Foi o sinal para que sua luta pela educação persistisse.
A vontade de estudar, sobretudo, reverberou entre suas crianças. Dona Vera era exigente e cobrava notas boas dos filhos. Um deles é Cristiane, que durante a infância acompanhou a luta diária da mãe e também começou a criar a mentalidade de que a educação era importante para a vida da família. Na adolescência, ao acompanhar o trabalho de dona Vera em uma universidade, se deparou com jovens estudando, assistindo aulas, enquanto sua mãe trabalhava duro para manter os espaços acadêmicos limpos. Segundo Cristiane, essa experiência cravou de vez em seu coração o gosto pelos estudos.
Vera, enfim, conseguiu estudar. Cristiane, por mais que tenha vivido situações que poderiam contribuir para sua desistência, concluiu uma formação universitária e continuou fazendo da educação a ponte para a felicidade da família. Hoje é mestre e está prestes a concluir o doutorado em veterinária. Por isso, não economiza agradecimentos para sua querida mãe.
Ensino superior abre portas para o mercado de trabalho - Depois de histórias que emocionam pela perseverança dos personagens em nome da educação, nossa série traz um panorama das instituições de ensino superior, públicas e privadas, no Brasil. Números apontam que houve um crescimento na presença de estudantes de baixa renda em cursos de graduação. Entre os especialistas entrevistados, há a certeza de que a educação universitára, sem dúvidas, pode contribuir bastante para o sucesso pessoal e principalmente profissional dos brasileiros.
Matéria integra a série "Eles acreditaram na edução", do LeiaJá. As reportagens trazem histórias de pessoas que conseguiram ascenção social por meio do ensino superior.
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