Vestibulares militares: professores revelam dicas

Jovens buscam formação com viés militar para se diferenciarem no mercado

por Juan Gouveia dom, 19/08/2018 - 11:01
Agência Brasil ITA e IME são um dos vestibulares mais 'difíceis' do país Agência Brasil

Ainda na juventude, a cobrança pela escolha de um direcionamento profissional é muito evidente. O ingresso no ensino superior através do Sistema Seriado de Avaliação (Sisu), com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ou vestibulares tradicionais em Instituições de Ensino Superior (IES), é muito comum. Partindo por outra perspectiva, existem os jovens que buscam a carreira militar. As oportunidades oferecem, entre outros benefícios, uma boa educação e remunerações atrativas.

Com esses benefícios, o processo seletivo para ingressos nesses espaços de educação regidos por militares é considerado difícil por estudantes e docentes. O que requer, com o tempo, uma intensa preparação para os exames.

Seja para entrada em graduações ou em cursos de formação, as etapas são diferentes entre as diversas escolas e institutos que oferecem vagas anualmente para novos estudantes. Entre os processos seletivos mais concorridos estão o vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Instituto Militar de Engenharia (IME). As IES são direcionadas a estudantes concluintes do ensino médio que queiram se dedicar, integralmente, a uma das graduações em engenharia oferecidas.

No último vestibular realizado pelo ITA, foram mais de 11 mil inscritos para apenas 110 vagas disponibilizadas. O grande número de procura para o exame destaca a necessidade de uma preparação constante que deve começar desde o início do ensino médio, como destaca o professor de matemática do curso pré-ITA do Colégio GGE, Márcio Gomes. De acordo com o docente, o exame, por ser considerado um dos mais difíceis, exige do candidato uma dedicação e carga horária diária de estudos específica. “Por exemplo, a prova é diferente do Enem. É um conteúdo mais aprofundado e com outra abordagem, além de cobrar do participante um conhecimento que vai além da marcação das alternativas”, pontua.

Nesta edição, o ITA contará com a divisão por fases pela primeira vez. O processo seletivo contempla na primeira parte prova com conteúdos de português, inglês, matemática, física e química - com sistema de múltipla escolha -. Já na segunda fase, somente os candidatos aprovados na etapa anterior são submetidos a exames discursivos nas áreas de matemática e química no primeiro dia, e física e redação no segundo dia de testes. Ainda foi incluído no processo o sistema de cotas para candidatos autodeclarados negros. Esse sistema de avaliação é semelhante ao do IME que, também, trabalha no sistema de fases de seleção.

Os aprovados nessas seleções, tanto no ITA quanto IME, podem optar por seguir carreira de militar ainda dentro do curso de formação. Ainda são oferecidos outros benefícios aos selecionados. Entre eles estão: alimentação; alojamento para os que necessitarem e bolsa de ajuda de custo mensal.

Após a formação, que dura, em média cinco anos, o graduado poderá submeter inscrição em concursos dentro das corporações e atuar como engenheiro militar ou seguir carreira dentro de empresas privadas. Márcio destaca a relevância da graduação nos institutos: “Quando formado, as empresas tendem a buscar esses profissionais. São boas oportunidades de emprego muito por se tratar de uma das melhores e mais reconhecidas IES do país. Realmente, sair com um diploma desses espaços é um diferencial no mercado de trabalho e carreira”, ressalta.

Formação militar

Além dos cursos de graduação em engenharia, existem outros segmentos para o ingresso na carreira militar. As escolas de formação militar são espaços onde o selecionado irá desenvolver as habilidades específicas do dia a dia e necessidades de uma corporação. A dinâmica assemelha-se, também, aos vestibulares do ITA e IME quando é oferecida uma bolsa de auxílio. As oportunidades mais famosas estão na Escola de Sargentos das Armas (ESA); Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR); Academia da Força Aérea (AFA); Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM) e Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx).

Durante o processo seletivo, somam-se aos exames, em alguns casos, testes físicos e psicológicos. O conteúdo programático diverge de cada um dos processos. As questões abordadas exigem do candidato uma resposta de forma direta.

“Conseguimos visualizar uma abordagem no enunciado e respostas de forma mais objetiva. Não é parecido com o Enem que contextualiza as questões. Então, o candidato só consegue resolver a questão quando realmente entende do assunto”, explica Charlinton Soares, professor do curso pré-militar do curso 'Os Caras de Pau do Vestibular', que avalia as características da prova de geografia de alguns desses exames.

Em entrevista ao LeiaJá, o professor resolveu duas questões de provas da EsPCEx para os candidatos entenderem como funciona a estrutura da prova; confira:

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Inscrições

Para se inscrever nas seleções, os interessados devem ficar atentos aos calendários de cada uma delas, disponível nos sites. Com inscrições abertas, o vestibular do ITA oferece 110 vagas. O prazo vai até o dia 15 de setembro. Pela primeira vez foi adotado o sistema de cotas pelo Instituto.

Já para o IME, as inscrições encerraram no último dia 15. A previsão é de abertura no segundo semestre do ano que vem.

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