Docentes da UFPE e UFRPE aderem à paralisação nacional

Entre os motivos do protesto está o corte de verbas das universidades e o anuncio do programa Future-se. A possibilidade de haver greve não está descartada

por Marcele Lima qui, 25/07/2019 - 09:01
Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens . Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens

No dia 13 de agosto, os trabalhadores da educação vão fazer uma paralisação nacional, motivada pelo contingenciamento de verbas praticado pelo Governo Federal e que dificulta o trabalho desempenhado pelas instituições de ensino superior em todo Brasil. Em Pernambuco, as Universidades Federal e Federal Rural vão aderir ao movimento. Representantes dos sindicatos dos professores realizam antes disso uma assembleia, cada entidade em um dia distinto, para acertar alguns pontos referentes a mobilização e também relacionados à paralisação ou não das atividades durante o semestre letivo. 

Para a presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), Érika Suruagy, a participação dos profissionais da UFRPE foi decidida através de uma reunião do conselho de representantes. Entre as motivações está a discodância da categoria à Reforma da Previdência, por acreditarem que o projeto traz prejuízos aos professores, sobretudo da educação básica. “Outro elemento que faz a gente se mobilizar é a questão dos cortes que não foram revistos. As universidades continuam sob ameaça de não fechar as contas, de não fechar o ano, e o mais recente ataque, sem discutir com os reitores e a comunidade acadêmica, que é o programa Future-se”.

Professores e profissionais da educação de diversas universidades e institutos federais do Brasil tem se mostrado contrários ao programa anunciado pelo governo em coletiva de imprensa no dia 17 de julho. Segundo o Ministério da Educação, o Programa Institutos e Universidades Federais Empreendedoras e Inovadoras (Future-se), tem como objetivo fortalecer a autonomia administrativa, financeira e de gestão das instituições de ensino superior, por meio de captação de recursos privados e venda de imóveis em desuso. Além disso, professores também poderão financiar suas pesquisas e há ainda uma liberação para contratar professores sem concurso público. A IS que aderir ao programa precisa aceitar a parceria de uma organização social, escolhida pelo MEC. 

Para os trabalhadores das instituições de ensino, isso seria uma perda de autonomia das atividades exercidas. “É um programa que vai atingir direto a carreira dos professores e a autonomia financeira das universidades. Um processo de ‘desresponsabilização’ do estado com a manutenção das universidades. Jogar a universidade, direto no mercado para captar recursos sem a garantia de orçamento”, critica Érika Suruagy, da Aduferpe. 

Para o presidente da Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe), Edeson Siqueira, a manifestação de 13 de agosto, visa chamar a atenção da sociedade também para esse ponto, bem como para mais liberdade de gestão e menos burocracia para realização de parcerias e cooperações entre os setores públicos e produtivos. A categoria pretende se reunir em praças e locais próximos à UFPE no início do dia, junto com a comunidade. “Nesses espaços iremos realizar aulas práticas da clínica escola da UFPE e realizar oficinas e exposições de projetos de extensão  e de pesquisas da Universidade. Pretendemos ocupar os espaços públicos juntamente com técnicos administrativos e estudantes. Mostraremos que a universidade é um vetor de desenvolvimento e um grande patrimônio da sociedade brasileira”, explicou. 

A tarde, os servidores federais irão se reunir com representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, com movimentos sociais, movimentos estudantis e centrais sindicais, para uma passeata no centro do Recife. Entre as principais reivindicações está a recomposição do orçamento de 2019, que compromete alguns serviços dentros dos campi federais  e a preservação dos recursos da educação básica e superior no orçamento para o próximo ano.

Em relação a indicativos de greve para o semestre letivo, os presidentes da associação dos professores, tanto da UFPE e quanto da UFRPE, afirmam que a questão ainda está sendo discutida, que vão haver reuniões para que todas as possibilidades sejam lançadas em conjunto com o Sindicato Nacional dos Docentes da Instituições de Ensino Superior (Andes). “Greve por tempo indeterminado, não. Mas defendemos repetir essas mobilizações todos os meses. Um dia em cada mês”, afirma Edeson Siqueira, da Adufepe.  

 

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