Enem: confira 5 livros para ajudar no repertório cultural

“Admirável Mundo Novo” e “Capitães da Areia” são algumas das obras indicadas pelos professores de Linguagens e Ciências Humanas

por Ruan Reis qua, 11/11/2020 - 09:12
Freepik As obras podem ajudar os estudantes que vão fazer o Enem Freepik

“A leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar.” A fala do escritor brasileiro Jorge Saramago resume bem a importância da leitura para o conhecimento e, principalmente, para a ampliação do vocabulário, do raciocínio e da informação. Pensando nisso, o LeiaJá, em parceria com o projeto Vai Cair No Enem, conversou com professores de Linguagens e Ciências Humanas que indicaram algumas obras literárias carregadas de repertório cultural para ajudar os vestibulandos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira:

A História da Riqueza do Homem

Cristiane Pantoja, educadora de história, sociologia e filosofia, indica o livro "A História da Riqueza do Homem" do escritor e jornalista norte-americano Leo Huberman. Para ela, o livro tem muito a acrescentar no repertório cultural dos estudantes através de uma visão econômica.

“É bacana pelas tentativas de explicar a história pelo olhar da teoria econômica e vice-versa. Além disso, é bom pela linguagem, que não é difícil, e por transcorrer da Idade Média até o nascimento do nazifascismo. Também engloba momentos importantíssimos para as transformações do mundo/homens explicadas pela economia”, explica.

Admirável Mundo Novo

Para ajudar os estudantes a terem um maior repertório, o professor de literatura Eduardo da Silva sugere a leitura do livro “Admirável mundo novo”. O romance escrito pelo inglês Aldous Huxley e publicado em 1938 pode ampliar, segundo o docente, os conhecimentos sobre questões sociais, culturais e pessoais.

“No livro, as pessoas são categorizadas e deliberadamente dopadas para serem mais facilmente manipuladas por um Estado profundamente capitalista e autoritário. A sociedade vive num estado de "felicidade constante" devido às drogas, estímulos sexuais e televisivos. É possível falar sobre preconceito ao diferente, alienação, manipulação de informação, papel da leitura, superexposição nos meios comunicativos, totalitarismo de Estado, uso de drogas, entre outros aspectos”, elenca.

Capitães da Areia

A indicação do professor de literatura Tales Ribeiro é o livro “Capitães de Areia”, do escritor pertencente à Segunda Geração Modernista, também chamada de geração regionalista, Jorge Amado. A obra escrita em 1937 debruça, segundo o educador, sobre as problemáticas do povo Nordestino.

“A narrativa é iniciada a partir de notícias de jornal que falam sobre um problema de criminalidade na cidade promovida por crianças. "Capitães da Areia" é na verdade um grupo de adolescentes em situação de rua que se organizam em torno da liderança de Pedro Bala e praticam diversos crimes, aterrorizando a sociedade soteropolitana da época. A narrativa é construída para que o leitor vivencie as condições desumanas, nas quais essas crianças são submetidas, e como isso empurra elas para uma vida de criminalidade e violência”, resume.

Ribeiro ressalta a importância da leitura: “Este livro é de uma riqueza ímpar para que os feras aumentem seu repertório cultural acerca de diversos temas, como: violência, abandono parental, pessoas em situação de rua, pandemias, entre outros. Pois mesmo sendo uma obra de ficção, a reflexão feita pelo Jorge Amado é carregada de verossimilhança”, finaliza.

Sapiens: Uma Breve História da Humanidade

Arthur Lira, professor de história, recomenda o livro "Sapiens: Uma Breve História da Humanidade" do historiador israelense Yuval Harari. “É uma best-seller que não pode deixar de lido”, comenta.

Conforme o docente, a obra aborda a evolução da espécie humana da idade da pedra ao século XXI. “Harari estuda o desenvolvimento da humanidade através de três grandes revoluções: A cognitiva, a agrícola e a científica. Sua leitura nos fornece uma bagagem para se pensar não apenas a história, mas a biologia, a filosofia, as sociedades, a cultura, nossas crenças, valores e nossa própria trajetória enquanto espécie humana”, diz.

“Dentro de uma perspectiva transdisciplinar ao qual os últimos vestibulares tem se proposto, se trata de uma leitura que nos ajuda não apenas na resolução das questões (com muitos temas da área das Humanidades sendo trabalhados ao longo do livro), como também na elaboração da redação. Proporciona uma amplitude no debate da condição humana e o papel dos seres humanos hoje. À exemplo, o debate sobre o desenvolvimento da ciência, tão importante hoje com o mundo vivendo uma pandemia”, explica.

O educador ainda salienta: “o autor discute, dentre outras questões, as consequências futuras de certos avanços científicos, como a busca pela imortalidade, o avanço inteligência artificial e uso dos algoritmos”, conclui.

Maus: A História de Um Sobrevivente

O professor de história Marlyo Ferreira sugere o livro em quadrinhos “Maus: a História de um Sobrevivente” escrito pelo norte-americano Art Spiegelman. Segundo o educador, esta obra publicada em 1980 retrata a história que o autor, filho de um judeu polonês, escutou do seu próprio pai, um dos sobreviventes do holocausto, e da própria pesquisa feita sobre o acontecimento.

“Uma coisa interessante é que ele descreve no quadrinho tanto a vida do pai, como o processo de obtenção dessas informações. É um quadrinho importante porque é o primeiro a ganhar um prêmio de jornalismo Pulitzer, e também por levantar uma discussão muito mais importante e acalorada na época do seu lançamento sobre o holocausto. O quadrinho discuti temas como a segunda guerra mundial, o holocausto, a questão da memória e dos sobreviventes, como também a questão social”, conta Marlyo.

Para o docente, o quadrinho pode ajudar os estudantes a compreender a segunda guerra mundial, o holocausto e suas consequências humanas. Além de ampliar o conhecimento dos vestibulandos acerca dos horrores cometidos nos campos de concentração.

“É um quadrinho que tenta de certa forma mostrar de uma forma mais humana esse processo sem perder a empatia, mas até com certos momentos de humor. Contudo, é uma obra que no final das contas deixa o leitor bastante reflexivo e é fundamental não apenas para questões de história, como também para a redação, trazendo bastante informações sobre este período e suas consequências até hoje”, complementa, ainda, o professor.

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