Pandemia escancarou realidade dos profissionais de saúde

O sucateamento do setor no Brasil norteou mesa-redonda do Congresso Nacional Multidisciplinar, realizado no Hangar, em Belém

ter, 08/11/2022 - 16:16

O V Congresso Nacional Multidisciplinar de Saúde, realizado entre os dias 3, 4 e 5 de novembro, no Hangar – Centro de Convenções e Feira da Amazônia, em Belém, promoveu debate a respeito dos desafios para o profissional de saúde no cenário brasileiro atual e sobre o tratamento e a qualidade de vida da pessoa idosa. Numa das mesas-redondas, estiveram presentes Nathalie Porfírio (enfermeira), Maryana Kabuki (fisioterapeuta), Danielle Cruz (enfermeira), Jade Leão (enfermeira) e a vereadora pelo PSOL Maria de Nazaré (enfermeira).

Nathalie Porfírio falou da qualidade de vida na terceira idade. A enfermeira chama atenção para atividades físicas, apoio familiar e espiritualidade.

“A Enfermagem está presente em todas as fases da vida do ser humano, e por isso precisamos pensar no contexto do exercício físico e da alimentação saudável. Trabalhamos isso em todos os níveis de assistência, desde a atenção primária à saúde, que são os postos, até a educação e saúde na questão da docência”, afirmou.

Maryana Kabuki ressaltou a importância do trabalho da Fisioterapia alinhado à Enfermagem e deu dicas de como as pessoas idosas podem manter o cérebro ativo nessa fase da vida. “Pensando na qualidade de vida é muito importante a gente pensar em uma atividade física que recrute treino de equilíbrio para a funcionalidade dessa pessoa idosa, além de cuidar do aspecto físico, manter o cérebro ativo é primordial, como dinamizar e externalizar essa pessoa, levar à praça ou outros lugares para criar novas conexões neurais, isso é bem importante”, apontou.

Na segunda roda de conversa, a vereadora enfermeira Maria de Nazaré disse que a maior dificuldade durante a pandemia foi trabalhar com a falta de um planejamento e uma gestão eficiente.

“Isso fez com que os profissionais da Enfermagem tivessem que improvisar, dobrar a carga de trabalho, e o que é pior, sem ter havido reconhecimento da importância desse trabalho, visto que esse profissional não recebeu abono, não recebeu o valor total da insalubridade que alguns profissionais de outras categorias receberam”, afirmou.

De acordo com a enfermeira, a pandemia escancarou uma realidade com que os profissionais já lidavam. “Conviver com a morte diariamente, com a dor, com o sofrimento e com a falta de insumo de materiais para apoio e suporte a essas pessoas nos faz adoecer mais ainda”, explicou. “O número de profissionais que saíram dessa pandemia com sofrimento mental foi muito grande. Carece um trabalho político de saúde mental para os profissionais de saúde.”

Para a enfermeira Danielle Cruz, o maior desafio foi prestar assistência diante de muitas dificuldades encontradas. “Uma realidade já encontrada por nós, que é a do ‘subfinanciamento’, sucateamento dos serviços de saúde e a precariedade dos equipamentos”, apontou. “A gente entrou numa rotina muito grande de trabalhar, ser infectado, ser afastado, voltar e trabalhar mais.”

Jade Leão, por último, disse que esse foi um momento visto somente pelos livros de História. “Acho que o principal desafio foi manter-se vivo e lidar com uma nova realidade”, contou. “A gente já sabia, sim, como lidar com pacientes isolados, mas esses eram casos específicos. A partir do momento que explodiu a pandemia no mundo, todo mundo virou um paciente em isolamento.”

O congresso foi realizado por meio de parceria da UNAMA - Universidade da Amazônia com a UNINASSAU e acolheu centenas de estudantes das duas instituições.

Por Sergio Manoel, Gabrielle Nogueira e Arthur Martins Souto (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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