Estreia da semana: Um dia

Diretora de “Educação” retorna com fraca adaptação que tem estreia discreta no Recife

sex, 30/12/2011 - 15:07
Divulgação

Baseado no livro homônimo de 2009 – traduzido para 31 idiomas – o filme Um dia, que estreia nesta sexta-feira (30) nos cinemas brasileiros, retrata uma história de amor no decorrer de duas décadas. Emma (Anne Hathaway) e Dexter (Jim Sturgess) se conhecem no dia 15 de julho de 1988, após a festa de formatura dos dois. A partir daí, acompanha-se a jornada do casal que passará por grandes mudanças em relação ao estilo de vida, à maturidade e a como eles encaram essas transformações. O diferencial diz respeito a maneira como a história é contada. Ao invés de acompanhar períodos da trama, o filme acompanha a temporalidade na vida do casal, a partir do mesmo dia (15 de julho), durante esses vinte anos.

Emma e Dexter são duas faces de uma mesma moeda. Apesar do enorme carinho que nutrem um pelo outro, ambos representam realidades bastante diferentes. Ela vem de origem humilde, é batalhadora, insegura e sonha em escrever, mas mantém os pés bem fincados no chão. Já ele, vem de uma família rica, é mimado, confiante e pretende apenas viver a vida se divertindo, sem grandes preocupações. O filme portanto explora essas contradições, além de abordar temas como as expectativas e os caminhos que uma pessoa pode seguir – caminhos esses, muitas vezes, diferentes daqueles imaginados no início da jornada. Como pano de fundo entram em discussão ainda questões relacionadas à família, perda, necessidade de encontrar-se no mundo, caráter, busca pessoal, amor e amizade.

Essa passagem por um longo período de tempo abre muitas possibilidades para a direção de arte, figurinistas, maquiadores e cabeleireiros envolvidos no processo, pois o tempo deve ser sentido pelo espectador que acompanha a projeção. No caso de Um Dia, essa caracterização merece destaque uma vez que consegue refletir essa passagem – especialmente por meio da moda, dos cortes de cabelo e da trilha sonora que marca os diferentes períodos – de maneira homogênea e discreta. O filme imprime elementos distintos dos anos 1980, 1990 e 2000, de maneira natural, sem que essa ambientação tome o foco da narrativa.

Apesar da estrutura diferenciada, o filme não consegue propriamente inovar. Mostra-se bastante cansativo e, por vezes, forçado. Com tantos elementos e subtextos a serem explorados, o enfoque permanece majoritariamente na história de amor que custa a evoluir. Não no sentido de evoluir até um romance, mas sim de lançar-se sobre as nuances e fendas apresentadas. As indecisões intermináveis do casal se tornam cansativas para os que esperam um pouco mais do enredo.

No entanto, os espectadores que procuram apenas por uma história de amor podem até se satisfezar com Um dia, especialmente diante de cenários tão encantadores como as urbanas Londres (onde se passa grande parte do longa) e Paris. Enfim, uma boa pedida apenas para os casais apaixonados em um final de tarde.

Assista ao trailer:



Ficha técnica
Um dia (One Day/ 2011/ 108min)
Dir. Lone Scherfig
Roteiro: David Nicholls. Baseado no livro homônimo do próprio David Nicholls
Elenco: Anne Hathaway, Jim Sturgess, Patricia Clarkson, Ken Scott, Romola Garai e Rafe Spall

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