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Na próxima quarta-feira (20), o cantor Gomes vai disponibilizar em todas as plataformas digitais o resultado do single Drama, que marca a nova fase do artista pernambucano. De acordo com Gomes, que lançou em 2021 o EP visual Um Quarto, a aposta musical reúne toda sua versatilidade sonora.

"Quis explorar as diversas linguagens e ritmos populares nordestinos trazendo uma música para dançar, que lembra as canções que eu ouvia na infância vindas dos bares que ficavam localizados próximos à casa da minha avó no interior. Uma proposta diferente do EP anterior, que tem canções mais densas para você ouvir no quarto com as suas bads", explicou.

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Com produção de Guilherme Assis, produção executiva de Cecília Moreira, mixagem e masterização de Vinícius Aquino, a música foi gravada e finalizada no Estúdio Zelo, selo da gravadora Zelo Estúdio e distribuição AltaFonte. Além do lançamento de Drama, Gomes vai presentear os fãs com um show gratuito na Casa Bacurau, no bairro de Santo Amaro, na quinta-feira (21). A apresentação está marcada para às 20h.

A Companhia Mákara de Teatro está com nova peça, que será exibida no Teatro Barreto Júnior, nos dias 24 e 25 de setembro, às 20h. O drama ‘Dados da Vida’ é uma mistura de ficção e realidade, com personagens que facilmente atrairão a atenção do público.

Com direção de Ulisses Nascimento e texto de Rômulo César Melo, o espetáculo, com 1h30 de duração, tem um roteiro que reúne “memórias, imaginações e realidades, que sobem ao palco de uma forma simultânea e nada é o que parece ser”, segundo nota da peça. O elenco conta com a participação de Adulccio Lucena, Alcidesio Júnior, Cristiano Primo, Glissia Paixão, Ulisses Nascimento e Vanessa Jill Castle.

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A maquiagem e figurino ficam por conta de Alcidesio Júnior, sonoplastia com André Lourenço, e iluminação com Anderson Leite. A peça tem classificação indicativa de 16 anos e os ingressos podem ser comprados no site do Sympla - dia 24 e dia 25, ao custo de R$ 20 meia entrada e R$ 40 inteira, sem taxa administrativa.

Jornalistas podem adquirir os bilhetes pela metade do preço, apresentando carteira da categoria ou crachá. O Teatro Barreto Júnior fica localizado na Rua Estudante Jeremias Bastos, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife.

Dois homens trocam olhares de desejo e percebe-se uma tensão sexual entre eles, em uma relação que nunca será explícita. O fenômeno chinês "amor de meninos" conquistou os espectadores dos serviços de streaming, driblando os censores de conteúdo LGBTQ+ com sua sutileza.

O gênero rosa começou a se popularizar em 2018, quando as adaptações de romances eletrônicos sobre casais do mesmo sexo, conhecidos como "dangaiju", ganharam cada vez mais espectadores nos serviços sob demanda, levando seus atores à fama.

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Em "Palavra de Honra", uma sensacional aventura da plataforma de vídeo Youku, dois heróis de artes marciais desenvolvem uma relação próxima, mas se referem um ao outro como "irmão" - apesar de tudo levar a crer que os protagonistas vivem um romance.

Embora a China tenha descriminalizado a homossexualidade em 1997, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda é ilegal, e os assuntos da comunidade LGTBQ+ são um tema tabu.

A pressão foi intensificada contra esta comunidade com a censura de conteúdos na web e a proibição de mostrar explicitamente romances entre LGBTQ+ nos filmes.

No entanto, centenas de milhares de pessoas correram para comprar os ingressos para um evento sobre o romance "Palavra de Honra" em Suzhou. As entradas se esgotaram em segundos.

Desde que estreou em fevereiro, a série atraiu milhões de espectadores, enquanto a plataforma Tencent Video ganhou 156 milhões de iuanes (US$ 24,1 milhões) por uma série parecida.

Para as supercompetitivas plataformas de vídeo em streaming na China, a mudança de costumes sociais significa apenas uma coisa: dinheiro.

"Na cultura pop, os criadores miram nas subculturas em busca de novas histórias, ou de material original", explicou a professora da Universidade Liaoning Bai Meijiadai, especialista em cultura do entretenimento.

"Quebram o molde"

A censura pode ter contribuído para o fenômeno do streaming.

As autoridades perseguem a literatura "ilegal" na web, censurando conteúdos muito "atrevidos" para os leitores chineses. Em 2018, um escritor de romances foi condenado a dez anos de prisão por escrever e vender livros "pornográficos".

Esse gênero não é, porém, uma unanimidade entre as comunidades "queer" na China.

"Eles quebram o molde das relações heterossexuais, que são a norma nas telas", afirmou um membro da sociedade civil LGBTQ+ que disse se chamar Shuai.

"Mas não refletem a luta, nem as dificuldades, da comunidade LGBTQ+", ressaltou.

Quando os atores alcançam a fama, também evitam que sejam identificados como membros dessa comunidade, visando a manter sua popularidade, acrescenta.

Atrair mulheres

Essas adaptações televisivas atraem principalmente as mulheres.

Cada vez mais pessoas estão escrevendo histórias de "amor de meninos" para a web com a esperança de que sejam adaptadas para a televisão.

Embora a maioria faça isso para ganhar um dinheiro extra: "os escritores de sucesso podem ganhar mais de 10.000 iuanes por mês mediante assinaturas e prêmios dos leitores", afirmou a editora de romances que diz se chamar Chu.

"Não quero que me venda", pediu Eloina Feliciano em vão à sua mãe. Apesar das súplicas, ela foi mais uma das meninas entregues em casamentos sob um acordo ancestral de compra e venda no estado mexicano de Guerrero.

"Não somos animais (...). Os animais são os que se vendem", conta esta indígena mixteca de 23 anos - vendida aos 14 - da comunidade Juquila Yuvinani, município de Metlatónoc, entre os mais pobres do México.

Nesta comunidade, situada entre as montanhas, algumas famílias tentam erradicar esta prática que persiste em 66 aldeias de Guerrero e que é origem de um ciclo de abusos contra as mulheres e pobreza para os homens.

Os dotes cobrados pelos pais das noivas, que só aceitam esposos desta mesma região, variam entre 2.000 e 18.000 dólares, segundo moradores locais.

"As meninas ficam em absoluta vulnerabilidade. Sua nova família as escraviza com tarefas domésticas e agrícolas" e, às vezes, "os sogros abusam sexualmente delas", denuncia Abel Barrera, antropólogo e diretor da ONG Tlachinollan.

Devido à "crescente precariedade" dessas aldeias, acrescenta ele, "a ritualidade ancestral indígena de entrega das donzelas por dote a partir de sua primeira menstruação foi diminuindo, e agora as crianças são mercantilizadas".

Dos quase 2.500 municípios mexicanos, cerca de 620 são indígenas e 420 deles são regidos por práticas e costumes tradicionais reconhecidos pela Constituição.

Em Metlatónoc, de 19.000 habitantes, 94,3% carece de serviços básicos em suas casas, e 58,7% tem dificuldades para se alimentar, segundo o instituto nacional de estatística, INEGI.

Os indígenas representam 10,1% dos 126 milhões de mexicanos e quase 70% vive na pobreza, de acordo com outros estudos oficiais.

- "Posso fazer o que quiser com você" -

"Eles te fazem sofrer pelo simples fato de terem te comprado", disse em mixteco Maurilia Julio, uma parteira de 61 anos, também vendida quando criança e que se recusou a dar o mesmo destino às suas filhas.

Maurilia amassa e coloca no forno as grandes tortilhas de milho, principal alimento de sua família. Na cabana de chão de barro onde mora, sua filha de 18 anos com um bebê nos braços e suas netas a observam.

"Muitas mulheres dizem 'eu vou vender a minha filha por 110, 120 mil pesos porque quero dinheiro', e eu sinto muita tristeza ao ouvir essas coisas, porque são suas filhas", lamenta.

A casa onde mora adorna paredes feitas com tijolos de barro e esterco de animais de carga, como a maioria nesta área. As crianças vagueiam junto aos cachorros famintos rodeados de moscas.

Junto a um rio de água cinzenta e fedorenta, uma mulher expressa sua rejeição à tradição anonimamente, porque teme represálias de seus vizinhos.

"As mulheres vendidas à força têm que satisfazer o sogro. 'Eu paguei por você e posso fazer o que eu quiser', é o que eles dizem", conta esta mãe de duas adolescentes, angustiada porque seu marido poderia repetir a história com suas filhas.

Mais de 3.000 crianças e adolescentes de Guerrero com entre 9 e 17 anos tiveram filhos no ano passado, algumas delas dentro desses casamentos arranjados, segundo dados oficiais.

- "Lutamos muito para pagar" -

"Queremos que isso mude, mas como as pessoas dizem: 'eu faço o que quiser porque tenho a minha filha e ninguém vai mandar em mim' (...), queríamos que houvesse alguém para nos ajudar, que houvesse uma lei" para impedir, comenta Víctor Moreno, de 29 anos.

Casado sob a mesma tradição, Moreno se opõe a criticá-la publicamente porque já foi forçado a emigrar para o norte do México para trabalhar e pagar o dote. Outros optam pelos Estados Unidos.

"Somos gente pobre, não temos dinheiro para comprar uma nora que se case com nossos filhos e lutamos muito para pagar", acrescenta este pai de dois meninos.

Benito Mendoza, membro da organização Yo quiero, Yo puedo (Eu Quero, Eu Posso em tradução livre), ministrou oficinas de conscientização em mixteco até que ficou sem dinheiro em fevereiro passado.

Os pais "cobram porque acreditam que devem recuperar o o que foi gasto com as mulheres durante sua criação", explica.

Virgilio Moreno, líder comunitário de 72 anos, afirmou que apenas 300 pessoas aceitaram abandonar a prática, e exige atenção das autoridades federais.

"A maioria continua vendendo suas filhas", lamenta Eloina, vendida por 2.000 dólares.

"Mank" da Netflix, um drama em preto e branco ambientado na idade dourada de Hollywood sobre a realização de "Cidadão Kane", liderou as indicações ao Globo de Ouro nesta quarta-feira (3).

"Mank" obteve seis indicações, incluindo a de melhor drama, seguido por outro filme da Netflix, "The Trial of the Chicago 7", que obteve cinco.

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A plataforma de vídeo, que provavelmente se beneficiou dos confinamentos vinculados à pandemia e do adiamento de grandes produções de estúdios tradicionais, obteve 22 seleções este ano, contra as 17 do ano passado.

No pódio das indicações também estão "The Father", adaptação da obra do francês Florian Zeller com Anthony Hopkins, "Nomadland", de Chloe Zhao, e "Promising Young Woman", de Emerald Fennel, com três indicações cada um.

No ano passado, o Globo de Ouro , concedido por cerca de 90 membros da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, foi alvo de fortes críticas por deixar totalmente de fora as mulheres na categoria de "melhor diretora" para um filme.

Mas neste ano, com Chloe Zhao, Emerald Fennel e Regina King ("One Night in Miami"), as mulheres são maioria e concorrem junto com David Fincher e Aaron Sorkin.

O Globo de Ouro é um dos prêmios mais cobiçados do cinema americano: é um importante indicador de quais filmes e atores têm mais chances de ganhar a famosa estatueta dourada do Oscar.

A edição número 78 do Globo de Ouro, que também honra os melhores na televisão, será transmitida em 28 de fevereiro.

A morte de um negro nas mãos de um policial branco em Atlanta aumentou o debate acalorado nos Estados Unidos sobre o racismo sistêmico, provocando novos protestos nas ruas e a renúncia da chefe da polícia da cidade.

Nesta segunda-feira (15), o Conselho de Direitos Humanos da ONU aceitou a proposta dos países africanos de organizar um debate urgente na quarta-feira (17) sobre racismo e violência policial.

A morte na sexta-feira (12) de Rayshard Brooks, de 27 anos, por um tiro da polícia, ocorreu em meio a uma onda de protestos e distúrbios nos Estados Unidos e em várias partes do mundo após a morte do afro-americano George Floyd, em 25 de maio, vítima da brutalidade policial.

O serviço médico legal de Atlanta considerou a morte de Brooks como homicídio. O restaurante da rede Wendy's, onde ocorreu o incidente, foi incendiado no sábado (13), enquanto centenas de pessoas se manifestaram na capital do estado do sul da Geórgia, bloqueando uma rodovia.

A prefeita Keisha Lance Bottoms, cujo nome aparece como possível candidata de chapa com o democrata Joe Biden, anunciou no sábado a renúncia imediata de Erika Shields, que lidera a polícia de Atlanta desde dezembro de 2016.

"Não acredito que a ação tenha sido um uso justificado da força", disse Bottoms.

Segundo um relatório oficial, Brooks dormia em seu carro do lado de fora do restaurante quando funcionários ligaram para a polícia para reclamar que ele estava obstruindo a passagem de clientes.

Brooks estava bêbado e resistiu quando dois policiais brancos tentaram prendê-lo, informou o Gabinete de Investigação da Geórgia (GBI).

Imagens do incidente, divulgadas pela polícia no domingo, mostram uma briga entre os policiais e o suspeito, que consegue pegar a pistola taser (arma imobilizadora) de um agente e escapa.

Embora o GBI sustente que "Brooks virou e apontou o taser para o policial, que usou sua arma", as imagens mostram que o suspeito vira as costas para o policial quando este atira e o fere.

Brooks foi levado para um hospital, mas morreu após uma cirurgia. Um oficial ficou ferido.

O policial que atirou em Brooks foi demitido no sábado e identificado pelas autoridades locais como Garret Rolfe, enquanto o segundo agente foi enviado para funções administrativas, segundo a ABC News.

O procurador do condado de Fulton, Paul Howard, afirmou que seu escritório decidirá se apresentará acusações criminais contra Rolfe, informou o "Atlanta Journal-Constitution".

Brooks tinha quatro filhos e havia comemorado o aniversário da filha de oito anos na sexta-feira, segundo o advogado da família.

A ex-legisladora afro-americana Stacey Abrams, outra potencial candidata de chapa de Biden, disse no domingo que a raiva dos manifestantes "é legítima".

"Um homem foi morto, porque dormia no meio do caminho de outras pessoas, e sabemos que não é um incidente isolado", afirmou.

Um advogado representando a família do falecido, Chris Stewart, denunciou um uso desproporcional da força.

"Na Geórgia, o taser não é uma arma letal. Os reforços chegaram dois minutos depois. Eles poderiam tê-lo encurralado. Por que tiveram que matá-lo? (O policial) tinha outras opções além de atirar nas costas", disse ele a jornalistas.

Este é o 48º caso de tiroteio, envolvendo policiais, investigado pelo GBI desde o início do ano, disse o "Atlanta Journal-Constitution". Em 15 desses tiroteios, houve mortes.

Os protestos após a morte de Floyd, que se espalharam primeiro pelos Estados Unidos e depois pelo mundo, destacaram os legados da escravidão, do colonialismo e da violência branca contra a comunidade negra e contra outras minorias, bem como a brutalidade da polícia no país norte-americano.

Na Europa, onde os protestos contra o racismo continuaram na Alemanha, França, Suíça e Reino Unido no fim de semana, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta segunda-feira a criação de uma comissão sobre desigualdades raciais.

Johnson argumentou que era necessário agir sobre a "substância" do problema, em vez atuar sobre os "símbolos", em oposição às reivindicações pela remoção de monumentos representando figuras históricas controversas.

Um grupo de brasileiros a bordo de um navio de cruzeiro da Costa Crociere desde o início de março está vivendo um drama na Itália porque as embarcações estão com dificuldades para desembarcar os passageiros estrangeiros, em meio à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2).

O Costa Pacifica, que deveria ter ancorado em cidades da Espanha, mas foi recusado sob o temor da Covid-19, está atualmente no porto de Civitavecchia, em Roma.

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Em entrevista à TV Globo News, os turistas disseram que estão em contato direto com o cônsul brasileiro em Roma, responsável por repassar as informações ao Ministério das Relações Exteriores no Brasil.

Segundo Glauber Ribeiro, um dos passageiros citado na reportagem, há pelo menos 17 brasileiros a bordo do navio e todos os passaportes foram confiscados.

Durante a entrevista, outro cidadão ressaltou que as autoridades italianas anunciaram que as medidas de desembarque serão mais severas e podem incluir até um teste de coronavírus. No entanto, não há previsão de data para desembarcar os passageiros. O grupo também não sabe como conseguirá retornar ao Brasil.

Hoje cedo, o prefeito de Civitavecchia, Ernesto Tedesco, já havia determinado que o porto local receba apenas tráfego de mercadorias, já que a cidade enfrenta uma emergência médica.

Em nota à TV Globo News, a empresa italiana de cruzeiros afirmou que está trabalhando para resolver a situação, mas que grande parte dos brasileiros já voltou para o país. A companhia ainda disse que continua cuidando da repatriação dos demais respeitando diretrizes das autoridades internacionais de saúde.

Da Ansa

Os dias de chuva pedem aconchego, comidinhas, companhia (ou não) e uma boa programação na televisão. Por mais que os canais por assinatura ofereçam na grade os clássicos do cinema, os serviços de streaming estão saindo na frente com uma infinidade de opções nos seus catálogos.

Animação, aventura, drama, comédia, entre outros gêneros, caem muito bem quando fica impossível sair de casa quando a chuva toma conta do clima. Pensando nisso, o LeiaJá listou alguns filmes para os dias chuvosos. Prepare a pipoca, fique atento ao barulho da chuva na janela e confira as opções cinematográficas.

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Uma Família de Dois - Filme disponível na Amazon Prime Video

Histórias Cruzadas Filme disponível na Netflix

Extraordinário - Filme disponível na Amazon Prime Video

Toy Story 3 - Filme disponível na Netflix

Um Senhor Estagiário - Filme disponível na Amazon Prime Video

Girl - Filme disponível na Netflix

Tully - Filme disponível na Amazon

Sequestrando Stella - Filme disponível na Netflix

O pai de Nastacha Hernandez morreu e ela não foi capaz de se despedir: como muitos venezuelanos nos Estados Unidos, a jovem não conseguiu renovar seu passaporte em meio a uma crise intensificada pela ruptura das relações entre os dois países.

"Sinto-me frustrada, com raiva", disse Hernandez, que não via o pai há seis anos quando este foi internado.

Muitos venezuelanos se encontram num "limbo" desde a ruptura das relações diplomáticas entre os dois países, e agora depositam esperanças na insurreição de um grupo de militares contra o governo de Nicolás Maduro na terça-feira.

"Tenho fé, porque pela primeira vez em 20 anos temos os olhares da comunidade internacional voltados para a Venezuela", disse à AFP Maria Eugenia Montilla, que veio com sua filha para protestar em frente à embaixada de Caracas em Washington, atualmente tomada por ativistas pró-Maduro.

Sua filha Karla Monagas, de 27 anos, teve que deixar o país natal por participar em protestos em 2014. Ela vive atualmente em Maryland, mas seu passaporte vencido ameaça seu status migratório.

"Minha melhor opção agora é que, antes que meu visto expire, um juiz me conceda a entrevista e assim revisem o meu caso", explicou Karla.

Mas, se isso não acontecer, ficará em situação irregular.

- "Uma das coisas mais fortes" -

Há pouco mais de três meses, o presidente venezuelano Nicolás Maduro rompeu relações com os Estados Unidos, depois que o governo de Donald Trump reconheceu o presidente do Parlamento, Juan Guaidó, como presidente interino.

Desde então, a situação dos venezuelanos nos Estados Unidos tornou-se mais complicada.

Os consulados venezuelanos nos Estados Unidos fecharam e Maduro ainda não designou um país que cuide de seus interesses, como fez Washington, que delegou este mandato à Suíça.

"Não poder dar um último adeus a seu pai é uma das coisas mais fortes que há", contou uma mulher de 39 anos, que pediu para ser identificada como Maria por medo de represálias, e que passou pela mesma tragédia que Nastacha Hernandez. Seu pai morreu na Venezuela em setembro de 2018.

"Não pude ir dar meu último adeus por falta de passaporte".

Em meio ao drama, surgem as máfias que podem cobrar até US$ 1.000 por uma extensão do passaporte, que nada mais é do que um adesivo que estende sua validade por dois anos.

A Venezuela atravessa a pior crise de sua história moderna e, desde 2015, quase 3 milhões de venezuelanos emigraram em busca de melhores condições de vida. Estima-se que haja entre 400.000 e 600.000 nos Estados Unidos, segundo pesquisas americanas e dados da delegação de Guaidó.

Segundo a agência de refugiados da ONU, ACNUR, mais de 72.000 venezuelanos solicitaram asilo nos Estados Unidos.

Guaidó, reconhecido como presidente interino por 50 países, nomeou como seu embaixador em Washington Carlos Vecchio, que até agora não conseguiu reabrir a rede consular.

"Passaportes, extensões, dinheiro (...) Nosso trabalho é reabrir os consulados para que os venezuelanos tenham acesso a esses serviços", escreveu Vecchio no Twitter no final de fevereiro.

A delegação de Guaidó tomou o consulado em Nova York, mas em Washington a sede ainda é ocupada por chavistas.

A AFP visitou este prédio de quatro andares localizado no elegante bairro de Georgetown e constatou que os processos parecem ter sido apressadamente abandonados, embora muitos discos rígidos tenham sido extraídos e armários esvaziados. Muitos passaportes foram empilhados nas mesas.

"O regime Maduro desmantelou e fechou toda a rede consular da Venezuela nos Estados Unidos e em alguns outros países", disse à AFP Gustavo Marcano, ministro conselheiro da delegação de Guaidó nos Estados Unidos.

"Obviamente, o regime não está interessado em fornecer qualquer serviço consular, porque há milhões de venezuelanos que tiveram que emigrar".

Onze países da América Latina - Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai - aceitam a entrada de venezuelanos com passaportes vencidos.

Washington não anunciou medida neste sentido até agora.

Há um projeto no Senado para proteger os migrantes venezuelanos sob a forma de status de proteção temporária (TPS), que protege as pessoas de países que sofrem conflitos ou crises humanitárias.

A arte e a vida são elementos que, na maioria das vezes, andam lado a lado no cinema. Os filmes que retratam competições extremas ou a dramaticidade no âmbito trabalhista apresentam uma parcela de força de vontade extraída das pessoas que lutam por conquistas profissionais.

No Dia do Trabalhador, celebrado nesta quarta-feira (1º), o LeiaJá relembra produções cinematográficas que trazem diversos funcionários em histórias emocionantes, em desfechos de tirar o fôlego, que cruzam o caminho da derrota, conquista e dos sonhos.

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Baseado em uma história real vivida pelo pai de Rodrigo Barriuso e Sebastián Barriuso, irmãos e diretores do filme, o longa "O Tradutor", que estreia hoje nos cinemas, relata a história de Malin (Rodrigo Santoro), um professor de literatura russa que se torna intérprete de crianças vítimas de câncer causado pelo maior acidente nuclear da história.

Com a explosão de um reator na usina de Chernobyl (hoje território ucraniano) em 1986, o incêndio espalhou material químico e os efeitos da intoxicação chegaram a um raio de 1.200 km. A história se passa em Cuba, país para o qual as crianças da região afetada pelo desastre nuclear foram encaminhadas a fim de iniciar o tratamento contra a doença.

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Com a dificuldade de compreender a língua dos pacientes, médicos cubanos decidiram pela presença de um tradutor e o escolhido foi Malin. Um pouco à contragosto no começo, o professor se vê entre uma crise no seu relacionamento familiar e amenizar o sofrimento das crianças com câncer.

O drama cubano tem no elenco as atrizes Maricel Álvarez, Yoandra Suárez e Nikita Semenov.

"O Tradutor" marca o retorno do brasileiro Santoro às telonas. Astro da série "Westworld" (HBO), sua última grande participação nos cinemas foi na releitura de "Ben-Hur", em 2016. Ainda este ano, o público poderá ver o ator interpretar o personagem Louco, do nacional "Turma da Mônica: Laços", inspirado nos quadrinhos de Mauricio de Sousa.

Quem nunca foi pego falando algum bordão de novela, que atire a primeira pedra. Por conta de histórias bem pensadas, trilhas sonoras da atualidade e personagens carismáticos, o termômetro de sucesso dos folhetins brasileiros tem sua medição nas alturas quando as interpretações dos atores escalados caem na graça do povo.

Diversos escritores incluem em seus textos algumas frases que possam repercutir nas ruas, mas na maioria das vezes o improviso torna-se o grande protagonista durante as gravações das cenas, recebendo o nome de caco. Por isso, relembre cinco bordões ditos nas novelas e reproduzidos entre os telespectadores.

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"Tô certo ou tô errado?" - Sinhozinho Malta

Em 1985, o público noveleiro não desgrudava os olhos da televisão quando "Roque Santeiro" estava no ar. A fictícia cidade de Asa Branca foi recheada de mistérios, aventuras e palavras engraçadas. Apaixonado pela Viúva Porcina, o poderoso Sinhozinho Malta foi um dos personagens que fez muita gente cair na gargalhada. O bordão "Tô certo ou tô errado?", seguido do braço balançando o relógio, popularizou o carisma de Lima Duarte com o personagem.

"Stop, Salgadinho" - Lucineide

Regina Dourado não viveu o papel principal de "Explode Coração", de Glória Perez, mas era responsável por movimentar o núcleo de humor. Na trama, Lucineide era casada com Salgadinho, interpretado pelo ator Rogério Cardoso, onde viviam discutindo com muita graça na lanchonete que os dois possuíam. Sempre atualizada, decidida e barraqueira, Lucineide eternizou a trama das nove com a frase hilária "Stop, Salgadinho". 

"Catiguria" - Bebel

Vivendo um romance muito louco com Olavo, personagem de Wagner Moura, Bebel era uma garota de programa que queria viver um grande amor e sair das ruas de Copacabana. Passeando pelo drama e humor, a personagem de Camila Pitanga sofria com a língua portuguesa. Sem modos sociais, e falando sempre errado, Bebel se transformou em 'Patrimônio da Teledramaturgia' com o seu charme de "catiguria". Lutando para dizer que "tinha categoria", a moça era um dos pontos altos da novela "Paraíso Tropical" em 2007.

"Não é brinquedo, não" - Dona Jura

Considerado um dos bordões de maior repercussão na história da televisão brasileira, Dona Jura conquistou diferentes públicos ao longo de "O Clone". Entre 2001 e 2002, a atriz Solange Couto, que atualmente integra o elenco da novela das sete "O Tempo Não Para", viralizou o icônico "Não é brinquedo, não" para a trama de Glória Perez. Segundo Solange, a frase surgiu em meio a uma discussão de trânsito. Autorizado pela direção da novela, Solange Couto colocava a frase na maioria dos seus diálogos com os colegas de cena.

"Are Baba" - Elenco indiano de "Caminho das Índias"

Mais uma novela de Glória Perez entrou no cotidiano das pessoas. Protagonizada pelos atores Rodrigo Lombardi e Juliana Paes, a novela "Caminho das Índias" virou uma verdadeira fábrica de bordões no ano de 2009. Vencedora do Emmy Internacional, a trama montou um dicionário com frases do dialeto indiano. Quando a trupe de Maya e Raj aparecia na telinha, o bordão "Are Baba" ultrapassava a linha da ficção e chegava na casa dos brasileiros em formatos de espanto e risos.

Fotos: Reprodução/TV Globo/YouTube

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 O tão aguardado encontro entre Luzia (Giovanna Antonelli) e Valentim (Danilo Mesquita) promete emocionar em "Segundo Sol". Decidido a entender todo o seu passado, o rapaz ficará atento às explicações da sua verdadeira mãe.

Durante a conversa, mãe e filho serão surpreendidos pela polícia. Sob mais uma armação de Laureta (Adriana Esteves), as autoridades prenderão Luzia na frente de Valentim. "Dona Luzia Batista? A senhora está presa!", dirá o policial, em meio a uma revista na casa da família Falcão.

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Desesperado com a situação, o neto de Dodô (José de Abreu) vai tentar interferir na ação da polícia, mas sem sucesso. "Que é isso, cara? Cê vai machucar ela! Tira a mão dela!". Algemada, Luzia falará baixo no ouvido de Valentim para ele procurar por Remy (Vladimir Brichta).

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Alinne Moraes surpreendeu ao fazer revelações sobre sua vida pessoal durante o lançamento da novela Espelho da Vida, que aconteceu na noite da última terça-feira, dia 11, no Rio de Janeiro. Ela, que será Isabel, a antagonista da nova trama das seis da Globo, falou que, como atriz, aprendeu a se colocar no lugar do outro e isso facilitou na sua relação com seu pai.

Filha de mãe solteira, Alinne só conheceu o pai aos 22 anos de idade, quando ele ligou para a Globo a procurando.

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- Meu pai ligou para a Globo para poder me conhecer. A Globo me ligou para saber se era verdade, eu fui conhecê-lo e tudo mais. Eu poderia, pela minha formação, ter entendido que não queria conhecê-lo, porque ele nunca foi atrás de mim, disse.

Quando questionada se perdoou o pai, ela foi direta.

- Não tinha o que perdoar. Perdoar o quê se eu me coloquei no lugar dele? Quando você entende o que o outro está sentindo, não tem o que perdoar. Logo depois desse encontro, ele morreu. Sim, parece uma novela, lamentou a atriz.

Ela também falou que precisou de anos de terapia para aprender a destacar o que há de melhor em sua personalidade.

- Já tive relacionamentos de muito ciúmes e isso acabou fazendo que eu tivesse ciúmes também. Só que não quero alimentar esse tipo de sentimento. Tem gente que diz que só um pouco de ciúmes faz bem, mas eu não. Tudo que se alimenta acaba crescendo. Ciúmes, inveja são ruins e não podem ser alimentados, comenta.

Em Espelho da Vida, que estréia dia 25 de setembro, Isabel e Alan, papel de João Vicente de Castro, tiveram uma história de amor no passado e agora ele retorna para Rosa Branca com a nova namorada, Cris Valência, vivida por Vitória Strada. No entanto, ela vai fazer de tudo para reviver o romance.

O atacante Pipico foi o primeiro atleta desta temporada que renovou com o Santa Cruz para o próximo ano. Em uma publicação feita em seu perfil oficial no Instagram, no último domingo (2), o atleta comemorou sua permanência no clube coral e revelou um drama familiar sofrido neste ano.

"Hoje estou aqui para manifestar minha satisfação e alegria em ter renovado com o Santa. Clube que me recebeu de braços abertos e confiou no meu trabalho. Torcida que me abraçou e sempre me deu total apoio, dentro e fora de campo. Posso dizer que 2018 foi um ano de aprendizado, passamos por momentos bons e ruins.. nosso principal objetivo não foi alcançado, confesso que ainda não digeri", escreveu Pipico.

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"Este ano não perdi apenas o acesso, início de agosto, minha esposa Isabela que estava com 3 meses de gravidez, perdeu tb nosso filho. Não poderia deixar de aproveitar a oportunidade para agradecer a todos da diretoria, que não mediram esforços para nos ajudar, estiveram com a gente no hospital e aos meus companheiros que me prestaram apoio neste momento difícil. Tenho certeza e fé em Deus que em 2019 será diferente. Vamos com tudo!", completou. 

Confira a publicação do atacante: 

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Nem Complexo Industrial, nem Porto. Suape, antes de tudo, significa “caminhos sinuosos”, em tupi-guarani. O termo foi cunhado pelos Caetés, em referência à constituição geomorfológica da região, que costumava ser marcada pelas exuberantes matas, mangues e rios. Embora dados de 2010 dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) denunciem que o Rio Ipojuca, por exemplo, é o terceiro mais poluído do país, a sabedoria dos povos originários parecia antever o destino atravancado de suas terras. 

No ano de 2014, Suape, localizado na cidade do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, assistiu à segunda maior desmobilização de trabalhadores da história do Brasil, com o desligamento de 42 mil funcionários, segundo dados do Governo do Pernambuco. Desses, a porcentagem de 42% é composta por pessoas de fora do Estado, que enxergaram na região uma espécie de Eldorado nordestina, onde lhes fora prometida, além de emprego com carteira assinada, a possibilidade de ocupar uma das áreas mais prósperas do país.

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 Estamos em 2018, onde o conto de fadas não chegou. No lugar da terra prometida, profissionais desempregados reuniram empréstimos e esforços desesperados para se aglutinarem em uma série de comunidades no entorno do Complexo Industrial. Em uma delas, batizada de Sítio Areal pelos próprios moradores, uma contagem informal estima a presença de cerca de mil pessoas. Desempregados e sem recursos para voltar aos locais de origem ou pagar aluguéis, eles avançaram para o interior do Parque Armando Holanda Cavalcanti, área de preservação histórica no Cabo de Santo Agostinho, que, segundo sua administração, é de propriedade de Suape. 

Há cerca de cinco anos, a comunidade cresce sem água, luz, saneamento ou qualquer infra-estrutura básica, e ainda tendo que enfrentar as investidas de Suape, que não permite a construção ou ampliação dos imóveis no perímetro do Parque. Com a maior parte de sua população composta por operários baianos demitidos pelo Complexo Industrial Portuário (CIP), privados da presença do Estado em todas as esferas, a comunidade parece reprisar a Canudos do início da república. Ao contrário dos conselheiristas, contudo, Areal tem cada dia menos fé.  

A terra  

Uma idosa e três adolescentes. O vão onde morava a aposentada Neusa Carvalho não tinha muito do que isso em seu interior quando, segundo ela, Suape, em ação conjunta com a Polícia Militar e a Prefeitura do Cabo, demoliram sua casa pela primeira vez. “Começaram a derrubar a estrutura comigo dentro, sem mandato, sem nada. Eu passei mal, uma de minhas filhas também e Suape disse que estávamos fazendo ‘manha’”, lembra. Em quatro anos, Neusa alega que já teve a casa demolida e reconstruída três vezes. A narrativa é sempre a mesma: após uma nova demolição, é tomado outro empréstimo e o imóvel levantado mais uma vez, com a mão-de-obra solidária dos vizinhos do Sítio Areal. Ex-funcionária do Complexo Industrial, Dona Neusa mora na comunidade desde que precisou se aposentar por invalidez, após um acidente no trabalho, e é uma das moradoras que denuncia a utilização arbitrária da lei do desforço imediato por parte dos agentes do Estado e da empresa. 

Dona de uma paz desconcertante, Neusa esconde no sorriso fácil o drama que compartilha com a maioria de seus novos vizinhos. Baiana de Camaçari, ela foi a Suape cheia de esperanças. Conseguiria em Pernambuco emprego de carteira assinada e o sonhado tratamento para o filho doente. O trabalho e a assistência médica de fato vieram, mas para marcar sua trajetória com duas tragédias. “De frente a uma porta de vidro do meu serviço, havia um batente de dois degraus que dava para uma porta de vidro. Tropecei e cortei uma parte do braço direito. Abriu artéria, nervos: tudo”, lembra. 

Neusa teve sua casa derrubada por três vezes. Três vezes o imóvel foi reconstruído. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

Neusa perdeu completamente os movimentos do dedo mindinho e quase todo o domínio sob o anelar e o médio. “Me encostaram por três anos até que o INSS deu alta. Aí tive que trabalhar mais 11 meses na fábrica da Bacardi para poder pagar o tempo parada e me aposentar. O certo era me encostar e me dar um bom dinheiro. Ainda procurei advogados, mas não consegui”, lamenta. Se no trabalho as coisas não iam bem, em casa iam de mal a pior. Neusa precisou de toda a coragem que trouxe na mala quando o falecimento de seu filho veio acompanhado por novas demolições de sua casa. 

A assessora jurídica do Fórum Suape, Luísa Duque, que presta auxílio às famílias do Sítio Areal, afirma que, para realizar as demolições, Suape se vale de uma recomendação feita pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). “Eles chegam e alegam que a população é invasora de uma área de preservação e precisa deixar o local, através da utilização da força, se necessário. Assim, avançam sobre as construções sem mandato judicial”, comenta. A advogada questiona ainda o posicionamento do MPPE diante da situação. “O desforço imediato só se aplica quando a construção ainda não foi acabada. No caso do Parque Armando Holanda, a gente tem a destruição de casas que já estão consolidadas há mais de cinco anos. É Suape se utilizando de um documento questionável para expandir seu alcance”, completa. 

Na recomendação a que se refere a advogada, um ofício de outubro de 2013, o Ministério Público, além de legitimar a utilização do desforço imediato por parte de Suape, aconselha a empresa a promover “a identificação dos dos invasores que já residem na área do PMAHC (Parque Armando Holanda Cavalcanti), ingressando com as ações judiciais necessárias para reaver as áreas invadidas”. Através de sua assessoria de imprensa, o MPPE comentou que sua “maior preocupação é evitar que mais pessoas construam no local”.

O Parque Armando Holanda Cavalcanti

Acontece que o Sítio Areal é uma das comunidades localizadas dentro dos 270 hectares do Parque Armando Holanda Cavalcanti, inaugurado no ano de 1979, a partir de um conjunto de desapropriações de populações nativas do Cabo promovidas pelo Governo do Estado, com o objetivo de “preservar os bens culturais, artísticos e históricos” da cidade. Sua área inclui a Vila Nazaré, uma pequena vila colonial datada do século XVI, onde estão localizados a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, o Farol Novo, além das ruínas do Convento Carmelita, antigo do Quartel e da Casa do Faroleiro. Embora guarde relevantíssimo patrimônio histórico e seu Plano Diretor exista há mais de vinte anos, “o Parque encontra-se em situação de abandono”,  segundo relatório da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH).

De acordo com o documento, ainda na década de 1980, com sua expansão, o Complexo Industrial e Portuário de Suape (CIP) tornou-se responsável pelo Parque. Pouco tempo após ser iniciado seu período de administração da área, contudo, Suape apressou-se em ceder, a título de cessão de uso oneroso, 117 hectares ao fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, a FUNCEF, onde foi construído um suntuoso resort, denominado Vila Galé. A contrapartida da FUNCEF seria tomar a responsabilidade de promover a manutenção dos monumentos históricos presentes no parque. Em posse da terra, contudo, a FUNCEF exigiu novo Plano Diretor, pois considerou desatualizado aquele que já existia há 20 anos. Estava criado o impasse administrativo da área. 

No ano de 1999, a FIDEM chegou a elaborar um Plano Estratégico contendo as indicações dos custos e prazos necessários para a implementação do Parque, mas quando “a FUNCEF foi acionada para implantar as ações que faltavam e iniciar o processo de gerenciamento, procurou destratar essa responsabilidade alegando não ter mais interesse em gerenciar o Parque, que entrou numa situação de abandono, com impactos aparentes nas praias de Calhetas e Paraíso, assim como na área do sítio histórico”, registrou a CPRH. 

O Resort Vila Galé visto de uma das casas de Areal. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

Apesar da generosidade na concessão de terreno para o resort, Suape estabeleceu como prática a derrubada de qualquer novo vão residencial no perímetro do Parque Armando Holanda. Nem a sede da ONG Ame a Mãe Terra, fundada em 2009, escapou dos tratores da empresa. Utilizada como um Centro de Vivência Ecológica e Cultural, a estrutura era espaço de sensibilização e conscientização ambiental de adolescentes e jovens residentes nas comunidades do entorno e estava fechada, sem nenhum de seus responsáveis presente, quando foi derrubada. 

À reportagem, a população do Sítio Areal denunciou a presença quase diária de agentes de Suape no entorno da comunidade, fotografando e filmando as residências das famílias. “Eles monitoram as construções. Se virem alguém fazendo um novo cômodo, derrubam”, comenta uma moradora que prefere não se identificar. Para executar as derrubadas, alguns moradores afirmam que há serviço de policiais de outras cidades, fora do horário de expediente.

Através da assessoria de imprensa da empresa, o Diretor de Gestão Fundiária e Patrimônio de Suape, Luciano Monteiro, comunicou que “por se tratar de uma área de preservação é terminantemente proibida a construção de moradias no local (o Parque Armando Holanda Cavalcanti). A nota de Suape frisa ainda que a empresa promove fiscalizações mensais na área do Parque, em conjunto com a Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho e a Companhia Independente de Policiamento Independente (Cipoma), “com o objetivo de coibir invasões nesta área que necessita de preservação e proteção”. O gestor informa ainda que “Suape está aberta ao diálogo e pode receber qualquer cidadão para mais esclarecimentos”. 

As mulheres e a luta

Patrícia foi atraída a Pernambuco pelo sonho de conseguir melhores condições de vida. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

Patrícia Trindade resolveu vender tudo o que tinha na Bahia quando o marido, Ubaraí de Carvalho, conhecido em Areal por “Bira”, recebeu a primeira proposta para trabalhar em Suape. Era 2009, e ele finalmente conseguira garantir sua carteira assinada, além de plano de saúde e moradia para a família. “Aí perdeu o emprego pela primeira vez, porque as obras tinham acabado. Falaram que era muito tempo de serviço, mas acabei voltando para o meu Estado grávida, com as passagens pagas pela dona da casa onde a gente morava”, conta. Com uma nova oportunidade do companheiro na Petronave, o casal fez a viagem de volta a Pernambuco, onde passou a viver no aluguel. Veio uma nova demissão, sem que houvesse pagamento das rescisões trabalhistas, e, com ela, a impossibilidade de arcar com as despesas familiares. “Se não fosse a comunidade, que cedeu esse terreno, a gente tinha ido morar na rua. Todo mundo fazia um mutirão e levantava a casa. Só das mãos do meu marido subiu mais de dez casas”, afirma. 

Sem emprego, Patrícia e Bira foram à luta. “Todo mundo no Sítio Areal é trabalhador, tem experiência em obra e tudo. Pela necessidade, fomos vender coxinha e Cremosinho na praia. Enquanto os trabalhadores estavam aqui, o movimento era bom, mas agora só a misericórdia de Deus”, relata. À medida que a casa deixava de ser apenas o vão inicial e ganhava quartos, sala e cozinha, Patrícia transformava-se, de dona de casa, em liderança comunitária, a denunciar as demolições rotineiras na comunidade. “São ações irregulares. Quando vem, não vem com mandato nenhum. Em quatro anos aqui, nunca vi apresentarem nenhum documento, só dizem que a gente está em área imprópria”, expõe. 

Na dependência do Bolsa Família e da ajuda de uma igreja, Bira se vira com bicos e relata preconceito do mercado de trabalho pernambucano com a mão-de-obra baiana. “Estou há dois anos procurando, mas sem perspectiva de emprego. Os que surgem, funcionam na base da panelinha e, quando sobra vaga, é muito difícil colocarem alguém de fora, principalmente quando sabem que é da Bahia. Já ouvi alguns dizendo que baiano não presta, é preguiçoso e gosta de fazer greve”, queixa-se. 

Bira relata preconceito contra profissionais baianos no mercado de trabalho pernambucano. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

Apharteid? 

Não bastasse a dificuldade de garantir o sustento da família, Patrícia e Bira ainda precisam dedicar atenção redobrada ao filho, que sofre de rinite alérgica. A doença demanda acompanhamento médico mensal, mas o posto de saúde mais próximo, em Gaibu, só reserva, segundo Patrícia, dez fichas diárias de atendimento para as comunidades não registradas. “Meu filho pode sufocar com inchaços da rinite e morrer. Preciso dar a medicação dele, mas ela só pode ser comprada com receita, porque depende de coisas como o peso, então tem que ter acompanhamento de um pediatra”, protesta. 

Como nunca consegue as fichas, Patrícia precisa assistir às crises mais fortes da criança para conduzi-lo à emergência e reclamar o atendimento. “Toda vez a atendente fala a mesma coisa, que eu sei que eles não atendem esses casos. Aí tenho que explicar de novo que não consigo atendimento”, completa. 

Por meio de nota, a Prefeitura do Cabo negou que haja limite de senhas para áreas descobertas. “Não procede este número limite de fichas para o atendimento de moradores Sítio Areal. O fato é que, o Ministério estabelece critérios para a instalação/criação de novas unidades de saúde. Um deles é que a área tenha a partir de 4 mil habitantes”, escreveu a assessoria de imprensa. A Prefeitura garante ainda que “os moradores da região contam com o acompanhamento dos agentes de saúde, regularmente, e quando há uma necessidade de consulta de rotina, são encaminhados para a Unidade de Saúde da Família, ou para o Centro do Cabo, a depender do tipo de atendimento”. De acordo com a instituição, “os casos de urgências são atendidos pelo SPA de Gaibu”. 

Falta de luz

De braços cruzados, comunidade exibe protocolo da Celpe com solicitação de posteamento, feita há três anos. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

A narrativa de Patrícia se repete nos discursos de inúmeras outras mulheres do Sítio Areal, comandado majoritariamente por elas. Outra liderança da comunidade, a paraense Marcicléia Medeiros também veio ao Cabo no ano de 2012, a pedido do marido, que atuou como caldeireiro industrial de uma das empresas ligadas ao CIP. Inconformada com a falta de luz, água e saneamento básico da comunidade, que nem sequer teve as casas numeradas pela Prefeitura, ela batalha para criar a Associação de Moradores do Sítio Areal, da qual exibe orgulhosa o Estatuto Social redigido pelos moradores. Com a instituição, a população espera ser reconhecida pelo Cabo. 

Marcicleia relata o corte da energia elétrica clandestina efetuado no Sítio Areal, pela Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), em operação conjunta com Suape, a Prefeitura do Cabo e a Polícia Militar, no dia 28 de junho deste ano. Com o protocolo da Celpe de número 9100595752, datado de 14/09/2015, solicitando a extensão da rede trifásica nas mãos, ela conta que a companhia chegou a instalar postes em metade do Sítio Areal. “Como a comunidade surgiu de dentro para fora, é possível visualizar que os postes começaram a ser colocados nesse sentido, ou seja, a rede atende a metade da comunidade, a outra está fora. A gente entende que a Celpe começou a ‘postear’ escondido e quando Suape viu, embargou o serviço”, comenta.

Ao lado do protocolo da Celpe, documento da Associação de Moradores, uma tentativa da população de ser reconhecida pelo Cabo. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

Nem Marcicleia nem os demais moradores de Areal sabem ao certo dentro de quais prerrogativas o acordo entre Celpe e Suape se deu. “A gente não tem acesso a nenhum tipo de documento, não sabemos como Suape conseguiu o embargo, nem se foi embargado mesmo ou só uma ordem de boca”, completa.

Sem o prosseguimento do posteamento e com o protocolo ignorado há três anos, a comunidade se viu obrigada a instalar uma rede clandestina. Bambus, troncos e paus: a população pegou o material que pôde para construir os próprios postes. Em alguns deles, as linhas correm para mais de quatro casas diferentes, oferecendo grande perigo de curto-circuito e incêndio. “Se a Celpe vier aqui, exigir um padrão e fizer toda a parte de transmissão e iluminação pública, estamos dispostos a pagar as contas, porque não queremos ficar correndo risco. Não entendo porque a empresa se omite de nos atender. Um eletrodoméstico nosso queimando, nem temos como entrar na justiça, porque não estamos legalizados.”, protesta.

Precariedade dos postes "artesanais" oferece grande perigo à população. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

Questionada pela reportagem a respeito da incompletude da instalação da rede, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) argumentou que o MPPE, por meio de ofício expedido em outubro de 2013, recomendou à concessionária que se abstivesse de realizar novas ligações de energia elétrica na área de reserva de Mata Atlântica e Mangue. No referido documento, o MPPE se refere a Suape como legítima proprietária da área e, embora reitere que se trata de uma área de preservação ambiental, permite que a Celpe volte a instalar novas ligações no perímetro do Parque Armando Holanda Cavalcanti caso seja de interesse de Suape.  

“Por medida de segurança, inspeções técnicas rotineiras promovidas pela empresa identificam e removem ligações clandestinas de energia na localidade. A prática ilegal, além de prejudicar o fornecimento regular de energia, coloca em risco a vida de pessoas”, completa o comunicado da Celpe. 

Crianças com dores de cabeça para estudar

Com os olhos em busca de algum movimento na ruazinha pacata, Valéria de Almeida aguarda que alguém precise de lençóis, picolés, cigarros ou isqueiros. O dinheiro que o marido recebeu das rescisões contratuais, investiu em material para construir uma pequena casa com uma espécie de bodega na frente. A exemplo de boa parte dos moradores de Areal, a família tenta sobreviver de uma atividade que possa ser celebrada no único recurso do qual dispõem: uma casa. 

Natural de Belém de São Francisco, no sertão de Pernambuco, Valéria conheceu o companheiro baiano, ex-funcionário da refinaria, no Recife. Gosta do sotaque dele e dos novos vizinhos. “É muito bom. Essa aqui mesmo tem um sotaque bem diferente (aponta para Marcicleia). A gente quer ficar aqui, essa casa é minha”, frisa. A convivência por lá é tão boa que ela garante  já ter recebido até cesta básica de morador de Areal quando passou necessidade. Apesar disso, reconhece a dificuldade trazida pela falta de infra-estrutura mínima enfrentada pelos três filhos pequenos.

“Meu filho mais velho é muito estudioso, mas faz a tarefa à luz de velas. Por isso, ele sente muita dor de cabeça, força muito a vista. É muito triste para uma mãe ver isso”, lamenta. Outros moradores, improvisam uma engenhoca colocando uma lanterna dentro de uma lata de alumínio de leite em pó e reiteram a dificuldade das crianças em estabelecer um horário de estudo. “Queria dizer aos gestores de Suape que amoleçam seus corações, porque somos pais e mães de família e só queremos uma moradia digna para criar nossos filhos e uma sociedade boa”, apela Valéria.  

Quem tem medo do bicho papão?

"Decididamente era indispensável que a campanha de Canudos tivesse um objetivo superior à função estúpida e bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo mais sério a combater, em guerra mais demorada e digna. Toda aquela campanha seria um crime inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para uma propaganda tenaz, contínua e persistente, visando trazer para o nosso tempo e incorporar à nossa existência aqueles rudes compatriotas retardatários. Mas, sob a pressão de dificuldades exigindo solução imediata e segura, não havia lugar para essas visões longínquas do futuro",

Os Sertões, Euclides da Cunha. 

Téo* tem apenas sete anos de idade e, embora conheça praticamente toda vizinhança, não arrisca brincar em outra rua que não seja a de sua casa. “Porque chega Suape com a Polícia e ficam fazendo medo a todo mundo”, explica. Em caso de aproximação do agentes de ambas as instituições, são as crianças que costumam dar a notícia aos adultos. A mãe de Téo, que prefere não se identificar, conta que o garoto já presenciou várias operações nas quais a Polícia Militar entrou na comunidade fortemente armada. “Aquele Major Félix veio aqui querer entrar na minha casa, invadir de tudo que é jeito, aí abri a porta para ele ver que a gente morava aqui. Meu filho ficou desesperado, pedindo para não derrubarem. Nunca demoliram minha casa, mas vieram tirar fotos várias vezes ”, lembra. 

O “Major Félix” a que se refere a moradora é como se apresenta o Superintendente de Controle Urbano da Prefeitura do Cabo, João José Félix Júnior. Oficial aposentado da Polícia Militar de Pernambuco, ele é uma espécie de comandante tanto das ações de demolição executada pela Polícia Militar e Suape na comunidade quanto na recente operação em conjunto com a Celpe, em que o equipamento clandestino foi arrancado. 

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 “Eu disse que não era certo e que os fios foram comprados pelos moradores a partir de uma vaquinha, que ele deixasse, mas me respondeu que não”, conta Patrícia Trindade.  

A moradora relata ainda que, após a negativa, Félix agrediu um morador. “Dobrou, apertando com força, o dedo do menino e tomou um fio da mão dele”, completa. Bira também afirma ter presenciado o momento em que o major teria dado ordem de prisão a outro homem, que “saiu correndo para não ser preso”.

Quando assumiu o atual cargo, Félix já tinha sido alvo de procedimento da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, que submeteu o oficial a Conselho de Justificação, considerando que ele, em tese, “procedeu incorretamente, teve conduta irregular e praticou ato que feriu a honra pessoal, o pundonor militar e o decoro da classe”. A reportagem não teve acesso ao processo, que não está disponível para consulta popular.

Boletim da Corregedoria que aponta possível "conduta irregular" do Major Félix. (Clique AQUI

Em um vídeo gravado durante a operação, é possível assistir ao momento em que a população solicita a apresentação de uma “ordem”. O superintendente responde: “‘Existe’ várias ligações clandestinas aqui. Você só pode construir em área que você tenha propriedade. Tá todo mundo irregular aqui”, sem apresentar a documentação solicitada. 

A reportagem entrou em contato com o Major Félix, que argumentou não ser necessária a apresentação de mandato para demolições de imóveis que não tenham caracterização de moradia ou cortes de energia em Areal. “Um dos atributos da administração pública é o poder de polícia administrativo, que tem os atributos da discricionariedade, coercibilidade e autoexecutoriedade, você não precisa provocar o poder judiciário para tomar as providências naquela área”, comentou o superintendente. Ele nega, no entanto, que ocorreram derrubadas de casas com imóveis ou com moradores em seu interior, como no caso da aposentada Neusa Carvalho. “Claro que não. Nós estamos movendo processo administrativo para aquelas residências que já tem moradores, ou seja, a gente notifica, dá um auto de infração com multa e um prazo de oito dias para se defender por escrito. Quando a gente fecha esse processo, encaminha para a procuradoria do município que encaminha à Vara da Fazenda, para que a Justiça tome providência”, completou.

 

Recomendação do Ministério Público a respeito das comunidades do Parque Armando Holanda Cavalcanti. (MPPE/Cortesia).

Félix frisou ainda que é seu dever funcional, com base na recomendação do MPPE, executar as derrubadas e que a Celpe sempre o acompanha quando ele localiza construções irregulares, onde “sempre há clandestinidade na ligação”. Segundo ele, um relatório com cada ação é feito e encaminhado ao Ministério Público, de forma transparente. O Superintendente também se diz aberto a receber a comunidade na Prefeitura do Cabo, às segundas, quartas e sextas, das 8 às 13 horas, mas também declarou que não há interesse da população de Areal de compor o Conselho Gestor do Parque, grupo de instituições que rege sua administração, especificados no Termo de Ajustamento de Conduta de 2006. “Tem cadeira lá vaga para um representante da comunidade, já foram convidados. As pessoas não querem participar do processo democrático, não querem se comprometer com as decisões do Conselho”, opina.

O LeiaJá teve acesso ao TAC, que institui como membros do Conselho: a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe); CPRH; Condepe-FIDEM; Suape; FUNCEF; PMSCA e um representante das comunidades residentes no Parque. Diferentemente dos demais integrantes, o morador nem sequer tem suas atribuições especificadas pelo documento.  

O MPT avisou

Antevendo a vindoura desmobilização em massa dos trabalhadores de Suape, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) chegaram a criar o Fórum da Recolocação da Mão-de-Obra de Suape e questões afins (REMOS), com o objetivo de discutir políticas públicas que pudessem atender à população desempregada. 

Em uma tentativa preventiva de reduzir os impactos sócio-econômicos, o MPT fez recomendações às empresas, municípios e ao Estado de Pernambuco. A procuradora Débora Tito lamenta que o estado e os municípios não tenham atendido às suas reivindicações. “O estado se fez de morto”, resume. Em artigo publicado em março de 2014, no Jornal do Commercio, ela escreveu: “Meses depois de funcionamento do Fórum REMOS (cujo nome poético traduz sigla para Recolocação da Mão de Obra de Suape), ao invés de evoluirmos para a efetiva realocação dos obreiros em outros postos de trabalho, incrementando a empregabilidade dos mesmos, estamos às voltas com atrasos e não pagamentos generalizados de comezinhos direitos básicos, numa evidente involução”. 

Alguns das recomendações do MPT às empresas envolvidas nas desmobilizações.  (MPT/Cortesia).

Recomendações do MPT 

Aos municípios de Recife, Escada, Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes, Sirinhaém e Ribeirão: 

-Criar, preferencialmente em parceria com Sintepav-PE e o Sinicon, com foco principal na recolocação de trabalhadores desmobilizados ou dispensados das obras de Suape.

Ao Estado de Pernambuco:

1) Manter e ampliar o funcionamento das agências de trabalho no municípios da região de Suape;

2) Criar políticas públicas que garantam a continuação do crescimento do estado, devendo apresentar ao MPT, mensalmente, listas das obras a serem iniciadas ou em andamento e a previsão do número de trabalhadores demandado para executá-las;

3) Apresentar, em conjunto com a Petrobrás, projeto de desmobilização no entorno de Suape, com alternativas viáveis de manutenção da empregabilidade dos cidadãos envolvidos;

Às empresas: 

1) Fazer todo o necessário para manter os contratos de trabalho existentes. Caso não fosse possível, encaminhar os trabalhadores dispensados a novos postos de labor, ao sindicato da categoria ou aos Centros Municipais de emprego;

2) Garantir a manutenção do alojamento, alimentação e demais condições de saúde e segurança aos trabalhadores migrantes até seu desligamento e concessão de passagens para seu retorno;

3) Pagar verbas rescisórias;

4) Monitorar o desligamento de trabalhadores e pagamento das verbas rescisórias pelas empresas terceirizadas.

“Similar a Belo Monte”, diz relator da DHESCA sobre Suape

Segundo relator da DHESCA, 116 Boletins de Ocorrência acusam abuso de autoridade de funcionários de Suape. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

Preocupada com as violações aos direitos humanos em Suape, a plataforma Brasil DHESCA visitou os municípios que circundam o Complexo. Um dos relatores da missão, Guilherme Zagallo destaca a falta de diálogo com as comunidades nativas durante as obras. “O momento dos estudos de impacto ambiental foi muito pobre no sentido de oitiva da comunidade. Dois mais de setenta empreendimentos instalados em Suape, apenas um teve audiência pública, o que mostra a baixa participação da comunidade”, comenta. 

Zagallo também chama atenção para a existência de 116 Boletins de Ocorrência acusando abuso de autoridade dos funcionários de Suape nas cidades do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. “O volume de denúncias fez com que o Ministério Público abrisse inquérito para investigar a questão, mas ele logo foi arquivado”, afirma o relator. Em audiência celebrada com a polícia e o MPPE, em maio deste ano, a DHESCA ouviu ainda que a Secretaria de Segurança de Pernambuco designou um delegado para dar um tratamento uniformizado à questão. “Esse conjunto de denúncias tramitava separadamente, em diversas delegacias“, explica Zagallo.  

A DHESCA já investiu em uma missão nos mesmos moldes em Belo Monte, com a qual, para Zagallo, o mega empreendimento pernambucano cultiva várias similaridades. “As populações tradicionais são invisibilizadas e o discurso oficial é o de levar desenvolvimento desconhecendo-lhes. A construção mobiliza contingentes muito elevados de mão de obra, mas fica pouca gente na operação, o que aumenta a violência e causa uma série de desarranjos no tecido social", compara Zagallo.

Sucesso na TV Globo, na faixa das 23h, a novela "Verdades Secretas" deixou muitos telespectadores com saudades. A história envolvendo a jovem Arlete, que mais tarde viraria a modelo Angel, está caminhando para receber uma continuação. O autor Walcyr Carrasco comentou sobre a volta do folhetim.

"Estamos pensando em Verdades Secretas 2. Deixei plantado ganchos para continuar. Ainda preciso pensar um pouco mais, mas o sucesso internacional está violento", disse, referindo-se sobre a repercussão da trama em entrevista à revista Quem. 

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Protagonizada por Rodrigo Lombardi e Camila Queiroz, em 2015, a novela foi vendida para mais de 40 países, sendo recorde de audiência no México e Uruguai. "A questão maior não é a história, mas os atores que estão comprometidos com muitos projetos. Então não é uma coisa para amanhã", completou.

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Encenando uma peça que se passa na I Guerra Mundial, o grupo O Teatro Máquina, do Ceará, chega à cidade de Belém para apresentar, nos dias 3 e 4 de agosto, o espetáculo “Diga que você está de acordo! MÁQUINAFATZER”, no Teatro Universitário Claudio Barradas. O projeto, que está em circulação pelos Estados do Norte, já passou pelo Acre e Amazonas, e propõe diversas ações dentro da cidade durante os dias de apresentação.

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Contando a história de quatro soldados alemães desertores, toda a narrativa se passa dentro de uma casa, onde todos estão confinados. Dentro do espetáculo não nenhuma comunicação com falas. Os atores usam outros meios de comunicação, principalmente o corpo. O ator e geógrafo Marcio Medeiros, ator do grupo há 15 anos, explica que, como a dramaturgia fala sobre violência, os atores não conseguiam se expressar com falas. “Uma coisa importante é que o espetáculo não tem fala. Como fala sobre guerra e destruição do ser humano, então é muito violento. Quando a gente estava pesquisando sobre essa violência, o espetáculo se quebrava, a luz e a trilha sonora são vários recortes, e a gente não conseguia colocar uma voz no nosso corpo. A partir disso, a peça tem uns balbucios, um outro tipo de comunicação”, explicou Marcio.

Durante a sua passagem por Belém, o grupo de teatro propõe diversas rodas de conversas e debates sobre o fazer teatral dentro da cidade, trocando experiência com grupos de teatro, estudantes e profissionais. Marcio conta que, mesmo sendo formado em Geografia, se impressionou com o tamanho dos Estados e cidades do Norte. “Eu sou formado em Geografia e eu não fazia ideia do quão grande era a região Norte, e é uma vontade do grupo em saber como os outros teatros de grupo sobrevivem e se mantêm em suas cidades. Então quando a gente chega em um novo lugar a gente sempre propõe ações”, contou.

A proposta de circulação pela região Norte é uma iniciativa contemplada pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura, que atende quatro capitais nortistas: Belém (PA), Manaus (AM), Palmas (TO) e Rio Branco (AC), onde o espetáculo ainda é inédito. Em cada cidade ocorrem sempre três apresentações, totalmente gratuitas.

Serviço

Espetáculo “Diga que você está de acordo! MÁQUINAFATZER”, do Grupo de Teatro Máquina (CE).

Onde: Teatro Universitário Cláudio Barradas.

Quando: 3 de agosto, às 20h; e 4 de agosto, às 18h e 20h.

Entrada gratuita.

Classificação: 18 anos.

Em um beco da única favela sem tiroteios do Rio de Janeiro, um policial e um traficante conversam e riem juntos. Mas quando o diretor grita "Ação!", tudo muda. E a cena começa a ser mais verossímil.

Estamos nas filmagens do longa que pretende retratar um dos principais dramas da cidade: o fracasso da pacificação das favelas. A tranquilidade que reina nesta tarde na Tavares Bastos parece realmente ficção.

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Com a sede do temido Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar no alto da comunidade, ali não se ouvem tiros e não se veem traficantes passando com fuzis nem confrontos com a polícia. Também não há crianças mortas por balas perdidas.

"Só tínhamos esta comunidade para gravar sem tem que ter algum tipo de acordo com traficantes ou milícias. Se não fosse a Tavares, teríamos que filmar tudo em estúdio", disse Caio Cobra, o diretor do filme.

As câmaras, as luzes e o exército de assistentes de produção nem mesmo chateiam os vizinhos dessa humilde favela, que frequentemente se torna cenário de filmes e séries.

"Quando eles querem falar de violência, eles não falam de Brasília, não falam das grandes quadrilhas, dos grandes bandidos que acabaram gerando isso aqui, só falam do produto final, que somos nós", queixa-se Cesar Machado, um morador de 66 anos, enquanto observa a filmagem ao sair da padaria.

- Um debate delicado -

Escrito pelo mesmo roteirista de "Tropa de Elite", o ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel, este filme expõe, pelo olhar dos policiais, o desmoronamento das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), lançadas em 2008, em meio a uma grande expectativa popular com a perspectiva da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

A protagonista é uma jovem policial que acredita profundamente nesse projeto como uma saída para a violência, mas que verá seu sonho desparecer em um Rio imerso em uma crise econômica e em escândalos de corrupção.

"É um filme que fala sobre o momento do Rio de Janeiro atual, um momento depois de toda aquela expectativa da Copa do Mundo, dos Jogos Olímpicos. Todos os dias nos jornais do Rio de Janeiro tem notícias de moradores baleados, de policiais mortos. Eu achava muito urgente, muito necessário que o cinema brasileiro fizesse esse filme contando o drama dessas pessoas", conta Pimentel.

Para compreender a complexidade dos personagens principais, cinco policiais assessoraram a equipe e alguns até ganharam um pequeno papel.

"O policial também é vítima da violência e sua versão quase sempre foi desdenhada, ocultada pelo cinema brasileiro", diz o ex-capitão à AFP.

O tema é complexo em um estado com dados aterradores de homicídios (cerca de 6.500 em 2017), e com uma polícia que não tem meios adequados para combater o crime organizado e sofre com constantes atrasos salariais.

Os agentes do Rio são os que mais morrem no Brasil, mas são também os que mais matam. Em 2017 mais de 130 policiais foram assassinados e nesse ano esse número já passa dos 60. Por outro lado, 1.150 pessoas foram mortas em ações policiais no ano passado, segundo dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro.

A equipe insiste que este será um filme "equilibrado".

"O filme não toma nenhuma frente, não tem uma bandeira, não é panfletário. Ele não defende um lado ou o outro. Ele expõe uma ferida que está aberta e deixa ao espectador entender de que lado ele está", disse o ator Marcos Palmeira, que vive o chefe da UPP, na entrevista coletiva de apresentação do filme.

"O que mais desejo é que esse filme gere discussão, que não gere polarização, que não gere mais ódio, mas que gere reflexão", disse Bianca Comparato, a protagonista.

- Marielle, presente -

Como contraponto à trama policial, será importante o papel da irmã da protagonista, uma fervorosa defensora de direitos humanos negra, muito crítica à violência policial.

"Quando li o roteiro, pensei é a Marielle, é uma voz da Marielle", disse emocionada a atriz Dandara Mariana, referindo-se à vereadora Marielle Franco, nascida na favela da Maré e assassinada a tiros em março, em um caso que comoveu o Brasil e o mundo.

A atriz contou que, para construir o personagem, conversou com pessoas próximas a Marielle, e que, inspirada nela, fez algumas modificações no texto.

O filme foi apresentado à imprensa com o título de "Intervenção", depois da decretação, em fevereiro, da polêmica intervenção federal na área de segurança, enquanto setores da ultra-direita pedem uma "intervenção militar" que ponha ordem no Brasil.

No entanto, ficou claro na apresentação que esse título não conta com a aceitação unânime do elenco e por isso os produtores se comprometeram a buscar um novo nome antes da estreia, prevista para o dia 15 de novembro.

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O maior canal de YouTube do Brasil – responsável por clipes de funk como 'Envolvimento', de MC Loma e 'Olha a Explosão', de MC Kevinho – acaba de se juntar a Netflix para produzir, em parceria com a Losbragas, produtora da atriz Alice Braga, uma série dramática com previsão de lançamento para 2019. Intitulado ‘Sintonia’, o projeto abordará temas relacionados a juventude, questões sociais e ambições humanas. A direção ficará por conta do próprio Kondzilla, responsável por criar a série em parceria com Guilherme Quintela e Felipe Braga.

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A história será narrada a partir do ponto de vista de três personagens: Doni, Nando e Rita, que cresceram juntos na mesma favela, com a mesma paixão pelo funk, e suas relações com o mundo das drogas e religião que os rodeia. Apesar dos pontos em comum, cada protagonista irá aplicar de maneira muito diferente as suas experiências de vida em seus caminhos futuros.

“É o projeto mais antigo da minha vida, eu sempre sonhei em criar e dirigir uma ficção. Espero que seja mais uma das minhas realizações a inspirar mais molecada de favela a persistir com seus sonhos também, nada é impossível. Favela venceu!”, comemorou Kondzilla.

"Sintonia é um projeto extremamente relevante, pois é focado em criar uma plataforma original para talentos das favelas do Brasil - como o KondZilla - poderem contar suas próprias histórias, de seus próprios pontos de vista. Uma voz emergente que encontrou seu lugar fora da mídia tradicional", comenta a atriz Alice Braga, que ficará como uma das produtoras da série.

Além do projeto, outras produções nacionais estão previstas para serem lançadas pela Netflix nos próximos meses, como a segunda temporada da série 3% e o lançamento de 'O Mecanismo', inspirada na operação Lava Jato.

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