Glória e decadência do "Príncipe Maldito"

Rodrigo Santoro encarna nos cinemas o explosivo Heleno de Freitas, ídolo do Botafogo

qui, 22/03/2012 - 15:29
Divulgação Além de protagonizar, Rodrigo Santoro assumiu a produção do longa, orçado em R$ 8,5 milhões Divulgação

Considerado o primeiro "craque problema" do futebol brasileiro, Heleno de Freitas foi do céu ao inferno em questão de tempo. Poucos foram os vestígios documentais que o jogador deixou para a posteridade, mas o fato é que o atleta foi ídolo incontestável do Botafogo durante os anos 1940, período pré-Garrincha.

Foram 209 gols em 235 partidas pelo alvinegro carioca, marca que lhe garante até hoje o posto de maior artilheiro do clube. Apesar disso, Heleno nunca conseguiu dar um título ao clube do coração, fato que conseguiu, ironicamente, ao vestir a camisa do Vasco, em 1949, após breve passagem pelo Boca Juniors, da Argentina.

Boa pinta, mulherengo, egocêntrico, boêmio e frequentador da alta sociedade carioca, Heleno era também dono de um temperamento explosivo, que rendeu diversas confusões ao longo de sua carreira e que acabou se tornando o seu calvário - teimava em tratar a sífilis, doença que provavelmente adquiriu em suas passagens pelos bordeis da vida.

Já em decadência por conta do seu estilo desregrado (era viciado em éter e lança-perfume), e pelos sintomas da doença sexual cada vez mais agravantes, não chegou a realizar o grande sonho de sua vida: jogar dentro do recém-inaugurado Maracanã, na Copa do Mundo de 1950. Só três anos depois, pelo América, jogou sua única partida no estádio, onde logo foi expulso. Enlouquecido pela doença, morreu aos 39 anos, no sanatório de Barbacena (interior de Minas Gerais), em 1959.



Interpretação - Vascaíno roxo, porém simpatizante do Botafogo, Rodrigo Santoro topou o desafio de levar para às telas do cinema a figura explosiva do jogador no filme Heleno - O Príncipe Maldito, que estreia nos cinemas no dia 30 de março. Dirigido por José Henrique Fonseca, o longa de 106 minutos foi feito todo em preto e branco, um antigo desejo de criança no que o diretor classificou como "fetiche de todo cineasta".

Dez anos depois de interpretar o personagem Neto em Bicho de Sete Cabeças (direção de Laís Bodanzky), Santoro se vê novamente dentro de um manicômio. É visível a entrega do ator, que perdeu 12 quilos para interpretar Heleno na fase terminal da doença, adquirindo aparência esquelética.

Durante cinco anos, colheu depoimentos, histórias e recortes de jornais para compor a personagem. Para as cenas de futebol, o ator fez aulas de fundamentos com o ex-jogador Claudio Adão, que tinha similaridades com Heleno no estilo de jogar, principalmente no jeito elegante de matar a bola no peito.

Com fotografia assinada por Valter Carvalho, "Heleno" prima por focar na vida pessoal do atleta, destacando seu envolvimento com as mulheres, as brigas com treinadores e companheiros de equipe, a doença, as bebidas e as drogas. Assumindo pela primeira vez a produção de um longa, Rodrigo Santoro também se envolveu na escolha da equipe e na captação de recursos. Orçado em R$ 8,5 milhões, a realização do filme só foi possível devido à doação de R$ 4 milhões feita pelo empresário Eike Batista. O filme também conta com a participação de Alinne Moraes (fazendo o papel de Sílvia, esposa de Heleno), Angie Cepeda, Erom Cordeiro, Othon Bastos e Herson Capri, completando o elenco.

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