Os 80 anos de Fernando Botero
No início da carreira, artista vendia suas telas por cerca de 20 dólares
Traços firmes e formas arredondadas, beleza em telas e esculturas. São corpos redondos e formosos que dão vida aos "gordinhos" mais famosos do mundo. Admirar essas obras é como encarar um daqueles espelhos que distorcem as silhuetas nos velhos parques de diversão. Estamos falando da obra do artista colombiano Fernando Botero, que completa 80 anos neste dia 19.
Botero ganhou fama e fortuna no mundo inteiro captando as excentricidades da vida, retratando os seus compatriotas de todas as classes como figuras corpulentas e cômicas, em telas e esculturas. O grande público acha graça, os críticos de arte, por sua vez, enxergam aberrações - o que não prejudica em nada o valor dessas obras. No início da carreira, o artista vendia suas telas por cerca de 20 dólares. Hoje em dia ter uma dessas "gordinhas" em casa é nada mais, nada menos que um milhão e meio milhão de dólares.
Apesar de já ter saído da Colômbia há várias décadas, a terra natal é a verdadeira paixão do artista e sua maior tristeza é não poder voltar ao seu país de origem por medo. A partida definitiva aconteceu quando oito sequestradores armados invadiram a casa de campo dele. A morte de um dos filhos de quatro anos em um acidente de carro e a prisão de outro por envolvimento com o narcotráfico são também tristes memórias na vida de Botero. Mesmo sem poder voltar, ele faz questão de denunciar a violência em sua arte.
Retratando personagens divertidos e volumosos, a obra de Botero pode ser vista em alguns dos maiores museus do mundo, como o Museu Nacional da Colômbia e no Museu Botero, ambos em Bogotá. E a lição que ele nos passa é de que a arte pode ser muito mais importante do que os dramas pessoais da vida de cada um.