Jorge Amado: dos livros à televião

Obras de um dos maiores autores brasileiros se imortalizaram na telinha

por Maira Baracho qui, 09/08/2012 - 15:11
Alex Carvalho/TV Globo Gabriela, Cravo e Canela foi escrita em 1958 e em 2012 chega à sua terceira releitura na televisão Alex Carvalho/TV Globo

Comemorado em 10 de agosto, o centenário de Jorge Amado inspira milhares de homenagens, tamanha é a riqueza de sua obra, responsável pela construção da identidade do povo brasileiro. Ao mesmo tempo em que se debruçava sobre a cultura popular, a riqueza descritiva de Jorge Amado o aproximava dos mestres acadêmicos, tendo integrado a Academia Brasileira de Letras nos anos 1960. O Portal  LeiaJá preparou, até a próxima sexta-feira (10), uma série de matérias sobre os desdobramentos da obra do autor para outras mídias. Na última quarta-feira (8), você conheceu as obras de Jorge Amado que ganharam versão no cinema.

Nesta quinta-feira (9), você confere as obras deste mestre, que inspiraram releituras para a televisão. As adaptações das obras de Amado renderam rostos, pele e cor aos personagens e  colaboram para a afirmação do baiano como um dos maiores nomes da literatura brasileira de todos os tempos. O dinamismo da TV ajuda a imortalizar o brilhantismo deste autor e cria novas referências para o seu trabalho.

A primeira obra de Jorge Amado a ganhar uma versão na TV chega, em 2012, à sua terceira edição na telinha. Gabriela, Cravo e Canela foi escrita pelo baiano em 1958 e já em 1961 ganhava novas formas, na extinta Rede Tupi, adaptada por Antônio Bulhões de Carvalho e dirigida por Maurício Sherman. Mais tarde, em 1975, foi a vez da Rede Globo interpretar o romance, consagrando a obra como uma das mais importantes da teledramaturgia brasileira. As cenas de Sônia Braga como Gabriela marcaram época: a moça desprendida, subindo no telhado para buscar uma pipa, faz parte da memória coletiva dos brasileiros. O apelo de Gabriela é tanto que a própria Globo exibe atualmente um remake da trama, onde a personagem principal é interpretada por Juliana Paes. Apesar dos anos passados entre a obra original e suas adaptações, o enredo ainda é provocante e consegue questionar padrões como sexualidade, submissão e moral.

Depois de Gabriela foi a vez de Terras do Sem Fim (1943) ganhar sua versão na telinha. Em 1981 a Globo exibiu uma interpretação da história, adaptada por Walter George Durst e dirigida por Herval Rossano. E quem não lembra de Tieta do Agreste (1977)? A novela Tieta foi ao ar, também pela Rede Globo, em 1989, dirigida pelo trio: Paulo Ubiratan, Reynaldo Boury e Luiz Fernando Carvalho. A personagem principal, interpretada por Beth Faria, carregava consigo a liberdade sexual - característica presente em muitas produções de Amado. A trama assume a marca de maior audiência das releituras do autor para a TV e até hoje, mais de 20 anos depois, garante sua presença na memória popular.

Outra campeã de audiência foi a releitura de Tocaia Grande (1984), que em 1995 ganhou uma versão na Rede Manchete, adaptada por Duca Rachid, Mário Teixeira, Marcos Lazzarine e Walter George Durst. A obra foi dirigida por Régis Cardoso e Walter Avancini. Já em 2001 a Globo se inspirou nos romances Mar Morto (1936) e A Descoberta da América Pelos Turcos (1994), para produzir Porto dos Milagres. A novela, dirigida por Aguinaldo Silva, questionava valores e escrúpulos.



Minisséries

Além das novelas, as obras de Jorge Amado também ganharam minisséries, versões menores e mais densas das histórias. Tenda dos Milagres (1969) foi a primeira, exibida em 1985, pela Globo, contou com adaptação de Aguinaldo Silva e Regina Braga e direção de Paulo Afonso Grisolli, Maurício Farias e Ignácio Coqueiro. O enredo contava a história do ogã Pedro Arcanjo (Nelson Xavier), que lutava em prol da resistência da cultura negra na Bahia. Depois foi a vez de Capitães de Areia (1937), que teve versão na Rede Bandeirantes, em 1989, dirigida por Walter Lima Júnior.



Em 1992 a Rede Globo exibia Tereza Batista, baseada em Tereza Batista Cansada de Guerra (1972), adaptada por Vicente Sesso e dirigida por Afonso Grisolli. Tereza (Patrícia França) era uma mulher que, ainda muito jovem, foi vendida por sua tia e teve que lutar para ser, finalmente, feliz. Mais tarde um dos maiores títulos de Amado, Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966), também teve seu espaço na TV. Em 1997 a Rede Globo exibiu a minissérie, com adaptação assinada por Dias Gomes e direção de Mauro Mendonça Filho. Dona Flor (Giulia Gam), após ficar de viúva de Vadinho (Edson Celulari), casa com Teodoro (Marco Nanini). Inconformado, Vadinho volta a aparecer, nu, para a viúva, que fica dividia entre os dois amores. 

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