Casamento Grego 2 copia erros e acertos de antecessor

Continuação aposta na simpatia dos membros da família Portokalos para disfarçar roteiro preguiçoso

por Rodrigo Rigaud qua, 30/03/2016 - 10:04
Reprodução A família completa de novo. Reprodução

Em 2002 uma despretensiosa comédia romântica alcançou grande sucesso de público. “Casamento Grego” apresentou os excêntricos Portokalos ao mundo, narrando a história de Toula (Nia Vardalos) e dos preparativos para seu casamento com Ian (John Corbett). O roteiro do filme, também escrito por Vardalos, explora com humor os costumes e tradições da família grega se apegando aos bons momentos do elenco que, mesmo funcionando sob visões estereotipadas, supre a carência narrativa da obra. No fim, “Casamento Grego” é um título familiar simpático, porém não muito relevante. Útil e marcante nas “Sessões das Tardes” da vida.

A continuação que estreia nesta quinta (31) consegue copiar, quase transcrever, os erros e acertos de seu antecessor. No novo longa, Toula e Ian continuam juntos e apaixonados, mas precisam lidar com o desgaste da relação e a possibilidade da filha Paris (Elena Kampouris) decidir fazer universidade longe de casa e de sua afetuosa família grega. Enquanto isso, Gus (Michael Constantine), patriarca dos Portokalos, descobre que sua certidão de casamento não foi assinada e que, portanto, seu casamento de 50 anos com Maria (Lania Kazan) nunca foi legalmente oficializado. Resultado? O “greek team” torna a se unir na organização de um novo enlace matrimonial.


Contando com quase todo o elenco principal do primeiro filme, a película em questão aposta numa estrutura  convencional para inserir seus personagens de antemão reconhecidos e para que estes em conjunto se sobressaiam novamente à história contada. Toula e Ian alternam o protagonismo da obra com Gus e Maria e com a estreante Paris e seu affair Bennet (Alex Wolff). Os três casais, inclusive, dividem espaço em tela num dos momentos mais interessantes da obra: uma montagem paralela ao som de “All of me” de John Legend. A cena diz muito sobre o longa: a ode ao casamento, a busca pela manutenção dos ritos familiares, a fotografia extremamente clara, por vezes dotada de um excesso plástico que a torna supérflua, e a manipulação dramática através de música - que implora lágrimas - acompanham o espectador durante toda a projeção.

Nia Vardalos, mais presente no universo das séries do que nos cinemas, volta ao posto de roteirista e entrega ao diretor Kirk Jones um emaranhado de clichês: a garota formanda à espera do baile de formatura e da nova vida na faculdade; os pais que não querem vê-la longe; os irmãos que possuem ranços do passado e não se encontram há anos; as vizinhas - americanas não identificadas e de personalidade duvidosa - com função de pseudo-antagonistas (simples escadas para que os personagens principais vivenciem seus conflitos); homens machistas que, no fim das contas, entram em parafuso quando veem suas mulheres “abandonando o altar”.

Resta ao diretor deixar que o desempenho de figuras como a Tia Voula (Andrea Martin) e seu sotaque acentuado, a experiência de Michael Constantine, a simpatia dos casais protagonistas e as inusitadas participações da Mana-Yiayia (Besse Meisner), roubem a cena. Se os diálogos às vezes soam tão artificiais quanto a fotografia, transformando a projeção numa espécie de sitcom inverossímil, a câmera de Jones passeia de forma inteligente pelos sets e o diretor entrega boas piadas visuais.

Porém, de todo limitado e cedendo várias deixas forçadas/forjadas para uma nova continuação, no fim, “Casamento Grego 2” é um título familiar simpático, porém não muito relevante. Talvez torne-se útil e marcante nas “Sessões da Tarde” da vida.



NOTA: 2,5 / 5

Confira o Trailer:

 

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