Casamento Grego 2 copia erros e acertos de antecessor
Continuação aposta na simpatia dos membros da família Portokalos para disfarçar roteiro preguiçoso
Em 2002 uma despretensiosa comédia romântica alcançou grande sucesso de público. “Casamento Grego” apresentou os excêntricos Portokalos ao mundo, narrando a história de Toula (Nia Vardalos) e dos preparativos para seu casamento com Ian (John Corbett). O roteiro do filme, também escrito por Vardalos, explora com humor os costumes e tradições da família grega se apegando aos bons momentos do elenco que, mesmo funcionando sob visões estereotipadas, supre a carência narrativa da obra. No fim, “Casamento Grego” é um título familiar simpático, porém não muito relevante. Útil e marcante nas “Sessões das Tardes” da vida.
A continuação que estreia nesta quinta (31) consegue copiar, quase transcrever, os erros e acertos de seu antecessor. No novo longa, Toula e Ian continuam juntos e apaixonados, mas precisam lidar com o desgaste da relação e a possibilidade da filha Paris (Elena Kampouris) decidir fazer universidade longe de casa e de sua afetuosa família grega. Enquanto isso, Gus (Michael Constantine), patriarca dos Portokalos, descobre que sua certidão de casamento não foi assinada e que, portanto, seu casamento de 50 anos com Maria (Lania Kazan) nunca foi legalmente oficializado. Resultado? O “greek team” torna a se unir na organização de um novo enlace matrimonial.
Contando com quase todo o elenco principal do primeiro filme, a película em questão aposta numa estrutura convencional para inserir seus personagens de antemão reconhecidos e para que estes em conjunto se sobressaiam novamente à história contada. Toula e Ian alternam o protagonismo da obra com Gus e Maria e com a estreante Paris e seu affair Bennet (Alex Wolff). Os três casais, inclusive, dividem espaço em tela num dos momentos mais interessantes da obra: uma montagem paralela ao som de “All of me” de John Legend. A cena diz muito sobre o longa: a ode ao casamento, a busca pela manutenção dos ritos familiares, a fotografia extremamente clara, por vezes dotada de um excesso plástico que a torna supérflua, e a manipulação dramática através de música - que implora lágrimas - acompanham o espectador durante toda a projeção.
Nia Vardalos, mais presente no universo das séries do que nos cinemas, volta ao posto de roteirista e entrega ao diretor Kirk Jones um emaranhado de clichês: a garota formanda à espera do baile de formatura e da nova vida na faculdade; os pais que não querem vê-la longe; os irmãos que possuem ranços do passado e não se encontram há anos; as vizinhas - americanas não identificadas e de personalidade duvidosa - com função de pseudo-antagonistas (simples escadas para que os personagens principais vivenciem seus conflitos); homens machistas que, no fim das contas, entram em parafuso quando veem suas mulheres “abandonando o altar”.
Resta ao diretor deixar que o desempenho de figuras como a Tia Voula (Andrea Martin) e seu sotaque acentuado, a experiência de Michael Constantine, a simpatia dos casais protagonistas e as inusitadas participações da Mana-Yiayia (Besse Meisner), roubem a cena. Se os diálogos às vezes soam tão artificiais quanto a fotografia, transformando a projeção numa espécie de sitcom inverossímil, a câmera de Jones passeia de forma inteligente pelos sets e o diretor entrega boas piadas visuais.
Porém, de todo limitado e cedendo várias deixas forçadas/forjadas para uma nova continuação, no fim, “Casamento Grego 2” é um título familiar simpático, porém não muito relevante. Talvez torne-se útil e marcante nas “Sessões da Tarde” da vida.
NOTA: 2,5 / 5
Confira o Trailer: