'Café Society': uma comédia nostálgica de Woody Allen

Estrelas do cinema, criminosos, jogadores, mulheres ambiciosas e milionárias aparecem nesta verdadeira viagem no tempo que permite a Woody Allen transformar Kristen Stewart em uma de suas heroínas

qua, 11/05/2016 - 11:00
ALBERTO PIZZOLI                     Elenco do filme posa para uma sessão de fotos em Cannes ALBERTO PIZZOLI

Em "Café Society", filme de abertura do Festival de Cannes, que terá distribuição da Amazon em julho, o diretor Woody Allen leva os protagonistas Kristen Stewart e Jesse Eisenberg a um elegante e nostálgico romance na Hollywood e Nova York dos anos 1930. Estrelas do cinema, criminosos, jogadores, mulheres ambiciosas e milionárias aparecem nesta verdadeira viagem no tempo que permite a Woody Allen transformar Kristen Stewart em uma de suas heroínas. A atriz americana é uma das musas de Cannes em 2016, pois também está presente em um dos filmes que disputa a Palma de Ouro, "Personal Shopper", do francês Olivier Assayas.

A tragicomédia também marca o reencontro de Allen, vencedor de quatro Oscar, com Jesse Eisenberg, que já havia trabalhado com o diretor em "Para Roma com Amor", de 2012. O ator americano interpreta um alter ego do cineasta, Bobby Dorfman, um jovem ingênuo que cansa de Nova York, onde trabalha na joalheria dos pais.

Bobby sonha com o glamour e a boa vida. Então decide viajar até Hollywood, onde seu tio Phil (Steve Carell), poderoso agente de estrelas, o contrata como garoto de recados. Na cidade nova, ele se apaixona por Vonnie (Kristen Stewart), ambiciosa ajudante do tio. Rejeitado, ele retorna a Nova York, onde observa a efervescência dos locais da moda frequentados pela chamada "Café Society", um movimento de artistas, famosos e grandes mecenas, mas sem esquecer a amada. Woody Allen não aparece no filme, mas é o narrador da história que se passa nos dois lados dos Estados Unidos. "A partir do momento em que escrevi a história era como se estivesse lendo meu próprio romance", afirmou Allen em uma entrevista divulgada à imprensa em Cannes.

Ele explicou que imaginou o filme "como um romance" e um "relato coral que não se prende a apenas um personagem". "A história de amor de Bobby é o fio condutor do filme, mas os outros personagens dão o tom do relato". Ao retornar aos filmes de época, ambientado entre as duas guerras mundiais - que já renderam obras como de "A Rosa Púrpura do Cairo" a "Da Magia ao Luar" -, o cineasta de 80 anos volta a um período que sempre provocou fascínio.

Com o retrato de uma época e sua homenagem a Hollywood e Nova York - em grande parte idealizadas - o filme também conta uma história de amor repleta de nostalgia. Os personagens se questionam sobre suas decisões e sonham com a vida que teriam no caso de ideias diferentes. "Dá vertigem, porque é como acontece na vida: você sempre pergunta se tomou as decisões corretas", disse Kristen Stewart.

Woody Allen abre pela terceira vez o Festival de Cannes, depois de "Dirigindo no Escuro" em 2002 e "Meia-Noite em Paris" em 2011. O americano já esteve 14 vezes na mostra oficial de Cannes, mas sempre fora de competição, de "Manhattan" em 1979 até o ano passado com "O Homem Irracional".

COMENTÁRIOS dos leitores