Filme revela trabalho do catador de caranguejo

"Um João do Mangue" conta história de trabalhador e mostra a importância da preservação dos manguezais do Pará

por Mirelly Pires ter, 21/06/2016 - 16:30
Julyanne Forte/LeiaJáImagens João Lima fala sobre o cotidiano dos catadores de caranguejo no lançamento de documentário, na Unama Julyanne Forte/LeiaJáImagens

"Um João do Mangue" foi lançado na noite de quinta-feira (16), no auditório David Mufarrej, da Universidade da Amazônia (Unama), no campus Alcindo Cacela. O filme de Breno Machado e Vergara Filho mostra um pouco da dura jornada do caranguejeiro João Lima, morador de São João da Ponta, onde vive com a família e cata caranguejo para vender às feiras.

A ideia surgiu em 2012, quando Breno cursava Gestão Ambiental na Unama e, em uma atividade com o professor Igor Charles, visitou São João da Ponta pela primeira vez, ainda na graduação. O rapaz se apaixonou pelo mangue e pelas histórias que ouviu, especialmente a de “seu” João. A ideia era retratar o dia a dia do pescador, dentro do mangue, com os pés na lama. “O filme retrata questões ambientais e problemas sociais. Você vê direitos dos trabalhadores, problemas de saúde, várias questões que trazem na fala do João Lima. A gente percebe esses problemas e trazemos para discussão. Então a ideia é dar mais visibilidade para essa classe que, como muitos outros trabalhadores, fica meio invisível na sociedade e mostrar a importância dessa cadeia produtiva”, explica o professor Igor Charles.

Segundo Breno, foi uma honra poder homenagear João. “Nós estamos dando visibilidade para um trabalho muito árduo, bastante cansativo e que não tinha uma certa divulgação”, diz. Segundo Breno, muitas pessoas acreditavam que o trabalho do caranguejeiro é leve e que não requer muitas habilidades, mas o filme mostra exatamente o contrário. “O seu João é apenas um dos vários catadores, dos vários ‘Joãos’ que existem no litoral brasileiro, nos manguezais, e é também uma homenagem em vida para esse trabalhador que vem representando uma classe de milhares de ‘Joãos’ que tem por aí”, afirma.

Breno fez as imagens de toda a cadeia de produção do caranguejo de João, pelo projeto Maré Solidária da Unama, o que o incentivou que esses materiais fossem usados para a confecção de um filme. Patrizia Ainette e Pedro Leal, da TV Unama, editaram o material.  “A academia abre as portas para a comunidade, uma comunidade de pescadores e catadores de caranguejo, e isso faz com que nossos alunos, professores, técnicos de laboratórios acabem entrando em contato direto com a comunidade. É um papel da instituição ter essa responsabilidade social e ambiental. O vídeo nada mais é do que um reflexo desse papel que a universidade devolve à comunidade”, explica o coordenador de Comunicação Social da Unama, Mario Camarão. Segundo ele, o filme "Um João do Mangue" é um reflexo direto da preocupação da Unama com questões de responsabilidade social.

Impacto - “Eu não esperava tudo isso. Sempre diziam que tinham uma surpresa para mim, mas eu não sabia qual era a surpresa. Quando eu vi ele apresentar nosso vídeo, eu fiquei emocionado. O vídeo vai percorrer o mundo todo. Até ontem tinha gente de Fortaleza, Rio de Janeiro me ligando e agradecendo pelo vídeo”, fala João de Lima, a estrela da noite. Ele e a família estavam muito emocionados. Para ele, é muito importante preservar a natureza e, consequentemente, os mangues e os caranguejos.

Um representante da secretaria de pesca, Patrick Heleno, faz cursos e palestras junto com João em outros interiores do Pará, ensinando os pescadores e caranguejeiros. Hoje em dia, o transporte do caranguejo é feito em basquetas, como é mostrado no filme. A partir da iniciativa da secretaria com pescadores como João, no Brasil inteiro agora é assim.

A família de João se emocionou ao ver a homenagem feita ao pai de família, e disse que se orgulhava do pai. “Se eu sofresse do coração, acho que já teria morrido”, disse João Lima ao falar no auditório. Agora, o filme irá percorrer outros Estados e tem o objetivo de mostrar a importância desse trabalho e dar visibilidade para trabalhadores como seu João.

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