Com Roberta Patu

Ao que parece, finalmente a espera de mais de cinco décadas pela instalação e funcionamento de uma emissora pública de rádio no Recife está próxima de terminar. Sem fazer alarde, a Frei Caneca iniciou a transmissão do seu sinal, ainda em caráter experimental, na frequência 101,5 FM.

Ainda não existe uma programação, e é possível apenas ouvir uma lista automática de músicas, entremeadas com a mensagem: "Você está escutando a programação experimental da Frei Caneca FM".

A Rádio Frei Caneca é fruto de um projeto apresentado pelo vereador Liberato Costa Júnior aprovado em 1960, virando lei municipal do Recife. O objetivo era estabelecer uma emissora pública de rádio, que atendesse à necessidade de informação e acesso à cultura da população.

Mas a lei nunca saiu do papel. Por muito tempo, ficou adormecida. Há mais de uma década, artistas, produtores e diferentes agentes do setor cultural começaram a pressionar o poder municipal pelo cumnprimento da lei e a consequente instalação e funcionamento da Frei Caneca FM. Liberato, decano da Câmara Municipal do Recife, morreu no início de 2016, aos 97 anos, sem ouvir a rádio que criou.

Durante o passar do tempo, inúmeras promessas e previsões de início de atividades foram feitos pela Prefeitura do Recife, todas descumpridos. Com a imensa demora, os conceitos do criador sobre a Frei Caneca precisaram ser atualizados.

Em 2014, foram criados grupos de trabalho, reunindo 40 representantes de entidades da sociedade civil e do poder público, para que se debatesse o modelo de gestão da emissora pública. As propostas foram objeto de audiência pública em maio do mesmo ano. No entanto, em setembro de 2015, a rádio continuava muda.

Ao LeiaJá, o gerente de Música da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Patrick Torquato, responsável pela condução da instalação da rádio, se limitou a confirmar que foi iniciada nesta sexta um transmissão experimental da Frei Caneca FM. Torquato afirmou que ainda não há definida nenhuma data de inauguração oficial da rádio e de sua programação e que não poderia dar nenhuma informação adicional.

Para Ivan moraes Filho, que milita pela democratização da comunicação em várias frentes, como junto ao Centro de Cultura Luiz Freire, o início da transmissão, ainda experimental, "É um marco muito importante, mas ainda falta muito a ser feito." Ivan ressalta que toda a equipe para a produção de conteúdo da emissora precisa ser contratada e ressalta o caráter público da emissora. "O próximo passo é cobrar da prefeitura", convida.