Tas diz que humorista não deveria ter partido político

Declaração foi dada no programa Roda Viva, no qual Marcelo Adnet foi entrevistado

por Paulo Uchôa ter, 18/08/2020 - 19:48

A entrevista de Marcelo Adnet para o Roda Vida nessa segunda-feira (17), na TV Cultura, continua ganhando as redes sociais. Após dizer que se considera de esquerda, progressista, mas não comunista, o humorista acabou gerando um certo tipo de discordância para Marcelo Tas, que estava participando do programa. O jornalista disse para Adnet que em países regidos pelo comunismo o humor não se faz presente.

A partir dessa fala, Tas dividiu opiniões na internet. Nos perfis do Twitter e Instagram, ele resolveu explicar sua abordagem no bate-papo com Marcelo Adnet. Segundo Tas, humoristas não devem ter partidos políticos. "Na minha opinião, humorista não deveria nunca se declarar de esquerda ou de direita. Deveria deixar que a sua obra fale por suas crenças, sejam elas quais forem. Quando um humorista se posiciona de qualquer lado do espectro político induz um viés que contamina a sua mensagem', disse.

Marcelo Tas ainda garantiu que citou Cuba como exemplo na entrevista "por ser um lugar frequentemente citado com admiração pela esquerda brasileira", porém, destacou que muitas pessoas são privilegiadas em conferir o talento de Adnet. Por fim, ele disparou: "Temos que aprender a ir além da lacração e do cancelamento, sintomas clínicos da fragilidade do debate público no Brasil".

Veja:

Ver essa foto no Instagram

Amei participar da bancada do Roda Viva entrevistando Marcelo Adnet, ao lado de pessoas que respeito: Anna Virginia Baloussier, Hélio de La Peña, Bruna Braga, Antonio Prata sob o comando da Vera Magalhães Num programa ao vivo, com tempo limitado para as perguntas e principalmente réplicas, muitas vezes não há oportunidade das coisas ficarem totalmente claras. Especialmente quando o assunto é política. Para quem pediu ou se interessar, esclareço aqui detalhes sobre a questão do humor e dos países onde ele não pode ser exercido. Na minha opinião, humorista não deveria nunca se declarar de esquerda ou de direita. Deveria deixar que a sua obra fale por suas crenças, sejam elas quais forem. Quando um humorista se posiciona de qualquer lado do espectro político induz um viés que contamina a sua mensagem. Para exemplificar o meu ponto de vista, apontei o fato incontestável de que em alguns países comandados e admirados pela esquerda, como Cuba, não existe humor político. Isso não tem nada a ver com o bom humor e calor humano do povo cubano, evidentemente. Mas com o fato de que na ilha impera um regime onde há 60 anos não acontecem eleições, não há jornais nem partidos de oposição, nem humoristas... Usei Cuba como exemplo por ser um lugar frequentemente citado com admiração pela esquerda brasileira. Em 1985, estive em Cuba na pele do repórter Ernesto Varela e fui detido pela polícia simplesmente porque entrevistava um garotinho que imitava Michael Jackson nas ruas de Havana. Ontem, liguei o paraíso socialista” dos irmãos Castro ao fato de Adnet ter se declarado de esquerda no Roda. É claro que em ditaduras de direita acontece o mesmo. Humoristas funcionam como índices de saúde de uma democracia. Só florescem onde há liberdade. Não há em Cuba um Marcelo Adnet. Portanto, mesmo com a brutalidade bolsonarista vigente no Brasil, somos privilegiados em poder desfrutar do talento dele. Sou fã. Um última coisa: esta é apenas a MINHA opinião. Todos tem direito de contestá-la, evidentemente. Temos que aprender a ir além da lacração e do cancelamento, sintomas clínicos da fragilidade do debate público no Brasil.

Uma publicação compartilhada por Marcelo Tas (@marcelotas) em

Embed:

COMENTÁRIOS dos leitores