Forró é uma das maiores marcas da cultura brasileira

No Dia do Forró, especialista lembra que o gênero musical é resultado da fusão de outros estilos sonoros presentes no nordeste

por Rafael Sales seg, 13/12/2021 - 19:57
Flickr/Minc Brasil Flickr/Minc Brasil

Recentemente, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) declarou que o forró é um patrimônio imaterial do Brasil. Além disso, o gênero também foi listado na categoria “super” dentro da música, já que é a partir do forró que vieram outros ritmos e expressões artísticas, como o Baião, o Xote, o Xaxado, o Chamego e a Quadrilha. Vale lembrar que é justamente nesta segunda-feira (13) que se comemora o Dia Nacional do Forró, data em que nasceu a lenda Luiz Gonzaga (1912 – 1989).

De acordo com Sérgio Martins, especialista formado em comunicação social pela Cásper Líbero, o forró tem origem da palavra “forrobodó”, que significa confusão e este gênero recebe influências diretas de outras regiões fora do Brasil, já que um dos instrumentos que servem de referência para o forró é o acordeão, objeto musical que tem origem europeia e  também é conhecido popularmente como sanfona. “O forró é um gênero tipicamente brasileiro, criado a partir da fusão e da influência de outros gêneros que foram se achegando na região nordestina brasileira”, esclarece.

O especialista conta que o forró surgiu pela primeira vez em meados de 1937, mas o gênero chegou com força total em abril de 1950, justamente por uma das maiores figuras que já passou pelo Brasil, Luiz Gonzaga. “É neste momento que tem essa consagração e a confirmação do forró. Luiz Gonzaga popularizou também a vestimenta que ele observava dos cangaceiros, e por isso formou-se essa identidade nordestina”. Martins completa dizendo que muitos outros músicos, até mesmo da Bossa Nova, foram influenciados por Gonzaga.

Além disso, é possível observar o forró expande suas possibilidades para além da capacidade musical, já que Luiz Gonzaga influenciou um dos grandes músicos do forró na região de São Paulo, Pedro Sertanejo (1927 – 1997), a criar um salão de dança, para os migrantes que vinham do Nordeste para a região Sudeste. “Por muito tempo, o forró de Pedro Sertanejo se tornou um elo de comunicação entre migrantes e seus parentes. Um sujeito mandava uma carta para um familiar que estava em São Paulo, e essa carta era lida no palco”. O especialista ressalta que além da parte musical, forró sempre foi sinônimo de reunião.

Vale lembrar que o forró é tão importante quanto qualquer outro gênero musical que está na raiz da cultura brasileira, assim como o samba. O especialista cita que existe uma diferenciação temporal, justamente porque em algumas ocasiões, um gênero se torna mais visível que o outro. “Em termos de popularidade, o sucesso das bandas de forró eletrônico, como Wesley Safadão e até mesmo da Pisadinha, causa uma repercussão mais consistente”. Independente disso, Martins afirma que cada gênero representa uma parte da identidade nacional.

Diante disto, o forró também serve como agente fundamental na construção de grandes artistas, e músicos que conseguem trabalhar não apenas o forró, mas outros subgêneros deste ritmo, como Elba Ramalho, Alceu Valença, Gilberto Gil e Gal Costa. “Para todos esses artistas, o forró faz parte do DNA musical. A importância é imensa, qualquer coisa que se faça para glorificar o nome do forró é extremamente válido”, finaliza.

 

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